Em outubro deste ano, a estenose aórtica chegou à Tonic App pela voz do Dr. Pedro Carrilho Ferreira, cardiologista no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Em cinco podcasts, o médico esclarece as principais dúvidas dos especialistas de Medicina Geral e Familiar e alerta para a importância do diagnóstico precoce, numa aplicação que facilita a interação entre os médicos dos cuidados de saúde primários e os médicos dos cuidados hospitalares. Segundo Pedro Carrilho Ferreira, os principais problemas na prática clínica relacionam-se com essa interação, o diagnóstico e a aplicação do tratamento, por isso a Tonic App pode ajudar a tratar melhor mais doentes.

HealthNews (HN)- Os cinco podcasts da Tonic App sobre estenose aórtica focam-se em que questões?

Pedro Carrilho Ferreira (PCF)- Os cinco podcasts focam-se nos aspetos fundamentais da abordagem dos doentes com estenose aórtica. Os primeiros aspetos dizem respeito à epidemiologia e a questões gerais sobre esta patologia. De seguida, focam-se na abordagem clínica e nos exames complementares de diagnóstico fundamentais. Depois, em relação à abordagem, quais os doentes que apresentam indicação para tratamento cirúrgico ou de intervenção da estenose aórtica, e finalmente, a seleção entre estas duas modalidades de tratamento definitivo.

HN- Porque é que esta ferramenta digital de saúde é uma mais-valia para os médicos que lidam com este grupo de doentes?

PCF- Eu considero que a Tonic App é uma mais-valia por vários motivos, nomeadamente: pela sua fácil acessibilidade e o facto de ser uma aplicação disponível em smartphone, o que permite uma consulta rápida; por ter muita informação, principalmente recomendações e as normas de orientação clínica da Direção-Geral da Saúde, e por outras características, como as calculadoras, que fazem com que [a Tonic App] seja muito útil, em vários aspetos, na prática clínica quotidiana de médicos de múltiplas especialidades.

HN- Quais são os maiores desafios que os doentes com estenose aórtica e a comunidade médica que os acompanha enfrentam?

PCF- Eu diria que, provavelmente, o principal problema, sobretudo se pensarmos no âmbito dos cuidados de saúde primários, diz respeito ao diagnóstico da estenose aórtica. Apesar de o diagnóstico da estenose aórtica ser muito fácil – ele pode ser sugerido através do exame objetivo e do eletrocardiograma de doze derivações, mas é feito fundamentalmente através do ecocardiograma transtorácico –, uma das principais limitações que encontramos na prática clínica no nosso país é o facto de os doentes dos cuidados de saúde primários terem dificuldade em realizar um ecocardiograma transtorácico com Doppler, que é o método para diagnóstico da estenose aórtica por excelência. Portanto, eu diria que, num âmbito mais geral, em termos da realidade da medicina portuguesa, essa é a principal limitação que nós encontramos. Nos doentes em que se consegue ultrapassar este aspeto, a partir do momento em que o diagnóstico está estabelecido, as limitações prendem-se com a ligação entre os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares, que, na minha opinião, tem vindo a melhorar ao longo dos últimos anos, mas ainda carece de melhorias adicionais. Depois, a partir do momento em que o doente passa a ser seguido num ambiente de consulta hospitalar, especialmente na Cardiologia, as limitações têm a ver fundamentalmente com a dificuldade em aplicar o tratamento, sobretudo as limitações em termos dos tempos de espera e as limitações dos tempos de intervenção.

HN- A Tonic App pode ajudar a melhorar alguns destes problemas?

PCF- Sim. Primeiro, eu diria que a Tonic App pode ser útil na medida em que pode alertar para o diagnóstico da estenose aórtica e para a sua prevalência, que é muito significativa na população em geral, principalmente na população de idade mais avançada. Por outro lado, pode ter um papel em facilitar a comunicação e a interação entre os médicos dos cuidados de saúde primários e os médicos dos cuidados hospitalares. Ao alertar e permitir esclarecer, nalguns casos, de que forma é que essa interação pode ser feita e quando é que os doentes devem ser referenciados para os cuidados hospitalares, pode ajudar mais doentes a chegar aos hospitais e a serem tratados de forma atempada.

HN- Qual tem sido o feedback dos seus colegas?

PCF- O feedback foi positivo. Eu considero que este formato, designadamente podcasts curtos, tem bastante sucesso, porque hoje em dia estamos assoberbados com informação e trabalho, portanto, muitas vezes, torna-se difícil despendermos tempo para nos atualizarmos em todas as áreas em que é necessário. Este formato de podcasts curtos, com as informações fundamentais, é muito útil, porque é facilmente integrável na nossa rotina quotidiana e facilita a atualização dos colegas.

HN- Qual a importância de ter na Tonic App reunidos não só milhares de médicos portugueses, mas também de Espanha e Itália?

PCF- É uma mais-valia. As informações que são disponibilizadas através da Tonic App estão acessíveis a um grande número de médicos, e isso permite uma comunicação e transmissão de informação fundamental de uma forma muito mais fácil do que através dos meios convencionais.

HN- Porque é que quem ainda não ouviu os podcasts deve fazê-lo hoje?

PCF- Esta pergunta pode ser respondida com alguns dos aspetos que já referi, nomeadamente: o facto de reunir as informações que, na minha opinião, são fundamentais para todos os médicos, sobretudo no âmbito dos cuidados de saúde primários, e permitir fazer uma atualização rápida em relação aos conceitos mais recentes sobre a estenose aórtica, como indicações para tratamento, seleção entre os métodos de tratamento, principalmente entre a intervenção percutânea e a intervenção cirúrgica, e indicações para referenciação dos doentes para consulta hospitalar.

Entrevista de Rita Antunes