
HealthNews (HN) – O que motivou a Faculdade de Economia da Universidade do Porto a criar especificamente um Mestrado em Administração Hospitalar neste momento e quais as principais lacunas no mercado que este programa pretende colmatar?
Nuno Sousa Pereira (NSP) – O setor da saúde é um dos setores em que mais mudanças ocorrem, seja a nível legislativo e regulamentar, tecnológico, de opções políticas, de estrutura organizacional, ou quanto ao grau e natureza do envolvimento dos diferentes stakeholders. Essas mudanças têm sido ainda mais evidentes ao nível hospitalar, com a proliferação de Unidades Locais de Saúde, a maior articulação com a rede de cuidados primários, alterações ao nível do financiamento e o aumento da presença de instituições privadas. Revela-se, por isso, fundamental oferecer a quem pretende seguir uma carreira de sucesso na área hospitalar um conjunto de ferramentas e práticas com fundamento em princípios teóricos sólidos, mas que tenham igualmente sido testadas com sucesso no contexto hospitalar. A Faculdade de Economia da Universidade do Porto conseguiu reunir essas duas realidades numa formação integrada que dará aos graduados a capacidade de liderarem equipas multidisciplinares na prossecução de objetivos que estejam alinhados com as prioridades estratégicas das organizações em que estão inseridos.
HN – De que forma este Mestrado se distingue de outras formações na área da gestão hospitalar existentes em Portugal? Quais são os seus principais elementos diferenciadores?
NSP – Os principais elementos diferenciadores são a natureza híbrida da formação, que terá uma componente presencial e outra online, será lecionada por académicos com experiência corporativa e complementada por profissionais das instituições parceiras, e que combinará formação em áreas tão abrangentes como avaliação de tecnologias, logística, análise financeira, ou liderança, mas também políticas e regulação em saúde. O objetivo é garantir que os graduados terão um profundo conhecimento do contexto em que vão exercer ou exercem funções, mas, mais importante, que tenham os instrumentos e competências para lidar com as inevitáveis mudanças que o setor atravessa e atravessará.
HN – Qual o perfil ideal de candidato para este Mestrado e que competências prévias são valorizadas no processo de seleção?
NSP – O perfil ideal de candidato será um profissional com pelo menos cinco anos de experiência profissional em áreas de gestão e forte motivação para participar no processo de aprendizagem, desafiando docentes e colegas na identificação de exploração de melhores práticas e abordagens para novos problemas.
HN – Como está estruturado o plano curricular do Mestrado, e de que forma as áreas de logística, operações, liderança e avaliação económica se articulam para formar gestores hospitalares competentes?
NSP – O plano curricular do Mestrado está estruturado em três áreas principais: competência técnicas, competências comportamentais, conhecimento do setor. No entanto, o principal objetivo é que nenhuma destas áreas seja tratada de forma estanque, mas seja articulada com todas as outras na abordagem a desafios transversais. A administração hospitalar é multidisciplinar por natureza e os gestores terão de ser capazes de saber gerir e alavancar essa multidisciplinaridade.
HN – O Mestrado enfatiza a aplicação prática dos conhecimentos. Pode explicar como isso se concretiza metodologicamente e que tipos de projetos reais os estudantes poderão desenvolver durante o programa?
NSP – A aplicação prática dos conhecimentos será garantida pela introdução de desafios apresentados pelos parceiros nas diferentes unidades curriculares, permitindo que os mestrandos transponham e utilizem na resolução de problemas os conteúdos programáticos lecionados. Os mestrandos terão ainda de elaborar um projeto final que envolva as diferentes áreas de conhecimento cobertas no Mestrado e que poderá resultar de um desafio apresentado pelos parceiros ou trazido pelo próprio mestrando e pela organização em que exerce funções.
HN – Que tipo de resultados profissionais podem os graduados esperar após a conclusão deste Mestrado? Existem já parcerias estabelecidas com instituições de saúde que possam facilitar a integração profissional?
NSP – Os graduados serão possuidores de competências fundamentais para o sucesso em instituições de saúde, em particular a capacidade de gerir equipas em contextos de constante mudança, tomar decisões fundamentadas e saber comunicá-las de forma eficaz. As parcerias estabelecidas darão visibilidade aos graduados sobre a realidade das instituições de saúde, mas estas também terão acesso privilegiado ao perfil dos graduados, numa altura em que a procura por talento é cada vez mais intensa e as organizações precisam de construir vantagens competitivas sustentadas para terem sucesso.
HN – Como foi constituído o corpo docente deste Mestrado? Há um equilíbrio entre académicos e profissionais com experiência prática na gestão hospitalar?
NSP – O corpo docente deste Mestrado integra académicos com experiência na gestão de organizações públicas e privadas, no setor da saúde, mas também em outros setores de atividade. Terão, por isso, a facilidade de combinarem uma sólida formação teórica e conceptual, com casos de estudo e aplicações concretas desses conhecimentos. Adicionalmente, convidaremos profissionais a exercerem funções de gestão na área hospitalar para partilharem a sua experiência e liderarem os mestrandos na identificação de melhores práticas na abordagem aos desafios apresentados.
HN – Relativamente à segunda fase de candidaturas que decorrerá de 8 a 19 de maio, quais são os principais critérios de avaliação e que conselhos daria a potenciais candidatos para fortalecerem a sua candidatura?
NSP – Os principais critérios de avaliação são a qualidade da formação anterior, o currículo profissional, nomeadamente ao nível da gestão, e a motivação dos candidatos. Pretendemos que este seja um programa em que os candidatos estejam fortemente envolvidos e sejam parte ativa do processo de aprendizagem. Os docentes fomentarão a partilha de experiências e a resolução de problemas em equipa, replicando desafios que os mestrandos irão enfrentar na sua carreira futura.
Entrevista MMM
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