Na altura em que esta fotografia foi tirada, o VIH/Sida era uma doença atribuída exclusivamente à comunidade homossexual. Era, provavelmente, a patologia sexualmente transmissível mais menosprezada. Os seus portadores eram temidos e marginalizados. Com eles, ninguém queria conviver.
Estávamos nos anos 80. Nessa altura, o desconhecimento era de tal forma extenso, que era comum verem-se agentes da autoridade - diga-se polícias - a calçarem luvas, colocarem máscaras e vestirem aventais esterilizados para entrarem em contacto com portadores da doença.
Apesar das explicações médicas que davam conta da transmissão exclusiva através das relações sexuais ou contacto sanguíneo, as pessoas mantinham-se relutantes e receosas quanto à possibilidade de outras formas de transmissão.
Mudanças que são parte do legado da princesa Diana
Diana visitou doentes em hospícios - os doentes com VIH/Sida era internados em hospícios, quando eram aceites nessas unidades - de todo o mundo, com o objetivo de aumentar a consciência para a doença e a compaixão para com os infetados.
A imagem em cima - assim como muitas outras que correram capas de jornais do mundo inteiro - acabaram com a crença de que um aperto de mãos era o suficiente para poder ficar infetado com o VIH/Sida.
"O VIH não torna as pessoas perigosas. Podemos cumprimentá-las, apertar-lhe as mãos, e dar-lhes um abraço. O céu sabe que eles também precisam disso", voltou a justificar Diana, já em 1991, durante um discurso na Conferência Mundial Sobre Crianças com Sida, promovido pela organização não governamental "National Aids Trust".
A sua contribuição para mudar a opinião pública a propósito da doença foi destacada por Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos, em dezembro de 2001. "Em 1987, quando muitos ainda acreditavam que a Sida poderia ser transmitida através do toque, a princesa Diana sentou-se na cama de um homem com Sida e segurou-lhe na mão. Ela mostrou ao mundo que as pessoas com Sida não merecem isolamento, mas compaixão e bondade", comentou o então presidente.
Em 2002, durante uma conferência de imprensa em Londres, Nelson Mandela elogiou o trabalho da princesa no combate ao VIH/Sida. "Quando ela acariciava alguém com hanseníase ou quando ela se sentava ao lado da cama de um homem com Sida, ela transformava as atitudes públicas", asseverou.
Mandela encontrou-se com a princesa na Cidade do Cabo, na África do Sul, em 1997, e não escondeu o que sentiu: "Ela impressionou-me quando a conheci e é disso que eu me recordo nela".
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