Três bairros de Lisboa vão contar com o apoio da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) para a prevenção e tratamento da diabetes através do projeto de intervenção “Diabetes no Bairro”. O projeto resulta de um protocolo estabelecido com o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Local da Câmara Municipal de Lisboa no âmbito do programa Bip Zip, juntamente com organizações de saúde e estruturas locais para uma abordagem completa e integrada junto da comunidade.
Nos bairros Horizonte, Alto da Eira e Quinta do Lavrado, na freguesia da Penha de França, serão realizados rastreios e identificados grupos em risco acrescido de desenvolver diabetes tipo 2. Além disso, o projeto “Diabetes no Bairro” conta com ações de formação destinadas a equipas escolares e cuidadores formais e informais, com o objetivo de promover a literacia em saúde e a capacitação das pessoas com diabetes e pré-diabetes, dos seus familiares e respetivos cuidadores, através de uma estratégia de intervenção comunitária. Serão ainda realizadas formações em cuidados preventivos ao pé diabético e organizados treinos da modalidade sweet-football.
"A diabetes, um dos maiores problemas de saúde pública, está associada a fatores socioeconómicos e, em Portugal, as desigualdades socioeconómicas na prevenção da diabetes estão essencialmente relacionadas com o baixo rendimento e a baixa escolaridade. Tendo em conta esta realidade, o projeto Diabetes no Bairro tem como objetivo prevenir a diabetes tipo 2 junto das populações que têm um risco mais elevado de a desenvolver e garantir a melhoria da qualidade de vida daqueles que já vivem com a doença, através de uma abordagem de proximidade", explica o presidente da APDP, o médico José Manuel Boavida.
O projeto "Diabetes no Bairro" é uma parceria entre a APDP e a Junta de Freguesia da Penha de França, a Associação Ares do Pinhal, o Centro Social e Paroquial da Penha de França, o Centro Social e Paroquial São João Evangelista e a Associação Médicos do Mundo, em articulação com o ACES Lisboa Central, Gebalis e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Que doença é esta?
A diabetes tipo 2 é a forma mais comum desta doença, sendo que a sua incidência e prevalência verifica-se essencialmente na população urbana com mais de 45 anos. Os grupos menos favorecidos, como as minorias étnicas, os desempregados, os imigrantes, as pessoas com deficiência, dependentes de drogas e pessoas idosas, apresentam um maior risco relativamente à doença e desvantagem no acesso aos serviços de saúde.
Portugal é o país da União Europeia que tem mais pessoas com diabetes. Mais de um milhão de portugueses têm diabetes, um número que sobe para um milhão e 300 mil pessoas, quase 14% da população, quando se soma o número de pessoas por diagnosticar.
"Com a promoção de ações de rastreio que possibilitem o diagnóstico precoce da diabetes estamos a capacitar as pessoas e a educá-las para a prevenção da diabetes e, desta forma, conseguimos evitar a sua progressão ou retardar o surgimento das complicações que lhe estão associadas", conclui José Manuel Boavida.
Fatores de risco
A diabetes tipo 2 tem como principais fatores de risco a obesidade, o sedentarismo e a predisposição genética. Neste tipo de diabetes existe um défice de insulina e resistência à insulina, o que significa que é necessária uma maior quantidade de insulina para a mesma quantidade de glicose no sangue. Por isso, as pessoas com maior resistência à insulina podem, numa fase inicial, apresentar valores mais elevados de insulina e valores de glicose normais.
À medida que o tempo passa, o organismo vai tendo maior dificuldade em compensar este desequilíbrio e os níveis de glicose sobem. Embora tenha uma forte componente hereditária, este tipo de diabetes pode ser prevenido controlando fatores de risco modificáveis.
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