Nascido em Brooklyn, em Nova Iorque, Martin Shkreli tornou-se um "homem de sucesso" desde cedo. Começou a apostar em fundos de investimento e o alto retorno financeiro permitiu-lhe fundar a farmacêutica Turing, da qual era diretor-executivo.
Porém, a queda não tardou: a Justiça norte-americana condenou-o na sexta-feira a sete anos de prisão porque, no ano passado, produziu informações falsas sobre contas de clientes que sofreram enormes desfalques financeiros. No entanto, Shkreli ficou famoso por outro caso, quando ganhou a alcunha de "homem mais odiado dos Estados Unidos".
A razão? Em 2015, depois da sua empresa conseguir registar uma patente farmacológica, Martin Shkreli aumentou em mais de 5.000% o preço de um fármaco para pessoas com o sistema imunitário debilitado, como pacientes com VIH/Sida, grávidas e idosos.
Durante o julgamento, que terminou na sexta-feira com a leitura da sentença, a defesa de Shkreli pediu uma pena de 12 a 18 meses de prisão. A acusação pediu mais de 15 anos.
Até o advogado lhe quis bater
O advogado do empresário, Benjamin Brafman, reconheceu que o seu cliente poderia "ser uma pessoa irritante". "Há momentos em que quero abraçá-lo, consolá-lo, mas também há ocasiões em que quero bater-lhe", disse Brafman, citado pela estação de televisão britânica BBC.
Na sexta-feira, a atitude de Shkreli foi muito diferente das outras vezes em que compareceu perante um juiz. "Acabei com a imagem de Martin Shkreli com as minhas ações vergonhosas", admitiu o empresário falando sobre si mesmo, em sinal de arrependimento.
Entre essas "ações vergonhosas", o jovem referiu-se ao facto que o tornou num dos homens mais odiados do mundo. Após fundar a empresa Turing Pharmaceuticals, recebeu a patente do fármaco Daraprim e aumentou o seu preço para 750 dólares americanos (cerca de 604 euros) , uma subida de 5.000% face ao valor inicial.
O caso de Shkreli é usado como exemplo dos excessos económicos praticados em empresas de todo o mundo e a sua imagem ficou conhecida como uma das faces mais cruéis do capitalismo.
Porém, o aumento de preços não é ilegal e nem mesmo incomum na indústria farmacêutica norte-americana. Por isso, este jovem empresário não enfrentou nenhuma punição pelo escandaloso reajuste.
O que o levou aos tribunais foi uma acusação de fraude e saque de milhões de dólares em dois fundos que geriu, o MSMB Capital e o MSMB Healthcare. O juiz considerou-o culpado por esses crimes e por inflar o valor das ações da Retrophin, outra empresa farmacêutica fundada por ele em 2011.
Antes da leitura da sentença, o advogado de defesa informou que o seu cliente está falido e sofre de depressão e ansiedade.
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