O cancro da mama é conhecido desde a antiguidade, muitos séculos antes de serem inventados dispositivos modernos de diagnóstico e de se fazer a apologia do autoexame da mama, como atualmente. Por outro lado, o sutiã é uma invenção muito moderna, com pouco mais de mil anos de idade. Luman L. Chapman juntou dois pequenos cestos ao corpete em 1863 e Marie Tucek registou a invenção como um suporte do peito em 1893.
O sutiã moderno foi criado por Mary Phelps Jacob, em 1913. Um dia, simplesmente, decidiu atar dois pedaços de seda com um lacinho de fita e estava criado o antepassado da peça de roupa feminina mais usada. A partir daí, esta peça de roupa interior foi-se generalizando, ao ponto de hoje serem milhões em todo o mundo as mulheres que não o dispensam. Umas por questões de conforto e outras para seduzir o parceiro.
Está a par do rumor?
A teoria que defende que usar sutiã provoca cancro da mama diz que utilizar um durante 12 ou mais horas bloqueia o sistema linfático do peito, fazendo com que se acumulem substâncias prejudiciais nessa zona, o que provocaria cancro da mama. Essa ação não tem, contudo, qualquer efeito real no desenvolvimento do cancro da mama porque, na realidade, este é causado pelas células cancerígenas, garantem especialistas.
Porém, é verdade que os sutiãs, se forem muito pequenos ou feitos com materiais sintéticos, irritam a pele e provocam hematomas e inflamações. O peito grande também pode gerar dores nas costas e no pescoço. É, por isso, necessário usar um sutiã de qualidade que assegure o apoio adequado. Os sutiãs são também obrigatórios na prática desportiva porque impedem que o peito salte de forma descontrolada.
As posições das sociedades médicas
A American Cancer Society, uma das muitas sociedades médicas que se pronunciaram sobre esta questão, é perentória. Este coletivo de especialistas afirma que os sutiãs não contribuem para o desenvolvimento do cancro da mama. Todavia, as estatísticas mostram que o cancro da mama ocorre menos frequentemente em mulheres que não usam sutiã. Estas mulheres são habitualmente magras e têm peito pequeno.
Por outro lado, as mulheres com peito relativamente grande ou pelo menos de tamanho médio, bem como aquelas que são um pouco mais pesadas, normalmente têm que usar sutiã para apoio suplementar. Em qualquer dos casos, a maior quantidade de tecido mamário e o excesso de peso são possíveis fatores para o desenvolvimento mais frequente do cancro da mama, como também apontaram estudos e investigações.
Os fatores que (mais) deve temer
O National Cancer Institute, instituto norte-americano que se debruça sobre a evolução das doenças cancerígenas, também abordou publicamente o problema. Este organismo concorda que usar sutiã não está diretamente ligado ao desenvolvimento do cancro da mama. São fatores mais plausíveis e comprovados os genes, o consumo de álcool e de tabaco, bem como um estilo de vida pouco saudável e o excesso de peso.
Todas estes fatores contribuem para um nível de estrogénio mais elevado no corpo, o que aumenta a probabilidade de desenvolvimento de cancro da mama. Mas, ainda assim, apesar das evidências que estas e outras sociedades médicas têm vindo a apontar ao longo da última década, a última palavra é sempre sua. Se continua com receios, pode sempre decidir deixar de usar sutiã se isso a fizer sentir melhor.
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