O novo centro Fraunhofer Portugal, que surge no âmbito do projeto 'FhP AWAM', financiado em 2,2 milhões de euros pelo programa Norte 2020, vai contratar 15 pessoas para promover o emprego "altamente qualificado".

"O maior impacto deste projeto é a promoção do emprego altamente qualificado. No total, para ambos os polos vamos contratar cerca de 15 pessoas", revelou hoje o diretor-executivo da empresa, Pedro Almeida.

Especializado nas áreas de agricultura de precisão e gestão de água, o novo centro resulta de uma parceria, estabelecida em 2019, entre a Sociedade Fraunhofer, a Fraunhofer Portugal, a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Universidade de Évora.

Com duas localizações distintas, o novo centro vai focar-se a Norte no "vinho e vinha" e no Alentejo no "vinho, vinha e azeite".

"O novo centro visa dar resposta aos desafios atuais que a agricultura mundial enfrenta, quer relativamente às alterações climáticas, ao fenómeno da sobrepopulação e aos benefícios que as tecnologias podem trazer para a agricultura", afirmou.

Organizado em "três linhas de investigação", o objetivo é contribuir para um ambiente mais sustentável", revelou Pedro Almeida, acrescentando que o mesmo é de "investigação aplicada".

A primeira das três linhas de investigação é a utilização de tecnologias de processo para "reconverter resíduos orgânicos e produtos de fermentação em nutrientes" com o intuito de aumentar a eficiência e reduzir o desperdício da produção agrícola.

"Nesta área também se associam as tecnologias de processamento e embalagem do alimento", referiu.

O desenvolvimento de tecnologias de nanofiltração combinadas com tratamentos avançados de água para "eliminar resíduos e minimizar o consumo de água" no decorrer dos processos agroindustriais é outra das linhas de investigação, que agrega também uma componente de sensores para a deteção de substâncias que afetam a qualidade dos produtos.

Paralelamente, o novo centro vai também debruçar-se sobre o aproveitamento de estrume e fermentação com potencial energético para "gerar energia, fazer tratamento de biogás, produção de biomecanismo e armazenamento de energia".

Recorrendo a tecnologias e equipamentos já existentes, nomeadamente pelo Fraunhofer IKTS, Pedro Almeida disse esperar um "grande envolvimento de empresas" com o novo centro para que seja possível a "exploração económica destas tecnologias".

"Nós acabamos por não integrar no projeto as entidades finais, como os agricultores ou produtores de vinho, mas as entidades empresariais pontuais, sendo que a lógica é que sejam elas a disseminar a tecnologia em Portugal e não só", referiu.

E acrescentou: "a nossa perspetiva é que estas tecnologias cheguem a qualquer parte do mundo".

A missão da Fraunhofer Portugal materializa-se agora através de dois centros: o Fraunhofer Portugal Research Center for Assistive Information and Communication Solutions (AICOS), sediado no Porto desde 2009, e o novo centro de investigação para a agricultura inteligente e gestão de água.