Numa carta dirigida às autoridades policiais nos Estados Unidos, a Administração de Controlo de Drogas (DEA, na sigla em inglês) citou sete incidentes desde janeiro em que diversas pessoas tiveram overdose e morreram na mesma localidade depois de ingerirem involuntariamente doses de fentanil, um opioide sintético.

"Apenas nos dois últimos meses, ocorreram pelo menos sete casos confirmados de overdoses maciças nos Estados Unidos [...], que resultaram em 29 mortes", registou a DEA no documento.

"Muitas das vítimas dessas overdoses maciças pensavam que estavam a consumir cocaína e não tinham ideia de que, na realidade, estavam a ingerir fentanil".

A DEA citou um caso de 28 de janeiro no qual 10 pessoas num mesmo quarteirão da cidade de Washington sofreram uma overdose após consumirem crack feito com subproduto da cocaína misturado com fentanil. Nove de dez morreram.

A 4 de março, num abrigo para pessoas sem-teto em Austin, Texas, 21 indivíduos tiveram uma overdose e três morreram após consumirem crack que continha uma mistura de cocaína e metanfetamina, e que incluía fentanil.

Outros casos como estes ocorreram no sul da Flórida, no Colorado, em Nebraska e Missouri, revelando a magnitude do problema.

"O fentanil é altamente viciante, está em todos os 50 estados e os traficantes de droga estão a misturar cada vez mais com outros tipos de droga - em pó ou em comprimidos - num esforço para aumentar o vício e atrair compradores recorrentes", afirmou a DEA.

A agência diz que os traficantes estão a colocar fentanil nos comprimidos com prescrições falsas como OxyContin, Percocet e Vicodin, que são populares entre os dependentes.

O fentanil - que é mais barato de produzir e mortal em pequenas quantidades - e outros opioides sintéticos estiveram envolvidos em dois terços das 105.000 mortes por overdose nos Estados Unidos em 2021 (até outubro).

A agência instruiu as autoridades locais a presumir que o fentanil está presente em qualquer droga que encontrarem.