“Eu fiz essa questão diretamente ao senhor Presidente da República e o senhor Presidente da República preferiu não se comprometer com essa decisão”, sustentou João Cotrim de Figueiredo em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, depois de ter sido questionado sobre se Marcelo Rebelo de Sousa teria adiantado se este é ou não o último decreto do estado de emergência no país.

O deputado liberal, que falava no rescaldo da reunião no Infarmed com especialistas e a audiência com o chefe de Estado português, destacou os “dados positivos” sobre a pandemia no país, defendendo que o desconfinamento deve continuar e que está na altura de Portugal “retomar o trabalho”.

“Os dados são positivos, aqueles aspetos que podem ser considerados menos positivos têm explicações que elas próprias são tranquilizadoras, do nosso ponto de vista está na altura de Portugal retomar o trabalho, retomar a sua vida”, sustentou.

Cotrim de Figueiredo disse que o Presidente esteve de acordo que os dados atuais “justificam a continuação do desconfinamento”.

“Não só os dados são bons ‘per si’ mas temos também o acompanhamento desses dados com um maior nível de testagem e, com isso, uma maior solidez dos dados e de tudo isso que pode estar por detrás de uma decisão de continuar a desconfinar”, defendeu.

“Desconfinamento não pode parar”, diz Ventura

O presidente do Chega defendeu hoje que o atual desconfinamento das restrições para combater a epidemia de convid-19 “não pode parar”, sublinhando a necessidade de “testagem massiva”, sobretudo nas escolas, e contínua vacinação da população.

“As escolas são um ponto fulcral. É preciso testar massivamente, continuar a controlar a comunidade educativa e escolar em matéria de novas infeções e controlo de surtos, mas o processo de desconfinamento não pode, efetivamente, parar”, disse André Ventura numa declaração-vídeo.

O líder do partido populista falava na sequência de mais uma reunião de especialistas e peritos, responsáveis e decisores políticos, organizada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), e de uma audiência com o Presidente da República, a propósito do estado de emergência.

“Apesar da situação, neste momento, de algum risco, com o aumento do índice de transmissibilidade – expectável com o processo de desconfinamento em curso -, para nós, é importante que o desconfinamento não pare”, vincou, destacando os problemas sentidos em setores económicos como “restauração, hotelaria, comércio” ou “ginásios”.

“Temos setores muito, muito afetados e temos sensibilizado o Governo para essa situação. Votar atrás no processo de desconfinamento é criar um problema muito sério à sociedade e economia portuguesas”, afirmou o deputado da extrema-direita parlamentar.

“Aumentar a vacinação é fundamental. O Governo tinha garantido um número... Neste momento, em final de março, está muito aquém daquilo que seria desejável. Sabemos e temos informação de várias mortes que foram evitadas precisamente com a vacinação. Temos de continuar a vacinar”, concluiu Ventura.


CDS-PP quer alargamento da testagem aos alunos nas escolas

O CDS-PP defendeu hoje o alargamento aos alunos da testagem para infeções com o novo coronavírus nas escolas, defendendo que "é profundamente errada" a política de testar "apenas os profissionais" e "não as crianças".

"Como os especialistas hoje disseram, as escolas devem funcionar como sentinelas no controlo da pandemia, e isso só se faz reforçando a testagem nas escolas, abrangendo as crianças, que são o universo maior da população escolar", afirmou a porta-voz do CDS-PP.

Esta posição foi transmitida por Cecília Anacoreta Correia num vídeo enviado à comunicação social no final de mais uma reunião sobre a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal, que decorreu no Infarmed, em Lisboa, e na qual participou por videoconferência.

A dirigente centrista referiu que "na reunião de hoje do Infarmed foram revelados dados que demonstram que a abertura das escolas determinou um aumento significativo da taxa de contágio nas idades até aos nove anos, mas que por outro lado a frequência de infeção entre estudantes é idêntica à dos profissionais que com eles contactam diariamente nas escolas".

"Ora, estes dados vêm revelar que é profundamente errada a política de testar nas escolas apenas os profissionais, os adultos, e não as crianças", salientou.

Na curta mensagem, a porta-voz do CDS-PP considerou que "outro dado interessante tem a ver com o controlo da evolução das novas estirpes", e afirmou que "foi realçada uma vez mais que este controlo, esta monitorização, está a ser feita graças à colaboração dos laboratórios privados com o Instituto Ricardo Espírito Santo".

"E isto vem revelar aquilo que tem sido a mensagem inicial do CDS, que uma resposta eficaz à pandemia deveria passar pelo envolvimento do setor privado e pelas valências do setor privado, e é uma pena que o Ministério da Saúde não tenham sabido implementar esta visão de parceria desde o início porque seguramente a resposta na primeira vaga teria sido bem mais eficaz", advogou Cecília Anacoreta Correia.

Segundo um balanço divulgado na segunda-feira pelo Ministério da Educação, os rastreios mais recentes nas escolas, que decorreram durante a semana passada, revelaram 125 casos positivos de covid-19 em mais de 110 mil testes.

No total, foram testados mais de 110 mil professores e funcionários de todas as escolas dos 2.º e 3.º ciclos, do setor público e privado, que regressaram na segunda-feira ao ensino presencial, e daquelas do pré-escolar e 1.º ciclo em concelhos com mais de 120 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.

O rastreio permitiu identificar 125 casos positivos, o equivalente a uma taxa de positividade de 0,1%, sublinha a tutela, um número semelhante ao registado nos estabelecimentos escolares das zonas de maior risco que reabriram primeiro, ainda em março.


PS afirma que evolução do plano de desconfinamento vai estar em avaliação

O PS registou hoje que o índice de transmissão do novo coronavírus está a aumentar em Portugal e adiantou que a continuidade do plano de desconfinamento do Governo vai estar em avaliação nos próximos dias.

Esta posição foi transmitida pelo deputado e dirigente socialista João Azevedo, na Assembleia da República, após ter participado por videoconferência em mais uma reunião sobre a evolução da situação epidemiológica em Portugal, no Infarmed, em Lisboa.

Uma reunião que contou com a presença de um conjunto de peritos, do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, do primeiro-ministro, António Costa, de representantes de partidos e parceiros sociais.

"Na sequência da reunião, percebemos que o índice de transmissão (o Rt) teve infelizmente alguma inversão. Portanto, este plano de desconfinamento que está proposto para os próximos dias certamente que está a ser avaliado, tendo em vista darem-se garantias de segurança aos portugueses", declarou o ex-presidente da Câmara de Mangualde e deputado eleito pelo círculo de Viseu.

João Azevedo salientou depois que o combate à covid-19 "é uma responsabilidade coletiva e individual".

"Temos de avaliar a situação de duas formas, começando pela saúde pública e pela proteção dos cidadãos, mas também temos de analisar as questões da economia, do plano de coesão territorial e a atividade diária das populações. Se a parte pedagógica for feita, algo que compete a todos nós, incluindo partidos e Governo, esta linha vermelha será limitada", referiu.

O objetivo, segundo João Azevedo, é "estancar" o aumento da propagação da covid-19 e impedir que se inverta a atual situação.

"O próximo dia 19 é o dia D desta parte do plano de desconfinamento. Se nos empenharmos todos na prevenção, isso poderá acontecer. Mas vamos esperar pelos próximos dias", disse, reforçando a sua nota de prudência.

No que respeita ao plano de vacinação contra a covid-19, o dirigente socialista disse que continua a meta de até setembro deste ano estar cerca de 70% da população imunizada.

"Acredito que a vacina é a única arma capaz de combater esta situação pandémica", acrescentou.