Desde os seus primórdios, o Centro Hospitalar VN Gaia/Espinho (CHVNG/E) esteve na vanguarda no que diz respeito à patologia respiratória. Com aumento da tuberculose, o Sanatório D. Manuel II, integrado na rede de sanatórios vocacionados para as doenças respiratórias construído, inicia em 1947 a sua atividade assistencial. As sequelas provocadas por esta doença levaram profissionais desta instituição a procurar tratamentos inovadores para a época.
A Unidade de Reabilitação Respiratória (URR), inicialmente denominada de Cinesiterapia Respiratória, foi criada no ano de 1958, em formato de consulta pelo Dr. Alberto Leal, o primeiro Médico recuperador da função ventilatória, que sentiu necessidade de dar resposta aos doentes no pós-operatório de Cirurgia Pulmonar. Fez formação na área em Paris trazendo o seu conhecimento para o serviço e foi preparando as enfermeiras que colaboravam diretamente com ele.
O departamento inicialmente situava-se no pavilhão central, um miniginásio onde gradualmente 4 enfermeiras e o Dr. Leal recuperavam a função ventilatória de doentes no pré e pós-operatório de cirurgia pulmonar e posteriormente de doentes de cirurgia cardíaca.
Com o avanço da terapêutica e o controlo das patologias cujo tratamento incluía a cirurgia pulmonar, como a tuberculose e as bronquiectasias, assistiu-se a um decréscimo destas, em detrimento da cirurgia cardíaca que estava em evolução franca.
Em 1973, a URR mantendo o seu miniginásio e o apoio ao serviço de Cirurgia Cardio-Torácica, começa então a apoiar todos os serviços do hospital, por referenciação.
Após a realização do Curso de Especialização em Enfermagem de Reabilitação, no Alcoitão em 1975, pela Enfermeira Conceição Duarte, o serviço adquiriu novos conhecimentos teóricos, que vieram complementar todo o saber da prática obtido pela experiência e constante partilha dos profissionais, o Dr. Leal e as “suas” enfermeiras.
O serviço sob a gestão da Enfermeira Conceição Duarte começou a crescer em necessidades assistenciais, com acompanhamento da equipa de enfermagem que se ia especializando na área. Então em 1984 muda para umas instalações maiores no pavilhão satélite, onde integrou o serviço de Aerossolterapia e passou a ter 7 catres. A equipa constituía-se então por sensivelmente 14 enfermeiros, cuja atividade assistencial incluía o ambulatório e o internamento, atendimento de tudo o que incluía distúrbios ventilatórios, com uma média de atendimento diário de 70 doentes.
Com a integração da URR no Serviço de Pneumologia em 2003, as instalações passaram para o pavilhão masculino, mantendo-se sensivelmente os 14 enfermeiros. Com a reforma do Dr. Leal, a direção do serviço ficou assegurada pela Dra. Natália Taveira.
Estas Instalações mantem-se as atuais e incluem a área de consultórios médicos e do ginásio com três áreas assistenciais diferenciadas. Nesta altura, passou-se a ter 9 catres, 3 espelhos quadriculados e 2 bicicletas já para a realização de algum fortalecimento muscular.
Após a reforma da Enfermeira Conceição Duarte, a Chefia do Serviço passou para o Enf.º Belmiro Rocha em 2007.
De 2009 a 2017, foram sendo alocados enfermeiros de reabilitação aos serviços de medicina, serviços cirúrgicos e Unidades, ficando ao cuidado da URR, o ambulatório e o internamento de Pneumologia (7 dias por semana).
Em junho de 2020, a URR foi novamente reorganizada para dar resposta em tempos de pandemia.
Atualmente a equipa é constituída por 4 Médicas Pneumologistas, cuja Dra. Ivone Pascoal é diretora da URR, por uma equipa de 12 Enfermeiros especialistas em enfermagem de reabilitação, chefiados pelo Enfermeiro Nuno Macedo e por referenciação direta tem o apoio de nutrição, de psicologia e de Assistente social.
O desenho atual dos programas de reabilitação respiratória (RR) desenvolveu-se a partir de 2016, no entanto salienta-se que já se trabalhavam algumas componentes para além da reeducação funcional respiratória, primeiro com o treino de fortalecimento muscular em 2007 e posteriormente o treino de endurance (intervalado) em 2009.
Os programas de RR são considerados um pilar fundamental no controle dos doentes respiratórios crónicos, com a diminuição dos sintomas, aumento da capacidade para o exercício físico, nomeadamente para a realização das atividades de vida diária e na melhoria da qualidade de vida, na diminuição das exacerbações da doença, dos internamentos e da mortalidade prematura e respetivos custos associados, tanto para os doentes como para o Estado.
Qualquer programa de RR é individualizado, tendo em conta a patologia do doente e a sua limitação, a gravidade, a idade e a motivação, aplicando-se em situações agudas ou cronicas ao longo do ciclo de vida.
De salientar que esta URR desde a década de 60 que é considerada uma referência Nacional e Internacional, para estudantes, quer de internos de pneumologia e pneumologistas, como de enfermeiros com a especialidade de reabilitação.
Atualmente mantem-se a necessidade de aumentar o conhecimento sobre os benefícios da reabilitação respiratória por parte dos profissionais de saúde, para que mais doentes possam beneficiar deste tratamento, pois segundo a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, apenas 1% dos doentes que dela necessitam, têm acesso.
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