Depósitos a prazo = Perder dinheiro

Muitas pessoas aplicam o seu dinheiro em depósitos a prazo ou outras soluções sem risco, como sejam os certificados de aforro. Fazem-no porque não querem perder dinheiro. Preferem não perder a ganhar mas acabam a perder poder de compra. É verdade. A taxa de juro é garantida e o risco de perda de capital é (teoricamente) nulo. Mas perdemos poder de compra.

Quando falamos de poupar ou de investir, sugerimos sempre que se calcule a taxa de retorno real. Esta taxa diz-nos o ganho ou a perda de poder de compra associado a um investimento. Para tal, precisamos de saber:

  • Taxa de retorno ou taxa de juro da aplicação;
  • Taxa de inflação.

Ao subtrair à taxa de retorno a taxa de inflação, sabe se ganhou ou perdeu poder de compra. Assim, se obteve 2% no seu depósito a prazo e se a taxa de inflação foi de 3%, saiba que perdeu 1%. Sim, os seus 1.000€ ganharam 20€ em juros. Mas os 1.020€ de capital no final (excluindo impostos) não compram o mesmo do que 1.000€ no ano anterior.

O que podemos fazer para não perder poder de compra?

A resposta a esta pergunta é muito simples, embora muitas pessoas não a queiram enfrentar. Para manter ou mesmo para ganhar poder de compra, num ambiente de elevada taxa de inflação, temos de assumir riscos. É verdade. O malfadado risco, que nos leva sempre a olhar para a possibilidade de perder dinheiro e não para a possibilidade (mais provável) de ganhar. Somos avessos ao risco e não queremos pensar, se quer, em perder.

Como investir se temos tanta incerteza?

Estamos a defender que se assumam riscos e que se invista num cenário de grande incerteza? Será que faz sentido assumir riscos quando temos um novo governo nos EUA, problemas de guerra na Ucrânia e demais tensões geopolíticas? De facto, pode parecer pouco intuitivo. No entanto, a história nos mercados diz-nos que o investimento com risco tende a compensar em prazos grandes. Os mercados de ações já superaram muitas guerras, crises de petróleo, pandemias e outros que tais. E continuam a valorizar.

É certo que nestas alturas temos de ser cautelosos, especialmente se não dominamos estes temas. Assim, para se iniciar neste novo mundo, sugerimos:

  1. Faça entregas periódicas para um produto, o que lhe permite comprar os seus investimentos em diferentes momentos, reduzindo assim o risco do preço;
  2. Escolha produtos de investimento coletivo, soluções que podem ser geridas por gestores profissionais e que lhe permitem diversificar riscos, a partir de montantes muito reduzidos;
  3. Diversifique riscos em diferentes classes de ativos. Em momentos difíceis, pode ser que as ações desvalorizem, ao passo que algumas matérias-primas valorizam, por exemplo;
  4. Peça ajuda. Há bancos com ótimas soluções de apoio ao investimento. Escolha bancos que tenham uma grande oferta de soluções de gestoras internacionais e que têm bons serviços de assessoria financeira.
  5. Foque-se no longo prazo. Não precisa de acompanhar os seus investimentos diariamente. Dê tempo ao tempo e evite decisões focadas na emoção.

Investir pode ser complexo. Pode gerar receios. No entanto, irá ver que o passo mais difícil é começar. Ao ganhar habituação e ao aprender como tudo funciona, perceberá que não é um bicho de sete cabeças. Sim, é possível ganhar dinheiro a investir, desde que siga regras simples e que monte uma estratégia pensada e coerente.

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