São uma das minhas hortícolas preferidas, pois são diferentes de todas as outras que habitualmente temos na horta, pelo modo de produção, de reprodução e de colheita e ainda pelo modo de as comer. O seu sabor é excelente. Eu considero-os um vegetal de luxo. São ricos em fibra, em vitamina C, em vitaminas B1 e B2, em vitamina E, em ácido fólico, em fósforo, em cálcio, em magnésio, em ferro, em zinco e em potássio.
Utilizados em dietas de emagrecimento, são baixos em calorias e não têm gordura nem colesterol. São uma planta perene da família Liliáceas e, apesar de existirem mais de 300 variedades, apenas 20 são comestíveis. A sua produção é dividida em quatro variedades principais. Um estudo do organismo Cancer Research UK, tornado público em 2018, desaconselha, no entanto, a sua ingestão a mulheres com cancro da mama.
"É um dos alimentos que faz com que a doença se espalhe" acusam os investigadores, que apontam o dedo a uma das substâncias que foram primeiramente identificadas nos espargos, apesar de também reconhecerem a necessidade de fazer estudos mais aprofundados em humanos. "É preciso entender melhor essa ligação", ressalva também Delyth Morgan, a diretora da instituição britânica Breast Cancer Now.
De comer e chorar por mais
A maneira como gosto mais de comer espargos é ao natural, cozidos e levemente molhados em manteiga derretida. Também fazem maravilhosas sopas e cozidos, são deliciosos em saladas. Os espargos têm propriedades rejuvenescedoras, tónicas e diuréticas que trazem muitos benefícios à saúde. Uma alimentação com espargos proporciona uma excelente condição das artérias.
Vários especialistas apontam também benefícios para a pele, unhas, cabelo, ossos, vista, estômago, coração e sistema nervoso. Sabia que o espargo pode provocar um odor característico na urina da pessoa que o consumiu, sem nenhuma consequência nociva, apesar de ser bom diurético? As substâncias que provocam esse odor não existem originalmente no vegetal.
São resultado do metabolismo de um dos seus componentes, que contém enxofre. Nos espargos, que muitos portugueses já consomem, existem plantas masculinas e femininas. As masculinas produzem rebentos mais grossos porque acumulam a força nas raízes. As femininas, por seu lado, dão rebentos mais finos porque dedicam mais energia à produção de sementes.
Os benefícios dos espargos verdes
São a variedade mais comum no mercado e caracterizam-se pelo sabor tenro e suculento. A esta categoria pertencem os espargos selvagens, que podem ser colhidos no campo em determinadas épocas e que são de um sabor inconfundível, sabem mesmo a natureza. Ricos em fibras e antioxidantes, fornecem vitaminas do complexo B, cálcio, ferro, magnésio, potássio, fósforo e zinco.
As características dos espargos brancos
Mais delicados e adocicados, são da mesma origem dos espargos verdes, só que são cultivados debaixo da terra, de modo a impedir o desenvolvimento da clorofila, criando assim a sua coloração branca. Encontramos estes espargos brancos em conserva. Também se podem comprar frescos. No entanto, o seu preço é mais elevado, pois a sua produção é mais trabalhosa e exaustiva.
O que distingue os espargos violetas e verdes
Este tipo de espargos apresenta uma mistura de cores entre o violeta e o verde e distinguem-se pela produção de rebentos carnudos que proporcionam um sabor fresco, agradável e exclusivo. À semelhança das outras variedades, também eles fornecem vitaminas do complexo B, cálcio, ferro, magnésio, potássio, fósforo e zinco, além de vitamina E e vitamina K.
As propriedades dos espargos violetas
Esta variedade de espargos é mais pequena. Normalmente, não ultrapassa dois a três centímetros de altura e apresenta um sabor mais doce e intenso. A cor violeta deve-se à ação das antocianinas, que alteram a cor das plantas e têm a função de as proteger contra a luz ultravioleta dos raios solares. Este vegetal diurético é também fonte de saponina, substância que reduz o colesterol e previne as doenças cardíacas.
Como cultivar espargos
Adoro espargos, mas não é fácil de ter em pequenas hortas. Exigem espaço e não se conseguem produzir em vasos, o que impossibilita tê-los num terraço ou pequeno jardim. Essa é a única desvantagem pois são de facílima manutenção e podem durar entre 10 e 15 anos no mesmo local, sempre a produzir, bastando que lhes demos alimento, adubo orgânico, uma vez por ano.
Para os cultivar, pode comprar sementes, mas a melhor maneira é comprar o que normalmente se conhece como garras, um conjunto de raízes de onde depois brotarão os rebentos. O cultivo de espargos pode ocorrer através de três métodos distintos. A sementeira direta, a transplantação de plântulas com 10 a 12 semanas e a tal plantação de garras (conjunto de raízes) com um ou dois anos.
Terá mais sucesso se plantar garras com um ano, pois o processo de plantação é mais simples. Trata-se de um método específico que se desdobra em três anos de cultivo. No primeiro ano, os espargos não devem ser colhidos, só devem ser realizadas ações de manutenção para maximizar o desenvolvimento vegetativo da massa foliar, para criar uma planta forte e saudável. No segundo ano, realizam-se operações semelhantes às do primeiro.
Deve ser feito desta forma para que o sistema radicular se possa desenvolver e acumular reservas para o crescimento nos anos seguintes. Nalguns casos, a partir do segundo ano de cultivo, os espargos podem ser colhidos, se os rebentos, a parte comestível, também conhecida como caule aéreo, estiverem prontos, mas o meu conselho é que tenha paciência e espere mais um ano para que a sua planta se torne verdadeiramente forte.
No terceiro ano, mantêm-se os cuidados com a cultura e inicia-se a colheita dos espargos, que pode ir até ao décimo ano. Apesar de poderem alcançar mais de 10 anos de produção contínua, nos últimos anos, há uma diminuição da sua capacidade produtiva. A planta estará mais frágil e, desta forma, também sujeita a alguns problemas fitossanitários.
As fases do processo de plantação a ter em conta
Para plantar espargos corretamente na horta, deve seguir os seguintes passos:
1. Escolher o local da plantação. Selecionar um local que não tenha ervas daninhas, pois a existência destas pode sufocar o crescimento dos espargos.
2. Abrir uma cova de 30 centímetros de profundidade e 40 centímetros de largura, o comprimento deve ser de dois metros se quiser plantar três ou quatro plantas, ou mais longo, se quiser aproveitar uma margem da horta ou do jardim e ter uma grande produção.
3. No fundo da cova, espalhe uma camada de composto maduro e coloque por cima, perfeitamente estendidas, as garras dos espargos.
4. A seguir deve cobrir com uma camada de estrume maduro, desta vez com 20 centímetros. Acabe de encher com uma camada de mulching. O solo ideal deve ser bem drenado e ter uma boa percentagem de areia. O espargo prefere climas temperados e suaves.
O método de colheita
Deve fazer-se no terceiro ano da cultura, na primavera, quando os rebentos estiverem jovens e com pouca fibra, se os deixarmos amadurecer, endurecem, ficam amargos e começam a espigar. Os rebentos devem ser colhidos com 18 a 25 centímetros de comprimento. Quando começarem a ficar finos, a colheita deve parar, para não ocorrer exaustão radicular, que pode causar a morte da planta.
Texto: José Arantes (autor do blogue Horta do Zé) com Luis Batista Gonçalves (edição digital)
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