Perder a vergonha é o primeiro passo. Ainda acreditamos que existem assuntos tabu, que não podemos falar sobre dinheiro na nossa esfera pessoal e que estamos a invadir o espaço dos outros quando tocamos nestas questões. No entanto, é cada vez mais evidente a necessidade de falar sobre estes temas de modo a partilhar experiências, ajudar na solução de problemas e caminhar para uma vida financeira mais regrada e bem-sucedida.
Anualmente, a 31 de outubro, assinala-se o Dia da Formação Financeira, uma data criada para promover a literacia financeira, mas, na realidade, todos os dias do ano são bons para abordar esta temática. Assim, o primeiro passo da estratégia a adotar para poupar e ensinar os que o rodeiam a economizar também consiste, precisamente, em perder a vergonha, sem ser invasivo. Depois, o segundo é perceber o público e as suas características.
É fundamental perceber as características, as aspirações e os medos da pessoa que está à sua frente. "Neste contexto, não deveremos partir com ideias pré-concebidas, pois é notório que os problemas financeiros podem afetar todas as pessoas. Perceba a sua realidade familiar, os seus hábitos, as suas dificuldades e as suas ambições antes de avançar com um apoio mais prático", sugere João Morais Barbosa. De acordo com o administrador da Reorganiza, empresa que desenvolve planos de redução de custos mensais com créditos e seguros, as ações de formação e de sensibilização são essenciais.
"Podem ser importantes ferramentas para alertar para erros, perigos e estratégias mais genéricas. Não são ações de aconselhamento, mas antes formas de comunicar com um público mais vasto e partilhar experiências", sublinha. "Adicionalmente, podem revelar-se importantes fóruns para abordar comportamentos errados sem ferir suscetibilidades. Poderemos utilizar exemplos de outras pessoas sem apontar o dedo", refere ainda.
"Ações deste tipo poderão abordar temas tão diversos, comunicados num envelope inócuo para não afastar ninguém, como o orçamento familiar, a poupança, o endividamento, o corte de custos, os investimentos ou a preparação da reforma, entre muitos outros", exemplifica. Numa fase posterior, surge o coaching e o acompanhamento. "O terceiro passo, que envolve uma intervenção mais prática, consiste em ações individuais", esclarece.
Essas iniciativas são "destinadas a ajudar cada pessoa a definir os seus objetivos e a identificar caminhos para os atingir", assegura João Morais Barbosa. "No contexto financeiro, poderão ser definidas medidas práticas e imediatas como a construção do orçamento familiar, a negociação de créditos, a mediação de seguros, a transferência de contratos de serviços ou a escolha de aplicações financeiras", enumera o administrador da Reorganiza.
O acompanhamento regular destas ações traduz-se, por norma, numa ação concreta e na motivação extra para o atingimento dos objetivos propostos. "A mudança de hábitos exige um esforço individual e coletivo. Envolve esforço, mas os resultados são imediatos e muito motivadores. A extensão da intervenção dependerá do estado financeiro da pessoa em concreto mas é possível mudar de vida e colher os resultados desse esforço", conclui.
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