Em Portugal cerca de 800.000 pessoas sofrem de doença renal crónica.
Este é um tipo de doença que consiste numa lesão renal que pode ter várias causas (nomeadamente, a diabetes mellitus e a hipertensão arterial) e que se acompanha de um declínio, mais ou menos lento, mas progressivo das funções dos rins.
Com base na capacidade filtrante renal, está estabelecido que existem cinco estádios de evolução, e começa a falar-se em insuficiência renal crónica a partir do terceiro estádio de evolução.
O que causa a doença renal crónica?
De acordo com os estudos baseados na experiência acumulada em todo o mundo, as principais doenças que afetam os rins de uma forma crónica estão relacionadas com a diabetes mellitus (sobretudo a diabetes tipo 2) e a hipertensão arterial. Num patamar imediatamente a seguir estão as doenças vulgarmente chamadas de nefrites, de que são exemplo, as pielonefrites associadas à litíase urinária (cálculos renais) e as glomerulonefrites, a maior parte destas não têm uma causa identificada.
Finalmente estão as doenças hereditárias, de que é exemplo principal a doença renal poliquística. É, contudo, importante referir que existe uma percentagem muito significativa de doentes em que não é possível especificar a causa principal da doença renal. Este facto deve-se à evolução silenciosa de um somatório de fatores, em que a hipertensão arterial tem, quase sempre, um papel preponderante. Nestes casos, a deteção da doença renal, evoluindo ao longo do tempo e sem acompanhamento médico, só vem a ser efetuada muito tardiamente, sem possibilidade de um diagnóstico de certeza.
A vida não é possível sem os rins a funcionar
As funções dos rins no organismo são diversas mas a mais conhecida e mais divulgada consiste na eliminação das substâncias tóxicas resultantes do funcionamento normal de todos os órgãos do corpo. Por isso se costuma ouvir dizer que os rins filtram o sangue. Este órgão contribui ainda, direta ou indiretamente, para o bom funcionamento do organismo, através de várias outras funções, como por exemplo, a regulação da quantidade de água e sal eliminados diariamente, a regulação da pressão arterial, a produção de sangue pela medula óssea, o funcionamento endócrino (hormonal) no seu todo e o metabolismo mineral dos ossos.
Os rins desempenham ainda um papel fundamental na eliminação preferencial dos medicamentos ou de quaisquer outras substâncias estranhas ao próprio organismo, acompanhando a intervenção do fígado. Por desempenharem todas estas funções no organismo, os rins são dos órgãos mais importantes para o ser humano e, a partir de certo grau da insuficiência renal (estádio 5), o doente tem de ficar dependente de tratamento dialítico ou, nos casos em que isso for possível, de um transplante renal.
Em Portugal cerca de 800.000 pessoas sofrem de doença renal crónica, um tipo de doença que consiste numa lesão renal que pode ter várias causas (nomeadamente, a diabetes mellitus e a hipertensão arterial) e que se acompanha de um declínio, mais ou menos lento, mas progressivo das funções dos rins. Com base na capacidade filtrante renal, está estabelecido que existem cinco estádios de evolução, e começa a falar-se em insuficiência renal crónica a partir do terceiro estádio de evolução.
O que causa a doença renal crónica?
De acordo com os estudos baseados na experiência acumulada em todo o mundo, as principais doenças que afetam os rins de uma forma crónica estão relacionadas com a diabetes mellitus (sobretudo a diabetes tipo 2) e a hipertensão arterial.
Num patamar imediatamente a seguir estão as doenças vulgarmente chamadas de nefrites, de que são exemplo, as
pielonefrites associadas à litíase urinária (cálculos renais) e as glomerulonefrites, a maior parte destas não têm uma causa identificada.
Finalmente estão as doenças hereditárias, de que é exemplo principal a doença renal poliquística. É, contudo, importante referir que existe uma percentagem muito significativa de doentes em que não é possível especificar a causa principal da doença renal. Este facto deve-se à evolução silenciosa de um somatório de fatores, em que a hipertensão arterial tem, quase sempre, um papel preponderante. Nestes casos, a deteção da doença renal, evoluindo ao longo do tempo e sem acompanhamento médico, só vem a ser efetuada muito tardiamente, sem possibilidade de um diagnóstico de certeza.
A vida não é possível sem os rins a funcionar
As funções dos rins no organismo são diversas mas a mais conhecida e mais divulgada consiste na eliminação das substâncias tóxicas resultantes do funcionamento normal de todos os órgãos do corpo. Por isso se costuma ouvir dizer que os rins filtram o sangue. Este órgão contribui ainda, direta ou indiretamente, para o bom funcionamento do
organismo, através de várias outras funções, como por exemplo, a regulação da quantidade de água e sal eliminados diariamente, a regulação da pressão arterial, a produção de sangue pela medula óssea, o funcionamento endócrino (hormonal) no seu todo e o metabolismo mineral dos ossos.
Os rins desempenham ainda um papel fundamental na eliminação preferencial dos medicamentos ou de quaisquer outras substâncias estranhas ao próprio organismo, acompanhando a intervenção do fígado. Por desempenharem todas estas funções no organismo, os rins são dos órgãos mais importantes para o ser humano e, a partir de certo grau da
insuficiência renal (estádio 5), o doente tem de ficar dependente de tratamento dialítico ou, nos casos em que isso for possível, de um transplante renal.
