Em abril de 2022, a média mensal da Euribor a 12 meses (a mais usada nos contratos de crédito habitação em Portugal) voltou a entrar em terreno positivo. Desde então, já subiu mais de quatro pontos percentuais: em julho de 2023, foi de 4,149%.
Esta evolução tem, naturalmente, um forte impacto no orçamento das famílias, que viram as prestações do crédito habitação aumentar várias centenas de euros em poucos meses. Neste cenário, uma das soluções para mitigar o impacto do agravamento poderá passar por renegociar o crédito. Conheça quatro passos para fazê-lo.
1. Peça e analise o mapa de responsabilidades de crédito
O Mapa de Responsabilidades de Crédito é um documento emitido pelo Banco de Portugal no qual constam informações sobre todos os seus créditos, tais como o número de contratos, o prazo de pagamento e o valor das prestações. Pode aceder ao seu mapa diretamente no site do Banco de Portugal, usando as suas credenciais de acesso ao Portal das Finanças.
Ao analisar este documento, vai conseguir ter uma visão muito mais clara da situação dos seus créditos e das suas responsabilidades financeiras.
2. Faça contas aos gastos e calcule a taxa de esforço
É importante saber quanto está a gastar com créditos e qual o peso que isso tem no seu orçamento. A taxa de esforço ideal num crédito habitação não deve ultrapassar os 30% do rendimento líquido mensal do agregado familiar. Ou seja, se esse rendimento for de 2.500 euros mensais, a prestação ideal do crédito habitação não deve ser superior a 750 euros.
No caso de ter mais créditos (como crédito automóvel), a taxa de esforço não deve ser superior a 50%. Para o mesmo rendimento mensal do exemplo anterior, o montante destinado ao pagamento de créditos deve ser, no máximo, de 1.250 euros.
Lembre-se ainda de calcular o peso que as outras despesas mensais têm no seu orçamento (como a luz, a água, o gás e as telecomunicações). Apesar de os bancos não as considerarem no cálculo da taxa de esforço, ter uma noção completa dos seus gastos vai-lhe permitir estar mais bem preparado para renegociar o crédito e escolher a melhor opção.
3. Fale com o seu banco
Contas feitas, é hora de falar com o banco para começar o processo de renegociação e tentar encontrar a melhor solução para si. Entre as condições que pode tentar alterar encontram-se:
- O spread;
- O prazo do indexante (Euribor a três, seis ou 12 meses);
- O regime da taxa de juro (fixa ou variável);
- O prazo para pagar o empréstimo;
- A modalidade de reembolso.
Quando for renegociar o contrato de crédito, deve apresentar os seguintes documentos:
- Cartão de cidadão;
- Recibos de vencimento;
-Cópia da última declaração de IRS;
-Nota de liquidação do IRS;
-Comprovativo de IBAN;
- Comprovativo de morada.
4. Pondere consolidar os seus créditos
Tem, pelo menos, mais dois créditos além do crédito habitação? Consolidá-los pode ser uma boa solução para reduzir a fatura mensal com o pagamento das prestações. Ao juntar todos os contratos de crédito num só, fica a pagar uma única prestação. Além disso, a taxa de juro é mais baixa do que a média das taxas dos créditos que pagava individualmente. O que é que isso significa? Que no final do mês vai pagar menos.
Contudo, para ter acesso ao crédito consolidado deve cumprir um conjunto de requisitos. Além de ter de ter, pelo menos, dois créditos ao consumo (podem ser cartões de crédito ou crédito automóvel, por exemplo), não pode estar em incumprimento e a sua situação profissional deve ser estável.
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