“As causas permanecem sob investigação profunda. Estamos a analisar uma série de fatores subjacentes, infecciosos e não infecciosos, que podem estar a causar os casos” de hepatite cuja origem ainda é desconhecida, disse Philippa Easterbrook, especialista da OMS, numa conferência de imprensa em Genebra.
A especialista adiantou que, com base no que foi observado, a presença dos vírus que causam os diferentes tipos de hepatite conhecida (A, B, C, D ou E) está excluída, bem como as bactérias que causam gastroenterite em crianças.
“Não há nada que indique uma relação com a vacina contra a covid-19, uma vez que uma grande maioria das crianças (em que a doença foi detetada) não receberam esta vacina”, referiu Philippa Easterbrook.
A OMS recebeu até agora relatos de 169 casos desta hepatite aguda provenientes de 12 países e em sete casos – um em cada dez – o quadro clínico exigiu um transplante hepático nas crianças.
Sobre relatos de uma possível ligação a um adenovírus, a especialista da OMS reconheceu que é uma hipótese que está a ser estudada, uma vez que foi detetada em 74 dos 169 casos.
Os adenovírus são um grupo de vírus muito comuns que são transmitidos entre pessoas e que muitas vezes causam infeções do sistema respiratório e digestivo, particularmente em crianças.
No entanto, a especialista explicou que “é muito incomum que um adenovírus cause este tipo de sintomas graves” e que, por isso, é importante continuar a fazer testes de diagnóstico sistemáticos para causas infecciosas e não infecciosas.
Os afetados têm entre um mês e 16 anos de idade, sofrendo de sintomas como dor abdominal, diarreia, vómitos, amarelamento da pele e têm um alto nível de enzimas hepáticas.
Na quinta-feira, o diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais afirmou que as autoridades de saúde estão “muito atentas” e preparadas para intervir caso surja uma criança com hepatite aguda de origem desconhecida em Portugal.
“Pode ser o início de uma situação nova que nós ainda não conhecemos ou pode ser que se atenue, mas temos que estar preparados para os vários cenários e acho que devemos estar preparados para o pior, que chegue a Portugal”, disse o especialista à agência Lusa.
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