Healthnews (HN) – Qual é a principal complicação do facelift e como ela se manifesta?

Diogo Andrade Guimarães (DAG) – A principal complicação em termos de gravidade e frequência do facelift cervicofacial, ou ritidectomia, é o risco de lesão nos nervos faciais, que pode causar paralisia temporária ou permanente de músculos do rosto ou alterações da sensibilidade. A lesão neurológica mais frequente é a alteração da sensibilidade da orelha. Contudo, a complicação mais frequente é o hematoma. Outras complicações incluem infeção, necrose da pele e cicatrizes visíveis ou alargadas.

HN – Como diferenciar um hematoma de equimoses normais após a cirurgia?

DAG – A principal diferença é que um hematoma implica o aumento de volume de uma determinada zona, que habitualmente não está presente no pós-operatório imediato, enquanto as equimoses referem-se apenas à alteração da coloração da pele que pode ter associado, ou não, um hematoma.

HN – Quais são fatores tradicionalmente controlados para prevenir hematomas no pós-operatório de facelift?

DAG – No pré-operatório, o mais importante é parar medicamentos que promovam a hemorragia, nomeadamente os antiagregantes e anticoagulantes. No intraoperatório é extremamente importante realizar uma hemóstase cuidadosa, manter as tensões relativamente baixas, e utilizar estratégias para reduzir o espaço morto, nomeadamente a cola de fibrina ou as redes hemostáticas. No pós-operatório é essencial evitar esforços, manter a tensão arterial bem controlada e cumprir repouso.

HN – Mesmo com as técnicas tradicionais de prevenção, qual é a incidência de hematomas relatada em alguns estudos?

DAG – A incidência varia em média entre 1 e 8%, dependendo dos estudos.

HN – Em que consiste a técnica de Rede de Sutura Hemostática e onde ela foi apresentada?

DAG – Esta técnica foi desenvolvida e popularizada pelo Dr. André Aursvald na sequência da sua publicação científica em 2011. A técnica consiste em pontos de sutura que vão desde a superfície (pele) até as camadas mais profundas, uma estrutura denominada SMAS. Esta abordagem tem como objetivo encerrar todo o espaço “morto” criado durante a dissecção cirúrgica, ajudando a que os tecidos adiram, evitando o hematoma.

Entrevista MMM