Healthnews (HN) – Qual a oferta formativa do Centro de Simulação Cirúrgica do Algarve?
Pedro Castelo-Branco (PCB) – A cirurgia experimental é uma parte fundamental do componente formativo de um cirurgião. Trata-se de educar, com um treino adequado, os gestos cirúrgicos que serão executados, posteriormente, no homem.
Temos, neste momento, programados uma série de cursos, que vão desde a pequena cirurgia ao treino de simuladores e abordagem laparoscópica. A ideia dos treinos, por exemplo, de laparoscopia é oferecer aos cirurgiões horas de prática para depois, quando forem fazer essas atividades nas pessoas, já terem uma dinâmica diferente. Tivemos em junho o primeiro curso básico de laparoscopia, para cirurgiões de várias especialidades que estão em formação no Algarve. Este curso foi seguido, no início de outubro, por outro de maior complexidade, designado por Curso Imersivo em Laparoscopia. O curso foi ministrado em outubro foi da responsabilidade da Sociedade Portuguesa de Cirurgia, em colaboração com o nosso centro académico, e contou com a presença de cirurgiões de todo o país. Outras ações formativas que estamos a preparar no centro incluem outras especialidades; por exemplo, otorrino e oftalmologia. Para além disso, este centro experimental está também dotado de tecnologias no domínio das impressões tridimensionais (3D) e da realidade aumentada, e temos já vários projetos nessa matéria e ações previstas para o uso desse equipamento no futuro próximo.
HN – Quais são os principais objetivos do centro?
PCB – Os principais objetivos prendem-se com a investigação na área cirúrgica. Queremos, por um lado, a procura do gesto mais adequado para múltiplas patologias e, também, a aplicação de novas tecnologias a esse mesmo gesto cirúrgico. Portanto, é usar tecnologia de ponta, desenvolver novas formas e melhorar efetivamente o gesto cirúrgico dos nossos médicos.
HN – Qual é a relação entre o centro, a Universidade do Algarve e a ULS do Algarve?
PCB – O Centro de Cirurgia Experimental é uma estrutura que integra o Centro Académico Clínico do Algarve, comumente conhecido como Algarve Biomedical Center, ou ABC. Portanto, o ABC é um consórcio entre a Universidade do Algarve, através da sua Faculdade de Medicina e o seu centro de investigação, e a ULS do Algarve. Dentro deste Centro Académico Clínico, temos várias valências, nomeadamente o Centro de Simulação Cirúrgico.
HN – Que tipo de profissionais podem beneficiar da oferta do centro?
PCB – Todos aqueles que realizem ações formativas ou investigação na área cirúrgica. E podemos ir mais além. Já estamos a preparar vários cursos de pequena cirurgia que, eventualmente, poderão ser alargados a outros profissionais que não necessariamente cirurgiões.
HN – A Unidade de Ressonância Magnética do ABC foi inaugurada em setembro, em Loulé. O que destacaria sobre esta novidade?
PCB – Esta Unidade de Ressonância Magnética, mais uma estrutura dentro do Centro Académico, em parceria com a ULS e a universidade, representa um avanço significativo no acesso aos cuidados de saúde e no desenvolvimento da investigação da região. Esta unidade tem como foco principal a investigação na área da imagiologia, que tem cada vez mais um papel crucial na investigação clínica, no diagnóstico e no acompanhamento de diversas patologias. Através da criação de linhas de investigação, esta unidade irá permitir, em estreita colaboração com a Unidade Local de Saúde, que um maior número de utentes tenha acesso a tecnologia de última geração e diagnósticos de alta precisão. Pretendemos, obviamente, contribuir para uma melhor qualidade do serviço prestado aos utentes, ao mesmo tempo que reduzimos a pressão sobre outros serviços hospitalares da região. Em suma, a implementação desta Unidade de Ressonância Magnética não só reforça o nosso compromisso com o bem-estar da população, mas também sublinha a importância de investir em tecnologia de ponta.
Entrevista Rita Antunes/HN
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