Ocorre-me sempre, quando penso em espinafres, uma forte imagem da minha infância, a do Popeye, figura clássica das histórias em quadradinhos, que consumia frequentemente espinafres para, magicamente, ficar superforte fisicamente e assim enfrentar todos as adversidades que lhe apareciam. Lembro-me bem da frase «Vá! Se queres ser forte quando cresceres, come espinafres!».
«Olha o Popeye, não vês como ele fica quando come espinafres?», repetiam-me. Isto é explicado, em parte, pelo popularmente referido grande conteúdo em ferro dos espinafres mas que, na verdade, não é muito diferente do de outros vegetais. Ideais para sopas, saladas ou salteados com alho como acompanhamento, fornecem vitamina B, vitamina C, cálcio e magnésio.
O espinafre tradicional
O espinafre (Spinacia oleracea) é uma planta rasteira originária do centro e do sudoeste da Ásia, pertencente à família das Amarantáceas, cujas folhas são comestíveis. É uma planta anual, que cresce até cerca de 30 centímetros de altura. O espinafre, em Portugal, é normalmente uma cultura de inverno. As folhas têm muitos tamanhos, conforme as diferentes variedades.
Vão desde os dois aos 30 centímetros de extensão e de um a 15 centímetros de largura, com folhas maiores na base da planta e menores no topo. É uma planta essencial na nossa horta, sobretudo no inverno, pois com altas temperaturas ela floresce prematuramente e assim a folha perde rapidamente a textura suave e o fantástico sabor adocicado.
Nos mercados, encontramos a planta inteira, com a raiz, mas uma das grandes vantagens de a termos na horta é que podemos ir colhendo as folhas à medida que vamos precisando. Desde que não se retirem as folhas baby, a planta vai dando novas folhas durante todo o inverno.
Uma das desvantagens é que, assim que ela entra na panela para cozer, reduz enormemente de tamanho. Por isso, para termos esta cultura durante um tempo significativo, temos de plantar em grandes quantidades e ocupar algum espaço da nossa horta. Os espinafres congelados são sempre uma outra opção a considerar.
O espinafre-da-nova-zelândia
No Brasil, espinafre é o nome popular da planta Tetragonia tetragonioides, também conhecida como espinafre-da-nova-zelândia, que é parecida com o verdadeiro espinafre, mas pertence a outra família botânica. Em Portugal, os espinafres-da-nova-zelândia podem ser uma boa alternativa aos espinafres verdadeiros.
Apesar de não serem tão tenros, são igualmente saborosos, têm muito maior resistência ao calor e à seca, bem como um longuíssimo período de vida. Apesar de serem plantas anuais, se os deixarmos desenvolver completamente, autossemeiam-se e podemos usufruir deles durante muitos anos. Aperte a extremidade para que se encham de folhas.
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Os cuidados de cultivo a ter para conseguir espinafres biológicos
Os espinafres não gostam de ser transplantados, mas, se os adquirir em alvéolos, tenha o cuidado de não danificar o torrão e esteja preparado para ter alguma percentagem de perda. Pode voltar a transplantar novas mudas, mas o mais aconselhável para ter sucesso é semear diretamente no local definitivo. Esse local deve ser soalheiro mas fresco e com bastante matéria orgânica.
Os espinafres gostam de humidade. Para isso, pode também cobrir a terra com uma boa camada de mulching. Plante no início do outono ou da primavera e prepare-se para os colher poucas semanas depois, dado serem de crescimento rápido. Se semear, depois de criarem as primeiras folhas verdadeiras, desbaste de modo a ficarem com cerca de 15 centímetros entre eles.
Sabia que há ácido oxálico presente nos espinafres?
Se os cultivar em casa, colha as folhas assim que tiverem tamanho suficiente. Se os comprar no mercado, tenha também isso em conta. Estas podem ser comidas em cru ou cozinhadas e são muito fáceis de congelar, pois conseguem manter a cor e o sabor. O ácido oxálico presente nos espinafres pode, no entanto, prejudicar a absorção de cálcio e ferro.
Uma maneira fácil de resolver este problema é ferver as folhas de espinafre, durante pelo menos dois minutos, ou consumi-las junto com alimentos ricos em vitamina C. Cozinhar o espinafre aumenta os seus benefícios. Meia chávena de espinafres cozidos é tão nutritiva quanto uma chávena de espinafre cru. Isto porque o organismo não consegue decompor completamente os nutrientes do espinafre cru para seu uso.
O espinafre é muito bom para a digestão pois protege o revestimento mucoso do estômago. Por essa razão, é também aconselhado contra as úlceras. Quando comprar espinafres, escolha os que estiverem mais expostos ao sol. O motivo? Os espinafres armazenados continuamente sob a luz têm níveis de vitaminas mais elevados!
Texto: José Arantes
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