Todos os seres humanos são afetados por emoções e não há como não deixar de as sentir. No entanto investir com o coração não é saudável, nem para si, nem para a sua carteira. Quase sempre, investir de acordo com o "mood" do momento pode impedi-lo de atingir os resultados que deseja. Neste artigo vamos trocar isto por miúdos e entender melhor porque é que o investimento emocional é desaconselhado.
O que significa investir com o coração?
Investir com o coração significa tomar decisões em relação aos investimentos com base no que está a sentir no momento. Por exemplo, se estiver otimista pode querer comprar, se estiver triste pode querer vender. Compras e vendas que podem não ter nenhum sentido racional e que são decisões das quais se pode vir a arrepender mais tarde. Além destas emoções existem outras que o podem levar a ter, igualmente, decisões irrefletidas: pânico, ansiedade, esperança, euforia ou até mesmo raiva.
As reações e o apego emocional
Já vimos alguns. Mas além das compras e vendas por mero impulso há ainda outro grande problema com o investimento emocional: o apego. No fundo trata-se de querer manter a todo o custo um determinado investimento ou um ativo em carteira. Investir com o coração pode facilmente retirá-lo do foco dos seus objetivos de investimento e poder sofrer alguns danos financeiros como maior exposição ao risco ou perder oportunidades.
Estas reações às flutuações do mercado, que são permanentes, podem levá-lo a viver numa verdadeira montanha russa e a ter dificuldade em ver os riscos e as oportunidades.
Resistir ao medo de perder
O medo é uma das emoções mais presentes na nossa vida. Nos investimentos financeiros também é muito fácil ter medo. Por exemplo, quando o mercado está a desvalorizar de forma permanente, situações também conhecidas por bear markets. Nesses casos, os investidores podem ser assaltados pelo medo de perder mais dinheiro e ter a tentação de vender os seus investimentos ao desbarato. Antes de tomar decisões, leia e informe-se sobre o bê-à-bá do investimento.
Impor limites
Os investidores costumam ter aversão às perdas, por vezes, até mais do que ao medo. Querem evitar, a todo o custo, pensar que podem ter perdas. Aliás, o comum dos investidores prefere evitar perdas que obter melhores retornos. No entanto, este enviesamento emocional da aversão à perda leva a uma situação de apego emocional. Ou seja, o investidor quer, a todo o custo, manter o seu investimento, mesmo quando está a desvalorizar significativamente. Porquê? Por que como não quer pensar que pode perder, tem sempre a esperança de que os investimentos voltem a subir.
Impor limites pode ajudá-lo a lidar com esta situação. Um dos mais usuais é definir stop losses, um limite para travar perdas, muito utilizado na negociação em bolsa. Este é então acionado para vender títulos quando atingem um determinado preço.
Controlar a ambição de ganhar
A situação inversa também é válida. Quando os mercados estão a subir ou o investimento está a valorizar e a correr muito bem, o investidor começa a ambicionar mais e mais. No entanto, há que saber que existe um momento para parar, até porque o mercado não vai estar a subir para sempre. Os investidores com excesso de ambição e que investem com o coração, nem sempre conseguem avaliar devidamente os movimentos do mercado, podendo resultar em perdas.
Ter uma atitude realista
Uma das melhores formas de evitar investir com o coração é ter uma atitude realista. Nada de se deixar levar pelos seus juízos de valor do momento. Se lhes der uma importância excessiva corre o risco de fazer transações como muita frequência para aproveitarem sempre as melhores condições do mercado. Qual é o problema disto? É que essas operações têm custos que podem vir a abafar os possíveis retornos mais elevados. Avalie sempre a situação friamente e veja se compensa.
Definir objetivos
Dizem que todos os caminhos são bons quando não sabemos para onde ir. Este ditado popular também se aplica aos investimentos. Antes mesmo de começar um investimento deve saber porque o está a fazer e traçar os seus objetivos a médio e longo prazo. Assim será mais fácil resistir a impulsos provocados por maiores descidas ou subidas, e também a informação, que parecem querer induzir-nos a agir de determinada forma.
Avalie a sua tolerância ao risco
Além de estar bem ciente dos seus objetivos, é importante também estar consciente do quão tolerante é ao risco e qual é o seu perfil de investidor. Ou seja, quanto é que está disposto a perder para alcançar os seus objetivos? Será que é mais conservador e não está disposto a perder (quase) nada? Será que não se importa de arriscar um pouco mais se também puder ganhar mais? Após uma reflexão equilibrada entre objetivos e risco, pode ser mais fácil tomar decisões mais coerentes e resistir às tempestades do mercado.
Não vá atrás dos outros
Pensar pela própria cabeça é mais um princípio que também se aplica aos investimentos. Isto significa que deve avaliar o retorno que está a ter, regularmente, e verificar se estão em linha com os objetivos que definiu inicialmente. Se estiverem há que continuar nesse caminho. Se não estiverem, talvez seja tempo para reequilibrar a sua carteira de investimentos. Este comportamento é o oposto de seguir o que a maioria faz: compra quando o mercado está a subir e vende quando o mercado está em queda. Uma atitude assim, seguidora, pode implicar perder ganhos significativos a longo prazo.
Não ponha os ovos todos no mesmo cesto
Repartir os seus investimentos por mais do que um produto é outro princípio para não investir com o coração. A lógica deste princípio está na matemática e no bom senso. Ora, se depositar todo o seu dinheiro em ações de uma única empresa fica mais sensível às flutuações da respetiva cotação. Já se repartir o seu dinheiro por ações de três ou quatro empresas, a sensibilidade dos seus potenciais ganhos é menor às flutuações da cotação de cada uma delas. Por isso, tente repartir o seu dinheiro em produtos, setores e geografias diferentes. Os economistas chamam a esta técnica diversificação. A sua utilização ajuda-o a evitar responder com o coração às flutuações do mercado.
A diversificação é uma estratégia de proteção para os investidores já que possibilita que as perdas de uns investimentos sejam compensadas pelos ganhos em outros investimentos. Mas atenção. Há regras a respeitar para fazer uma boa diversificação.
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