Em declarações à agência Lusa na véspera do lançamento da campanha “Hipoglicemias. Uma já pode ser demais”, o presidente da SPD, Rui Duarte explicou que, habitualmente, os doentes percebem quando estão em hipoglicemia (nível demasiado baixo de açúcar no sangue), pois têm sintomas.
O responsável sublinha que o doente com diabetes tipo I, que administra insulina todos os dias, deve estar educado tanto a controlar como a ajustar o tratamento.
“O doente com diabetes tipo I, que administra insulina todos os dias, deve estar educado quer na monitorização do controlo da glucose - hoje existem métodos muito avançados e menos desconfortáveis do que a picada no dedo – quer para adaptar os valores de insulina de acordo com essa monitorização”, afirmou Rui Duarte.
Esta possibilidade de ajuste das doses de medicação para controlar os níveis de açúcar no sangue “deve ser mencionado ao doente pelos profissionais de saúde: médicos e enfermeiros com quem o doente lida e que têm um papel muito importante neste sentido”, acrescentou.
O responsável explicou que a diabetes se caracteriza por elevados níveis de açúcar no sangue e que o tratamento (insulina ou outra medicação) “tem exatamente como finalidade tentar normalizar esses níveis de glicose no sangue”.
Para prevenir episódios de hipoglicemia, que no limite podem levar a consequências mais graves, como o coma ou até a morte, a pessoa com diabetes deve “evitar períodos de jejum demasiado prolongados”, aconselha o especialista, lembrando que as refeições “não devem ser espaçadas em mais de três a quatro horas”.
O presidente da SPD aconselha ainda o doente a ter em conta que, nas alturas de maior atividade física, “pode ter necessidade de reforçar a ingestão alimentar ou reduzir as doses de insulina” para evitar que as consequências se tornem mais graves.
“Os sintomas habituais são ligeiros, mas em situações em que a pessoa, por algum motivo, se atrase no tratamento e o cérebro comece a sentir falta de açúcar, as coisas podem tornar-se mais graves e a pessoa ter alterações de comportamento, desmaiar, ter crises convulsivas ou, em casos felizmente raríssimos, poderá levar a um coma e até à morte”, explicou.
A campanha “Hipoglicemias. Uma já pode ser demais”, que será lançada na quarta-feira, é uma iniciativa da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), da Federação Portuguesa de Associação de Pessoas com Diabetes, da Sociedade Portuguesa de Diabetologia e da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo, que pretende sensibilizar as pessoas com diabetes para as hipoglicemias e suas consequências.
Um estudo recente realizado pela APDP concluiu que mais de três em cada 10 pessoas com diabetes tipo II a fazer insulina comunicaram a ocorrência de hipoglicemias num curto período de tempo e que mais de metade dos episódios não foram tratados adequadamente.
As hipoglicemias são a segunda maior causa de ida às urgências hospitalares das pessoas com diabetes em Portugal.
Segundo os dados do relatório do Programa nacional para a Diabetes, da Direção-Geral da Saúde, em 2018 o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os utentes gastaram 316,3 milhões de euros em antidiabéticos não insulínicos em ambulatório, o que representa 23% dos encargos do SNS com medicamentos.
Portugal regista 60 mil a 70 mil novos casos de diabetes todos os anos - a maioria do tipo II - e cerca de 8% da população está registada como tendo a doença.
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