“Já não é só a urgência durante a noite e em grande parte dos dias” que fecha, o Hospital de São Paulo, na cidade de Serpa, no distrito de Beja, está “em risco de encerrar”, refere a coordenadora distrital de Beja do BE, em comunicado enviado à agência Lusa.

O BE lembrou que, em janeiro deste ano, a administração do Hospital de São Paulo, gerido pela Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS), fechou o Serviço de Urgência, entre as 00:00 e as 08:00, “alegando falta de médicos”.

“O mesmo tem vindo a acontecer progressivamente durante o dia, esvaziando este serviço, com prejuízo direto para as populações dos concelhos de Serpa e da margem esquerda do [rio] Guadiana”, denunciou.

Segundo o BE, “a falta de médicos e outros profissionais não se confina ao Serviço de Urgência”, já que o hospital “tem vindo a reduzir o número de camas na unidade de reabilitação”.

“E apenas parte das seis camas estão a funcionar na unidade de cuidados paliativos”, que é “a única resposta de internamento [do género] no Baixo Alentejo”, alertou.

Já o bloco operatório do hospital de Serpa, que foi “construído de raiz, ainda não entrou em funcionamento, nem há perspetivas de que tal aconteça nesta conjuntura”, lamentou.

“Face à comprovada incapacidade de gestão por parte da SCM de Serpa”, o BE exige ao Ministério da Saúde, à Administração Regional de Saúde do Alentejo e à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo “soluções urgentes para regular o funcionamento do Hospital de São Paulo e do serviço de Urgência de Serpa”.

Segundo o BE, “é urgente aliviar a SCMS do fardo em que se transformou a gestão do Hospital de São Paulo, para melhor cumprir as funções sociais que lhe competem”.

O BE volta a defender “o regresso da gestão do Hospital de São Paulo à esfera pública e ao SNS” e manifesta o “compromisso de honra” do partido de “levantar de novo esta questão na atual sessão legislativa” na Assembleia da República (AR).

 Os bloquistas lembram que, nos últimos anos, apresentaram na AR “diversas iniciativas” no sentido do regresso da gestão do hospital de Serpa para o SNS, mas foram “chumbadas pelo PS e pelos partidos de direita”.

“Como o BE vem alertando há sete anos”, a entrega da gestão do Hospital de São Paulo à SCMS “foi uma decisão desastrosa para a saúde pública que há muito devia ter sido revertida”.

Segundo o BE, “a falta de médicos e outros profissionais deve-se a condições salariais e de trabalho inferiores às praticadas no setor público e a instabilidade laboral estendeu-se a outras valências geridas pela SCMS, sendo frequentes os atrasos no pagamento de salários”.

O BE alertou que “em risco não está apenas o funcionamento do Hospital de São Paulo, mas também a moderna Unidade de Cuidados Continuados de Nossa Senhora de Guadalupe”, também gerida pela SCMS.

No entanto, frisou, “este é um problema de âmbito nacional”, já denunciado pela União das Misericórdias Portuguesas.