Os documentos foram mencionados na citação judicial emitida pelo promotor de Kentucky, juntamente com outros 12 estados dos EUA e pelo promotor de Washington D.C., acusando o TikTok de prejudicar a saúde mental dos utilizadores mais jovens.

A Rádio Estadual de Kentucky reconstruiu as comunicações antes de um juiz estadual ordenar que os documentos fossem removidos dos registos públicos.

Os documentos mostram que o TikTok estava ciente do poder de atração da sua plataforma e do seu algoritmo de recomendação, que oferece vídeos em cadeia.

"Precisamos estar cientes" das consequências que o algoritmo pode ter no "sono, na nutrição, na movimentação pelo quarto ou no olhar alguém nos olhos", escreveu um executivo da empresa.

Noutro documento interno, o TikTok concluiu que o utilizador da rede pode "ficar viciado" a partir de 260 vídeos visualizados.

"O uso compulsivo (do TikTok) está ligado a uma série de efeitos negativos na saúde mental, como a perda da capacidade analítica" e também prejudica "a formação da memória, a capacidade de contextualizar, conversar e ter empatia", concluem os investigadores da própria empresa, conforme os documentos.

O uso frequente da rede social também gera "um aumento da ansiedade", segundo a mesma fonte.

O TikTok acrescentou uma série de funções para limitar o uso da plataforma pelo público mais jovem, como o controlo parental e a interrupção após uma hora de uso.

No entanto, segundo os documentos, a filial chinesa ByteDance não tentou melhorar esta ferramenta, embora tivesse ciência da sua eficácia limitada.

"O nosso objetivo não é reduzir o tempo gasto" na plataforma, escreveu um gestor de projeto do TikTok. "É muito irresponsável que (a rádio pública) tenha publicado informações protegidas por lei", comentou o TikTok numa reação enviada à AFP.

Para a plataforma, os documentos foram "tirados do contexto" e citados de forma "enganosa". A empresa destaca que implementou medidas de proteção para menores na sua rede social.