As formas de tratamento de uma doença renal crónica
As formas de tratamento da doença renal crónica dependem da causa e da fase de evolução. Numa primeira abordagem, para além do tratamento da causa, os principais objetivos consistem no controlo da alimentação e na correção dos fatores de risco associados à doença, como o controlo da hipertensão arterial (que frequentemente acompanha a doença renal em geral) e o controlo da glicemia nos diabéticos. Estes doentes são também objeto de atenção em relação ao controlo da anemia e da doença óssea, para além do tratamento do edema (inchaço das pernas e/ou da face).
Nesta fase da evolução, o seguimento destes doentes em consulta de nefrologia é muito importante porque o grande objetivo consiste na estabilização da doença, evitando a progressão rápida para o estado de urémia (o tratamento conservador). Em fases mais avançadas da insuficiência renal, em que os rins se tornam incapazes de manter o equilíbrio do organismo, e porque, como foi referido, não é possível a vida sem o seu funcionamento, surge a necessidade do tratamento substitutivo da função renal, que só pode ser conseguido através da diálise ( peritoneal ou a hemodiálise) e da transplantação renal.
A prevenção é essencial
A doença renal crónica pode evoluir durante muito tempo sem provocar sintomas, como por exemplo as dores, sendo até muito frequente os doentes referirem que não sentem quaisquer dores e até urinam muito bem, não compreendendo como podem sofrer de insuficiência renal. Os sintomas mais relevantes podem somente aparecer a partir do terceiro estádio de evolução e são sobretudo a hipertensão, o edema ou inchaço das pernas ou da face, e a anemia.
Em fases mais avançadas, correspondendo a um estado de intoxicação geral chamado de urémia, surge a sensação de fraqueza geral, a falta de apetite, as náuseas e os vómitos e as dores ósseas. Nessa altura os edemas e o inchaço podem aumentar substancialmente, a quantidade de urina pode diminuir e o doente pode desenvolver queixas de dificuldade em respirar. A perturbação hormonal pode tornar os doentes inférteis, impedindo, no caso da mulher grávida, de levar a gestação até ao termo.
Quando nos referimos à prevenção, é difícil não cair no lugar-comum do aconselhamento de uma vida saudável, tanto quanto possível, evitando o excesso de consumo de sal, gordura, açúcares e tabaco e praticando regularmente exercício físico. É extraordinariamente importante vigiar a tensão arterial, o peso, e se for diabético há que controlar rigorosamente as glicemias. Em virtude de se tratar de uma doença, frequentemente, silenciosa, o diagnóstico das alterações, o mais cedo possível, podem contribuir para a deter e atrasar a sua progressão.
Por isso, a visita regular ao médico assistente deve ser uma rotina, porque o diagnóstico é possível com dois simples testes de sangue e urina. A este propósito é muito importante salientar o papel dos médicos de medicina geral e familiar, perfeitamente capacitados para avaliação, deteção precoce e vigilância da doença renal crónica nas suas fases mais iniciais.
Os grupos de risco
A doença renal crónica pode atingir indivíduos de ambos os sexos mas parece progredir mais rapidamente no sexo masculino. A sua incidência é maior nos adultos e idosos, fazendo com que seja considerada uma doença que atinge sobretudo as idades mais avançadas.
Todavia, é importante reter que a doença renal crónica pode evoluir silenciosamente durante muito tempo. Por este motivo são importantes a prevenção e o diagnóstico, tão cedo quanto possível.
De acordo com estudos feitos na área, a obesidade, definida por um índice de massa corporal (relação entre o peso e o quadrado da altura) superior a 30, consiste, na realidade, num forte fator de risco para o desenvolvimento da doença renal crónica. Os indivíduos em qualquer idade, e de qualquer sexo, que apresentam esta condição, apresentam um
risco de três a quatro vezes superior para desenvolver doença renal crónica.
Mas mesmo nos indivíduos com o índice de massa corporal superior a 25, e com mais de 20 anos de idade, o que é considerado excesso de peso, correm o mesmo risco. Esta ligação entre obesidade e doença renal crónica é particularmente forte para a doença renal crónica associada à diabetes e à hipertensão arterial. O tratamento da obesidade, que tantas vezes acompanha o doente diabético e/ou hipertenso, consiste prioritariamente, na redução do peso, contribuindo assim para a estabilização da doença renal, evitando a sua progressão.
O caso português
Em Portugal, estima-se que cerca de 800.000 pessoas devam sofrer dedoença renal crónica, mas a maioria não o sabe. A doença renal crónica, numa qualquer fase da sua evolução, pode afetar um em cada 10 indivíduos na idade adulta. É para a grande maioria destas pessoas que se dirigem estas palavras de informação e de advertência.
Na sua fase mais avançada, chamada de insuficiência renal crónica de grau severo, a vida só é possível através da diálise, ou de um transplante renal. Isto significa, que neste preciso momento, e no nosso país, já estão dependentes de tratamento substitutivo da função renal cerca de 16.000 doentes (2/3 em diálise e 1/3 já transplantados). Todos
os anos são cerca de 2.000, os doentes que atingindo uma fase em que os rins deixaram completamente de funcionar, têm de iniciar diálise ou receber um transplante.
Texto: Rui Alves (professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, nefrologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e membro da direção da Sociedade Portuguesa de Nefrologia)
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