“Sabemos que há doenças que estão mais presentes nesse território, designadamente sarampo, tuberculose multirresistente e poliomielite, que os planos vacinais das pessoas poderão não estar atualizados”, referiu a governante, no final da inauguração do novo bloco operatório do Hospital Distrital da Figueira da Foz, que hoje comemora o 50.º aniversário.

Segundo Marta Temido, até à última quinta-feira, Portugal recebeu 13.200 pessoas requerentes de proteção temporária, das quais quase 5.000 são crianças, “daí preocupação especial, porque podem ser crianças na idade de cumprirem ainda o seu processo normal de vacinação”.

A ministra da Saúde adiantou que, daquelas 13.200 pessoas, cerca de 11.000 já têm número de utente emitido para que possam ter acesso aos cuidados de saúde, de forma a garantir “a melhor atenção para aquilo que pode ser o problema maior que podem ter na sua saúde”.

Aos jornalistas, disse que Portugal vai ter de organizar a “resposta de saúde” para um acesso de mais pessoas provenientes de território ucraniano, onde desde 24 de fevereiro decorre um conflito armado, em resultado da invasão daquele país pela Rússia.

“Há iniciativas que estão a ser organizadas em conjunto entre as instituições e o Ministério da Saúde, no sentido de melhorar essa resposta”, adiantou Marta Temido, salientando que, diariamente, desde o início de março, estão a chegar a território nacional entre 1.000 a 2.000 pessoas.

Confrontada com a possibilidade de os refugiados provocarem um aumento do número de casos da covid-19, a governante considerou importante que Portugal garante àquela população o acesso à vacinação, “quando não foi feita ou não [estiver] completa”.

“Acredito que consigamos fazer o melhor para responder a estas necessidades”, sublinhou.

A ministra da Saúde não se comprometeu ainda com o fim das medidas de restrição da covid-19, referindo que o Governo associou “sempre o processo de evolução àquilo que é a situação epidemiológica”.

“Sabemos que a pandemia não acabou, continuamos numa situação de incerteza relativamente a um conjunto de fatores, e estamos a monitorizar a situação. Temos ainda, relativamente a um dos indicadores – número de óbitos por milhão de habitantes a 14 dias -, que está acima do que gostaríamos de atingir”, referiu.

Apesar de Portugal estar numa situação “relativamente estável”, Marta Temido frisou que a tendência europeia é de crescimento e “fala-se de uma eventual sexta vaga”, pelo que é necessário equilibrar “vários aspetos” e manter a “prudência”.

A governante admitiu a possibilidade de eliminar mais algumas restrições quando Portugal atingir o objetivo de registar menos de 20 óbitos por milhão de habitantes a 14 dias, dependendo de uma análise do “contexto e da situação do momento”.

O novo bloco operatório do Hospital Distrital da Figueira da Foz representou um investimento de 4,5 milhões de euros, dos quais 3,5 milhões de euros provêm de fundos comunitários e, o restante, de financiamento próprio.