De acordo com o documento, em 2017, a Carnival Corporation, a maior operadora de cruzeiros de luxo do mundo, emitiu cerca de 10 vezes mais óxido de enxofre nas costas europeias do que os 260 milhões de carros europeus.
Em termos absolutos, a Espanha, Itália e Grécia, seguidos de perto pela França e Noruega e depois por Portugal, são os países europeus mais expostos à poluição por dióxido de enxofre dos navios de cruzeiro, enquanto Barcelona, Palma de Maiorca e Veneza são as cidades mais afetadas, seguidas por Roma e Southampton, e Lisboa em sexto lugar.
A grande exposição deve-se ao facto de serem os principais destinos turísticos, mas também, diz o estudo, porque têm padrões menos rigorosos sobre o enxofre marítimo, permitindo que os navios de cruzeiro queimem o combustível mais sulfuroso e mais poluente ao longo das suas costas.
A associação ambientalista Zero, que é membro da Federação, salienta num comunicado divulgado hoje que as emissões de óxido de enxofre lançadas pelas chaminés dos navios formam aerossóis de sulfato, “que aumentam os riscos de doenças cardiorrespiratórias” e contribuem “para a acidificação em ambientes terrestres e aquáticos”.
Em relação a 2017 a Zero comparou dados da Federação com o inventário oficial de emissões de óxido de enxofre da Agência Portuguesa do Ambiente, e concluiu que “as emissões dos navios de cruzeiro na costa portuguesa foram 86 vezes superiores às emissões da frota automóvel que circula em Portugal (5100 toneladas em relação a 59 toneladas, respetivamente), tendo representado mais de 10% do total das emissões nacionais de óxidos de enxofre (5.100 toneladas em relação a 47.500 toneladas”.
Em relação ao óxido de azoto os navios de cruzeiro em Lisboa emitiram quase o equivalente a “um quinto dos 374 mil veículos de passageiros que circulam na cidade”.
A Zero defende que a Europa deve implementar rapidamente um regulamento para aplicar em todos os portos europeus e com planos para se atingirem limites de emissão zero nos navios.
A Federação também recomenda a ampliação das áreas de controlo de emissões, atualmente em vigor apenas nos mares do Norte e Báltico e no Canal da Mancha.
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