Em comunicado, a propósito dos dados divulgados pelo INE que indicam uma subida de 74,2% em 20 anos no rácio de médicos por 1.000 habitantes, a OM diz que o Serviço Nacional de Saúde tem cada vez menos condições para se reinventar e para ser um “espaço de trabalho cativante”, onde as pessoas sintam que há “um projeto profissional a longo prazo”.
A posição da OM surge depois de o INE ter divulgado diversos dados sobre a área da saúde, a propósito do Dia Mundial da Saúde, que hoje se assinala.
“Infelizmente, este enorme esforço que fazemos para formar médicos de grande qualidade e humanismo – como é reconhecido a nível internacional – não tem sido devidamente aproveitado por Portugal”, diz o bastonário da OM, citado no comunicado.
Miguel Guimarães considera urgente rever as condições de trabalho e recuperar as carreiras médicas, para aproveitar melhor o potencial dos “médicos de excelência” formados e que acabam por trabalhar no setor privado, social ou no estrangeiro.
“O trabalho do INE demonstra que Portugal não tem definitivamente problemas ou barreiras no que diz respeito à formação médica, pelo que é desonesto transformar este assunto em arma política”, diz Miguel Guimarães, sublinhando que “o numerus clausus definido pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior triplicou nos últimos 20 anos” e que as vagas identificadas pela OM para a formação médica especializada “também têm sido constantemente superadas”.
Segundo a publicação “Estatísticas da Saúde 2019”, do INE, Portugal contava em 2019 com um rácio de 5,4 médicos por cada 1.000 habitantes, ou seja, mais 2,3 médicos do que há 20 anos.
De acordo com o mesmo documento do INE, o crescimento do número de médicos em Portugal foi mais elevado do que na restante União Europeia a 27, com 3,6% ao ano entre 2014 e 2018, quando na UE se ficou pelos 1,4%.
No total, a Ordem dos Médicos tinha 55.432 médicos inscritos em 2019, ano a que se refere o INE, sendo que, segundo a OM, este número subiu para 57.976 no final de 2020.
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