A música é uma combinação de sons e ritmos que se coaduna numa bonita forma de arte, que aumenta os níveis de felicidade, diminui o stress, a depressão e a ansiedade, reduz a dor, melhora a qualidade do sono, a aprendizagem e a memória, tem inúmeros benefícios a nível cardiovascular, entre outras inúmeras e exaustivas vantagens.
Tocar música é diferente de dar música, expressão que implica um acto de sedução ou de mentira. Em Portugal temos muitas pessoas a tocar música mas mais ainda a dar música o que, convenhamos, urge uma reflexão.
Dina Aguiar despediu-se dos telespectadores no "Portugal em Directo", na RTP1, com um "Até segunda-feira, se Deus quiser!", despedida igual a todas as outras que fez nos últimos 40 anos. Este assunto foi discutido nas redes sociais após Fernanda Câncio ter questionado se teríamos uma "TV pública teocrática", comentando que a «RTP tem uma apresentadora que acha que pode despedir-se com um "até segunda-feira, se Deus quiser". Isto é o quê, a TV da paróquia?».
Agora, sem querer, até utilizei a palavra "oxalá" e, levando assim as expressões à letra, corro o sério risco de criar aqui uma guerra santa
Oxalá toda esta história fosse mentira, mas não é. Agora, sem querer, até utilizei a palavra "oxalá" e, levando assim as expressões à letra, corro o sério risco de criar aqui uma guerra santa.
Sinceramente, percebo a opinião de Fernanda Câncio em levar à letra a expressão utilizada por Dina Aguiar. Este alerta após 40 anos de falta de atenção do mundo, em geral, e de Portugal, em particular, levanta outras problemáticas que nos passaram ao lado durante todo este tempo, devido à nossa falta de atenção. Por exemplo, a expressão "boa noite" - utilizada por todos nós há anos, inclusive na estação pública, - é tudo menos inócua. Numa análise mais pormenorizada podemos constatar que estamos a sexualizar a noite. Há um claro assédio em adjectivar a noite de boa. Ainda por cima a noite remete-nos ao escuro e ao silêncio, encontrando-se claramente desprotegida e solitária, podendo dar azo a todo o tipo de perigos, incluindo galgar os limites do bom senso.
Quando, a meio de uma reportagem sobre um acidente de viação aparatoso no qual, de forma inexplicada, não houve mortes a lamentar, o repórter refere ter havido um "milagre", parece-me claro que não está a fazer nada mais do que incitar todos os telespectadores a irem de joelhos a Fátima. Há que ter mão pesada nestes repórteres libertinos. Todos sabemos que o milagre é um acontecimento que não tem explicação científica e que viola as leis naturais pelo que, como falamos de religião, convém termos cuidado com as palavras. Ao que parece, os actos aqui são menos condenáveis.
Partindo da premissa de Fernanda Câncio, somos forçados a averiguar a conduta de outros pivôs de informação. Atentemos no caso de José Rodrigues dos Santos, que se despede há anos com um piscar de olho. Isto é o quê? A TV do Elefante Branco? Depois do alerta de Câncio, mantive-me atento. Pude constatar, das duas vezes que fui a casa dos meus avós realizar este estudo, que José Rodrigues dos Santos já tentou assediar a minha avó por duas vezes, o que perfaz uma eficácia de 100%. A RTP tem de tomar medidas sérias e reunir esforços para acabar com isto. Além de já ter tido impacto no casal, ambos têm problemas cardíacos, o que torna o José Rodrigues dos Santos num factor de risco.
Após o alerta de Câncio é fácil percebermos que, quando alguém se benze, não está a dizer mais do que "em nome do Pai, do Filho e do Ricardo Salgado" e isto tem de ser assunto. Senão ainda parece que alguém é crítico apenas para se autopromover, credo.
Todos têm a liberdade de acreditar em algo ou não acreditar em nada, na mesma medida que têm a liberdade de usar uma expressão por ser um conjunto de palavras ou pela sua carga religiosa
O importante é contextualizarmos os assuntos, até para os credibilizarmos. Por exemplo, se numa citação disser "Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância", estou a citar Sócrates. Por outro lado se noutra citação disser "Isso é mentira, o senhor está a inventar", estou também a citar Sócrates. Um deles é o filósofo, o outro estudou filosofia, com mordomias diferentes. O importante é não haver uma imposição. Houve muita gente que acreditou no que Sócrates dizia e nunca o impôs a ninguém.
Todos têm a liberdade de acreditar em algo ou não acreditar em nada, na mesma medida que têm a liberdade de usar uma expressão por ser um conjunto de palavras ou pela sua carga religiosa. Por isso é que uns podem dizer "Até segunda-feira, se Deus quiser!" e outros, os que não gostarem, podem sempre dizer "Até segunda-feira, se o Carlos Santos Silva quiser!". Já dizia o meu avô que o importante é ter saúde, senão não conseguimos é dizer nada. Uma pessoa sem saúde arrisca-se a falecer mais rápido do que o jornalismo de investigação.
O problema foi a Dina Aguiar ter-se despedido com um "se Deus quiser!", sendo criticada por Câncio pela sua alusão, num canal público, à religião. Certo é que Fernanda Câncio assina as suas crónicas com o seu nome. Se formos literais, percebemos que o nome "Fernanda" é a versão feminina do nome "Fernando", que foi introduzido na Inglaterra pelos normandos no século XI. Os normandos são responsáveis por, entre outras coisas, estabelecer as Cruzadas - termo que se utiliza para designar qualquer um dos movimentos militares de inspiração cristã, que partiram da Europa Ocidental em direcção à Terra Santa e à cidade de Jerusalém, com o intuito de as manter sob domínio cristão. Põem-se a assinar crónicas num jornal diário com esta carga teológica e qualquer dia isto é o quê? Um jornal da paróquia?
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