“Estas alegações infundadas em torno da honestidade não são verdadeiras, e tenho sido honesto com as pessoas, em público e em particular, todos os dias desde que comecei a trabalhar na resposta a esta pandemia em janeiro passado”, afirmou no Parlamento.
Na véspera, num depoimento a deputados das comissões parlamentares da Saúde e Ciência, Cummings acusou Hancock de mentir ao público e disse que o ministro “deveria ter sido demitido” por erros, incluindo falhas no sistema de testes que fizeram com que pacientes com o vírus fossem transferidos de hospitais para lares de idosos.
Milhares de pessoas morreram com covid-19 em lares de idosos britânicos nos primeiros meses da pandemia.
“Todos os dias, desde que comecei a trabalhar na resposta a esta pandemia em janeiro passado, eu levanto-me todas as manhãs e pergunto: o que devo fazer para proteger vidas?”, garantiu Hancock.
O ministro reconheceu que nem sempre tem sido fácil, mas que ele e outros membros do Governo foram “francos com as pessoas quando as coisas estavam difíceis, quando as coisas estavam a ir na direção errada”.
Cummings, que deixou o cargo de assessor do primeiro-ministro Boris Johnson em novembro, afirmou que a resposta inicial lenta e caótica do governo e o fracasso de Johnson em aprender com os erros significou que dezenas de milhares de pessoas morreram desnecessariamente.
Disse também que Johnson era “inadequado para o cargo” de primeiro-ministro.
O porta-voz da oposição do Partido Trabalhista para as questões de Saúde, Jonathan Ashworth, disse que, sendo as alegações de Cummings verdadeiras ou falsas, o Governo tem perguntas a responder.
“Essas alegações de Cummings ou são verdadeiras e, se forem, o ministro potencialmente infringe o código [de conduta] ministerial (…) ou são falsas e o primeiro-ministro trouxe um fantasista e mentiroso para o coração de Downing Street”, resumiu.
O Reino Unido registou quase 128.000 mortes desde o início da pandemia, o maior número de mortes na Europa e quinto a nível mundial, e sofreu uma das recessões mais profundas do mundo em 2020.
Uma campanha de vacinação em massa que começou em dezembro reduziu drasticamente as infeções e as mortes, embora o Reino Unido esteja agora a ver crescer o número de casos com uma variante mais transmissível descoberta primeiro na Índia.
O Governo britânico anunciou a abertura em 2022 de um inquérito público independente sobre a gestão da crise, mas políticos da oposição e famílias que perderam entes queridos querem que comece mais cedo.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.487.457 mortos no mundo, resultantes de mais de 167,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 17.022 pessoas dos 846.434 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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