Recuamos a 1998. Num artigo científico publicado na revista "The Lancet" o médico-cirurgião e investigador Andrew Wakefield associou a vacina VASPR (a tríplice contra o sarampo, a parotidite e a rubéola) ao autismo, a partir de uma amostra de 12 crianças.
Apesar das fragilidades da investigação relacionadas com o número da amostra, o estudo teve grande repercussão na comunidade científica, mas também na população em geral, provocando um movimento antivacinação que diminuiu nos anos 2000 a taxa de vacinação em 80% no Reino Unido.
Em 2004, a imprensa britânica denunciava que Wakefield teria falsificado os dados do estudo em troca de dinheiro de advogados que queriam processar a indústria farmacêutica. Algumas das crianças teriam afinal já problemas de saúde antes da vacinação e outras não tinham sequer sintomas da doença, concluiu mais tarde um outro estudo publicado no British Medical Journal (BMJ).
Em fevereiro de 2010, e perante todas as evidências, a revista científica britânica The Lancet retirou o artigo de Andrew Wakefield e pediu desculpas pelo sucedido. Nem três meses depois, a Ordem dos Médicos do Reino Unido (o General Medical Council) expulsou Andrew Wakefield da atividade.
Do outro lado do atlântico, o ativista e médico norte-americano James Jeffrey Bradstreet relacionou as vacina em geral ao autismo, isto porque, segundo ele, o problema estava na toxicidade do mercúrio presente nas mesmas.
Durante quase 20 anos, Bradstreet alimentou o movimento anti-vacinação em todo o território norte-americano, surgindo frequentemente nas notícias e publicando sucessivos estudos e artigos científicos. Por outro lado, dizia ter uma terapia inovadora e curativa do autismo, a partir da administração de imunoglobulina intravenosa.
Em 2015, e depois do seu consultório ter sido alvo de uma investigação da FDA, o regulador norte-americano, Jeff Bradstreet apareceu morto num rio da Carolina do Norte com um tiro no peito. Apesar da polícia ter concluído que se tratava de suicídio, a família nunca aceitou o desfecho do caso.
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