A propósito do Dia Internacional das Florestas, que se comemora hoje, a Quercus, em comunicado, refere que “as ameaças e agressões contra este património natural que sustenta a vida no planeta aumentam a um ritmo muito superior às ações e medidas que visam protegê-lo”, e denuncia que “as políticas públicas incentivam abates de árvores”.
“No nosso país continuam a existir diversas ameaças à floresta, como o aumento da intensidade de cortes rasos de árvores para abastecimento industrial, devido à proliferação de centrais de biomassa”, lê-se no texto.
A associação ambientalista aponta que “a aprovação de novas zonas industriais, como as centrais solares fotovoltaicas em espaços florestais, inclusive em áreas de conservação, com espécies protegidas como a azinheira e sobreiro, está a reduzir a área de floresta e os serviços prestados pelo ecossistema que são essenciais à vida”.
A Quercus alerta, também, para o “atraso” na revisão dos Critérios das Faixas de Gestão de Combustível (FGC), lembrando que na área da prevenção de incêndios, o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR), publicado através do DL n.º 82/2021, de 13 de outubro, entrou em vigor no início de janeiro, mas os critérios aplicáveis às FGC continuam por publicar.
A Quercus recorda que, no que se refere à rede secundária, que integra também as FGC de 10 metros para cada lado das estradas e caminhos florestais, já alertou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para “o corte de inúmeras árvores devido a critérios incorretos”.
“O Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais apresenta o prazo de 60 dias para publicação do novo regulamento que altere os critérios existente, contudo, ainda se aguarda a proposta de regulamento”, lamenta a associação, considerando que “enquanto o atraso decorrer continuam a ser aplicados os critérios atuais desajustados”.
A título de exemplo, a Quercus fala da obrigatoriedade do distanciamento de quatro metros entre copas para a maioria das espécies de árvores nas FGC, algo que diz estar a provocar “o corte indiscriminado de árvores folhosas autóctones sem que exista fundamentação técnica”.
Já “na gestão do sub-coberto de áreas florestais é desvalorizada a sua função ecológica, o que frequentemente potencia a propagação de espécies invasoras”, acrescenta a associação.
Outras das preocupações da Quercus prende-se com o arvoredo urbano, o qual “carece de regulamentação”, defende a associação.
“O arvoredo urbano também não escapa à barbárie. Muitos abates com justificação discutível, como por exemplo para a instalação de ciclovias e passadiços, podas radicais, e até as ilegais podas de rolagem. São várias as situações que se verificam um pouco por todo o país”, descreve a associação ambientalista.
Neste dia dedicado às florestas, no qual tradicionalmente também se celebra o Dia da Árvore, a Quercus recorda que habitualmente se sucedem ações de plantação.
“Mas a data mais adequada é por ocasião do Dia da Floresta Autóctone, celebrado em 23 de novembro, no início do período das chuvas. Por outro lado, devem ser valorizados os princípios da sucessão ecológica com a gestão da regeneração natural que garante maior sucesso do que as tradicionais plantações”, alertam os ambientalistas.
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