Em 2021, as doenças respiratórias foram responsáveis pela morte de 10.255 portugueses, menos 988 do que em 2020, segundo os resultados do Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR) divulgado hoje, que analisou o  panorama da saúde respiratória a nível nacional, entre 2018 e 2022. Destaca-se uma diminuição das mortes por pneumonia bacteriana e manutenção das mortes por cancro do pulmão, de acordo com os dados da Administração Central dos Serviços de Saúde (ACSS), ilustrados pelos gráficos abaixo.

A 16.ª edição deste relatório, desenvolvido por especialistas da área da saúde respiratória a nível nacional, comprova que as doenças respiratórias continuam a ser uma das principais causas de morbilidade e de mortalidade em Portugal, apesar de ter sido observado um decréscimo gradual a partir de 2019. José Alves, pneumologista e presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), acrescenta que “em 2021, apenas 8,2% das mortes registadas tiveram origem numa doença respiratória. Esta descida pode estar relacionada com a pandemia de COVID-19 e com a mudança de hábitos individuais e de grupo que acarretou, nomeadamente o uso obrigatório de máscara e o confinamento”.

Quanto à COVID-19, e uma vez que este relatório incide nos anos de pandemia, é possível observar que 2021 houve mais 5.845 mortes provocadas por esta doença do que em 2020, ano em que o vírus SARS-COV2 chegou a Portugal.

As mortes por doenças raras (13,2%) e crónicas (10,1%), tal como as pneumonias (36,7%) registaram uma diminuição que os especialistas acreditam que advém de diagnósticos mais assertivos e de tratamentos mais eficazes. Contudo, mesmo verificando uma descida nas mortes por estas patologias, em 2022, a pneumonia bacteriana levou ao internamento de 24.279 portugueses, dos quais 5.178 acabaram por morrer. A este respeito José Alves defende que “é necessário dar continuidade à implementação de medidas preventivas, nomeadamente no que diz respeito à vacinação nos grupos de maior risco”.

Quanto à pneumonia viral, que se manteve estável até 2021, o estudo demonstrou um aumento de 413 internamentos em 2022, atingindo um total de 916. Também o número de mortes aumentou para 59 (mais 33 do que em 2021).

Analisando as doenças pulmonares que precisam de ventilação durante o internamento, deparamo-nos com as pneumonias, referidas anteriormente, e com a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) como as grandes causas de internamento em 2022, sendo responsáveis por 73% das hospitalizações com ventilação, que são as mais dispendiosas, longas e com maior mortalidade.

Relativamente aos óbitos e de acordo com o quadro acima, os especialistas da FPP olham com preocupação para subida constante das mortes provocadas por pneumoconioses (doença pulmonar ocupacional com padrão restritivo causada pela inalação de poeiras inorgânicas, geralmente associada a trabalho em metalúrgicas, construtoras, mecânicas ou minas), uma tendência que é necessário estudar, para serem apontadas possíveis causas para este aumento.

O relatório analisou ainda dados da alveolite, fibrose pulmonar, asma brônquica, gripe, entre outras doenças, e concluiu que as duas primeiras apresentaram números crescentes no que respeita a internamentos e em mortes entre 2018 e 2022.