"A doença alérgica é uma só, pode é ter manifestações em vários órgãos, como a asma no pulmão, a rinite no nariz e o eczema na pele. Em relação às alergias alimentares, é só mais uma manifestação das doenças alérgicas", começa por explicar a médica imunoalergologista Marta Chambel no segundo episódio do Podcast "O importante é ter saúde" do SAPO Lifestyle.
Segundo a especialista, as reações alérgicas alimentares dividem-se em dois grandes grupos: as reações imediatas, que acontecem cerca de 30 a 60 minutos depois de o bebé comer o alimento a que é alérgico, e as reações não-imediatas, que geralmente acontecem cerca de três horas depois da ingestão do agente alergénico.
"Existe uma escala de risco: as imediatas, como babas no corpo, olhos inchados, lábios inchados, falta de ar, podem chegar à reação anafilática, que é a reação alérgica mais grave, em que vários órgãos podem ser atingidos", indica a especialista, sendo que esta última não é tão frequente como as outras.
"As reações não imediatas podem também ser graves, porque as crianças podem ficar desidratadas", adverte a especialista, que salienta que apesar de existir uma escala de gravidade, as reações alérgicas manifestam-se de maneira diferente: a reação "pode ser mais ligeira da primeira vez e na seguinte evoluir" no que toca à gravidade dos sintomas.
A alergia alimentar, dentro do universo das alergias, não é, no entanto, das mais frequentes. "A doença respiratória, como a rinite e a asma, é muito mais frequente", refere Marta Chambel. "Até haver uma primeira reação, não há porquê pensar que a criança pode ter alergia alimentar", acrescenta.
Nesse sentido, quando se fala em introdução alimentar, não se deve pensar em evitar determinados alimentos com medo de reações alérgicas. "Nós nunca vamos deixar de dar um alimento a pensar que [o bebé] pode ser alérgico", diz Joana Martins, médica pediatra e convidada residente do Podcast do SAPO Lifestyle conduzido pelo jornalista Nuno de Noronha.
"Nem pensar. Há muitos pais que são alérgicos ao marisco e têm medo de dar marisco. Ou porque o irmão mais velho é alérgico ao ovo, têm medo de introduzir o ovo. Pelo contrário, devem introduzir esses alimentos quanto antes, porque atrasar a introdução também aumenta o risco de alergia", adianta a imunoalergologista.
"A história familiar aqui não é um fator tão determinante", confirma Joana Martins.
Dentro das alergias alimentares na infância, a mais prevalente é a alergia à proteína do leite de vaca. "Em segundo lugar talvez o ovo e o peixe", afirma Marta Chambel, que frisa que as alergias alimentares variam de país para país porque estão intrinsecamente ligadas aos hábitos alimentares dos povos.
"Cólicas, refluxo e a recusa de biberão não são sinais típicos de alergia às proteínas do leite de vaca. Parar o leite ao bebé por causa disso durante um tempo é um risco. Só deve ser feita quando há indicação médica", frisa a imunoalergologista.
"As cólicas afetam 60% dos recém-nascidos, portanto é impossível que 60% dos recém-nascidos sejam intolerantes ao leite de vaca", sublinha a pediatra Joana Martins.
Neste episódio, o jornalista Nuno de Noronha falou ainda com as convidadas sobre alternativas ao leite de vaca em caso de alergia, intolerâncias alimentares, doença celíaca, prevenção da alergia e vacinação.
O segundo episódio do Podcast "O importante é ter saúde" do SAPO Lifestyle, sobre "Doenças e alergias alimentares", pode ser ouvido no Spotify.
Pode voltar a ouvir o primeiro episódio sobre "Métodos de introdução alimentar" no SAPO Lifestyle ou no Spotify.
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