A introdução alimentar é uma fase de descoberta para o bebé, mas pode ser também uma etapa de ansiedade para os pais. Existe um método ideal? Sim, aquele que melhor se adapta à família, defende a nutricionista Patrícia da Costa Moura no primeiro episódio do podcast "O importante é ter saúde".
A introdução alimentar deve iniciar-se entre os quatro e os seis meses do bebé, obedecendo aos sinais de prontidão da criança. "Deve começar-se quando o bebé mostra indícios de que está pronto para iniciar a alimentação sólida. Um exemplo disso é quando o bebé começa a ter postura e a conseguir sentar-se", explica a nutricionista Patrícia da Costa Moura, especializada em nutrição materno-infantil e comportamental, neste episódio sobre "Métodos de introdução alimentar".
No segundo episódio, a médica imunoalergologista Marta Chambel frisa que os pais devem estar atentos desde cedo a sinais e sintomas de alergias alimentares na criança, mas deixa o aviso: não se deve evitar determinados alimentos sem que haja um diagnóstico. "Adiar a introdução de alimentos alergénicos é um erro, porque isso aumenta o risco de a criança ser alérgica", sublinha a especialista.
"Há muitos pais que são alérgicos ao marisco e têm medo de dar marisco. Ou porque o irmão mais velho é alérgico ao ovo, têm medo de introduzir o ovo. Pelo contrário, devem introduzir esses alimentos quanto antes", reitera a imunoalergologista.
Apesar de não ser um tema consensual entre as sociedades científicas internacionais, é possível adotar de forma segura regimes alimentares mais restritivos - como o veganismo ou o vegetarianismo - desde a infância. Para isso, é essencial acompanhamento profissional prévio, recomenda a nutricionista Simone Fernandes no terceiro episódio sobre "Dietas especiais e suplementos alimentares".
"Aquilo que as sociedades internacionais de nutrição e pediatria nos dizem é que, desde que a dieta seja bem planeada e acompanhada quer pelo pediatra quer pelo nutricionista e reavaliadas com frequência, é possível de facto fazermos uma dieta vegetariana e vegana que seja nutricionalmente equilibrada para o crescimento da criança", refere Simone Fernandes, nutricionista especializada em educação alimentar e alimentação sustentável.
A forma como os pais abordam o momento da refeição também influencia a qualidade da alimentação da criança. Para a médica pediatra Joana Martins, não se deve obrigar ninguém a comer a sopa toda e, para a psicóloga clínica Inês Afonso Marques, os pais devem ver as "refeições como um espaço de partilha de afetos e memórias".
"As crianças e os pais estão em sintonia emocional. As crianças leem muito as pistas dos pais para perceberem se o contexto é tranquilo e seguro. Se temos pais stressados à hora de ir comer, se calhar não vai correr bem", adverte Inês Afonso Marques, psicóloga clínica e psicoterapeuta na Oficina de Psicologia e convidada do quarto episódio do podcast do SAPO Lifestyle sobre "Birras à mesa".
"Os pais devem desfrutar o momento, estar relaxados, e ver as refeições como um espaço de partilha de afetos e memórias. Tudo isso ajuda a retirar o carácter mais pesado que gera ali alguma confusão no momento da refeição", explica Inês Afonso Marques. "Recorrer à brincadeira, chamá-los com voz de desenho animado ou fazer um bocado de teatro podem ser boas estratégias. Eles aderem muito mais facilmente, porque querem colaborar", exemplifica.
Cerca de 30% da população pediátrica portuguesa tem excesso de peso, sendo que esse valor aumenta com a idade. "As crianças não têm culpa de ter obesidade", garante a médica pedopsiquiatra Paula Vilariça no quinto episódio sobre obesidade infantil. A pediatra Joana Martins acrescenta: "As pessoas não são fracas moralmente nem têm falta de vontade. Não há alternativas saudáveis na maior parte dos espaços".
"A obesidade é uma doença crónica e uma condição multifatorial, ou seja, determinada por fatores que vão desde a genética a características da própria criança e família", descreve a pedopsiquiatra. "Obviamente as crianças não têm culpa de ter obesidade", diz ainda. "A criança está inserida num núcleo familiar e é alimentada por adultos até poder fazer as suas escolhas e mesmo essas escolhas são determinadas pela influência que os adultos tiveram no desenvolvimento. Há muitos fatores que ultrapassam a possível culpa da criança", indica a especialista.
"É preciso prevenir e a única maneira é desculpabilizarmos a obesidade e deixarmos de colocar o ónus nas pessoas. Temos que ter leis rigorosas que impeçam a venda de determinados produtos super açucarados", advoga Joana Martins.
No sexto episódio da primeira série do podcast "O importante é ter saúde", o intestino é descrito como uma espécie de segundo cérebro com personalidade própria, colonizado por bactérias essenciais ao funcionamento do "sistema imunitário, metabolismo e absorção dos nutrientes".
"Todo este ecossistema funciona a nosso favor", destaca a pediatra Joana Martins. "Não somos o que comemos, somos o que o intestino decide absorver", afirma Maria Inês Antunes, nutricionista pós-graduada em Nutrição em Pediatria.
"O intestino é a barreira que separa aquilo que comemos daquilo que absorvemos. É constituído por várias bactérias naturais e importantes para todo o sistema imunitário, metabolismo e absorção dos nutrientes", elucida a convidada. Neste episódio, ficámos a saber que o parto, o aleitamento materno, a diversificação alimentar, a utilização de antibióticos e o tipo de alimentação são fatores preponderantes no desenvolvimento e manutenção da microbiota intestinal das crianças e mais tarde na idade adulta.
Resumo dos episódios
Episódio 3 - É possível fazer uma dieta vegana ou vegetariana na infância? "Sim, desde que seja bem planeada"
Episódio 5 - Obesidade afeta 30% da população pediátrica. "Há muitos fatores que ultrapassam a possível culpa da criança"
Episódio 6 - Intestino tem dois quilos de bactérias que fazem muito pela nossa saúde. "Somos o que o intestino decide absorver"
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