Numa visita ao Centro Mundial de Inovação (CMI) do grupo Roullier, instalado há seis anos em Saint-Malo, uma cidade portuária no noroeste de França, o diretor de investigação em nutrição animal do centro, explicou à Lusa que a redução das emissões de metano passa, sobretudo, “pela adaptação da flora ruminal dos animais”.
A par da adaptação da flora ruminal, a redução do metano (gás com poderoso efeito de estufa) passa também pela “diminuição de determinadas estirpes”, como os protozoários.
“Estamos a desenvolver alguns princípios ativos que, recorrendo a extratos de algas, permitem reduzir a emissão de metano e ter um efeito positivo no incremento da produção de leite”, afirmou Philippe Dumargue.
Segundo o investigador, a solução tem “um duplo interesse”: reduzir o metano e aumentar a produção de leite, “tornando o produto interessante do ponto de vista do agricultor”.
O produto, desenvolvido há cerca de quatro anos e já patenteado pelo CMI, foi testado em laboratório e junto de produtores daquela região francesa.
“Conseguimos uma redução da emissão de metano entre os 17 e 20%, dependendo do tipo de arraçoamento”, observou, esclarecendo que alguns tipos de arraçoamento provocam mais acidez no organismo dos ruminantes, como os arraçoamentos à base de concentrados (rações).
Philippe Dumargue salientou ainda que atualmente, um ruminante que produza menos ou mais leite “emite sempre metano” e que por esse motivo, o desafio passa por reduzir a sua emissão por litro de leite.
“Se um ruminante produz determinada quantidade de metano, o nosso objetivo é que produza mais leite, emitindo menos metano”, afirmou.
Além da solução desenvolvida para a redução das emissões de metano, a equipa de investigação em nutrição animal do CMI está também a trabalhar num produto que visa reduzir o amoníaco libertado pelos dejetos e urina destes animais.
Apesar do amoníaco proveniente dos dejetos e urina não contribuir diretamente para as alterações climáticas, quando misturado com o solo converte-se em óxido nitroso, o terceiro gás mais poluente do planeta (apenas superado pelo metano e pelo dióxido de carbono).
Nesse sentido, a solução desenvolvida do CMI, que assenta numa espécie de pó, é espalhada nos estábulos e fossas com o objetivo de “estabilizar” a libertação deste gás para a atmosfera, assim como de proteger os animais, uma vez que tem “implicações” para as suas vias nasais.
“Ao estabilizarmos este gás na matéria orgânica, também tem um valor fertilizante porque ao aplicarmos ao solo, as terras vão beneficiar deste gás que não é libertado e é aproveitado para as pastagens”, acrescentou Philippe Dumargue.
Neste momento, os investigadores do CMI estão, no âmbito de um projeto, a concentrar esforços na Bretanha, região que tem 60% da produção de suínos de França.
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