O envelhecimento populacional é um fenómeno que tem ocorrido em escala global. As mudanças sócias demográficas que estão ocorrendo com a população acarretam novas demandas de saúde e com o envelhecimento, há uma série de modificações fisiológicas em todo o organismo. Na musculatura esquelética, há uma mudança no padrão de fibras, levando a uma perda de massa, força e qualidade muscular, o que faz com que, conforme o indivíduo envelheça, fique mais fraco e mais lento. Esta perda de massa e força muscular gera na pessoa idosa uma diminuição da mobilidade, aumento da incapacidade funcional e da sua dependência nos autocuidados e nas atividades de vida diária, podendo levar até mesmo a consequências mais graves como quedas e fraturas. A este processo denominamos Sarcopenia.
A perda da massa muscular inicia-se a partir dos 40 anos, ocorre perda de cerca de 5% a cada década de vida, com declínio mais rápido após os 65 anos, particularmente nos membros inferiores. A Sarcopenia foi definida por Matiello-Sverzut, como a perda de massa e força muscular relacionada à idade. Essa condição não requer uma doença para acontecer, embora o seu processo possa ser acelerado em decorrência de algumas condições crónicas (MATIELLO-SVERZUT, 2013). Segundo o Consenso Europeu a Sarcopenia é caracterizada pela perda de massa, força e funcionalidade muscular e pode estar associada a uma série de disfunções e doenças sistêmicas que acometem os idosos. Estudos demonstraram que a Sarcopenia tem prevalência de 22,6% em mulheres e 26,8% em homens, até os sessenta e cinco anos de idade e após os oitenta anos, estes valores alteram-se para 31,0% e 52,9%, respetivamente (BERNARDI et. al. 2008). Entende-se por Sarcopenia um distúrbio muscular esquelético que se caracteriza pela diminuição da massa e função muscular, mais presente na população envelhecida. Parece ser unânime na literatura a necessidade de se identificar precocemente a presença de Sarcopenia, no sentido de se iniciar o mais breve possível um programa de intervenção e reabilitação para obtenção de melhores resultados clínicos.
A Sarcopenia afeta a qualidade de vida e até a independência dos utentes, que passam a sentir mais fraqueza muscular, ter menos resistência, menos equilíbrio e dificuldades para realizar tarefas básicas do dia a dia. Isso também aumenta os casos de institucionalização de longa duração (lares, RNCCI, entre outros) e tem impacto direto na mortalidade. A Sarcopenia é caracterizada pela perda progressiva de massa e força muscular e representa uma causa comum de declínio funcional, sendo fundamental a intervenção da equipe multidisciplinar na avaliação e rastreio da pessoa idosa em risco. De forma a realizar o rastreio de Sarcopenia é aplicado o Strength Assistance Rise Climb Falls (SARC – F). Este é um questionário validado com elevada especificidade, que se baseia na perceção que os utentes têm da sua condição e das suas limitações. Segundo o European Norking Group on Sarcopenia in Older People 2 (ENGSOP2), os critérios de diagnóstico da Sarcopenia são a diminuição da força muscular, seguido da diminuição da massa muscular e, por último, da diminuição da performance física do utente. Uma das formas de avaliação é através de um equipamento chamado dinamômetro – um aparelho portátil, acessível, que permite medir a força das mãos ao apertar, identificando a capacidade muscular da pessoa. A perda de massa e força muscular é responsável pela redução de mobilidade e aumento da incapacidade funcional e dependência. Quando associada à fragilidade, esta perda gera altos custos econômicos e sociais. A Sarcopenia tem vindo a aumentar, a nível global, decorrente do envelhecimento populacional já que a idade é um dos principais fatores de risco para a Sarcopenia, o conhecimento da prevalência e dos fatores de risco bem como das complicações podem levar á tomada de medidas atempadas com benefício da saúde e autonomia dos doentes.
Tendo em conta a sua natureza reversível, é imperativo que se faça a sua deteção atempadamente, de modo a estabelecer uma terapêutica adequada e identificar novas áreas de tratamento. A atividade física é indispensável para a manutenção da capacidade funcional, uma vez que, realizada regularmente, pode reduzir ou prevenir inúmeras incapacidades funcionais, associadas ao envelhecimento. Os exercícios físicos regulares e moderados, são importantes para trabalhar a força, a resistência muscular e a flexibilidade, favorecendo os músculos, contribuem ainda para o aumento da qualidade de vida dos idosos. O declínio da energia, a diminuição do metabolismo, a diminuição da força muscular, do consumo energético e de mobilidade levam a uma falência do idoso ser bem-sucedido e da eficácia orgânica. Estes dados comprovam a necessidade, de um acompanhamento adequado por parte da equipe multidisciplinar e o planeamento de estratégias de intervenção que favorecem a reinserção do indivíduo com mobilidade condicionada. Dessa forma os exercícios físicos devem ser considerados como um recurso terapêutico nas situações de imobilidade. Devem ser implementados de forma gradual e constante. A reabilitação do idoso, orienta-se para a manutenção das capacidades funcionais, assegurar a segurança, evitar as complicações e modificar o meio no sentido de conseguir a máxima independência. É fundamental a atividade física para prevenir a Sarcopenia na pessoa idosa.