Este fenómeno, cada vez mais mediático, tem vindo a impelir a sociedade a interrogar-se sobre a melhor forma de lidar com o medo de repercussões ou de ilicitude que ainda dificultam o denunciar destes atos de terror psicológico, ou sobre que estratégias preventivas e/ou interventivas se devem pensar e implementar.

Os contributos da psicologia clínica

A psicologia clínica tem um papel fundamental de ajuda junto das vítimas e das organizações que sofrem ou lidam com o impacto do mobbing. Dentro dos vários contributos da psicologia clínica pode destacar-se o planeamento e a implementação de ações preventivas, avaliativas e interventivas com as vítimas e com as organizações. Com o propósito de melhorar ou adquirir competências pessoais e sociais que promovam atitudes adequadas e expectáveis em contexto profissional, assim como no desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis, é recomendado e necessário que o agressor procure, igualmente, a ajuda do psicólogo.

A prevenção do assédio moral pode apresentar-se de diversas formas, designadamente, através da adoção de políticas de prevenção efetiva na empresa, campanhas de sensibilização de ambientes saudáveis, de comportamento social ético e apropriado na organização, estabelecimento de limites, criação de grupos de discussão e informação e esclarecimentos sobre o fenómeno.

No âmbito da avaliação psicológica das vítimas (e também dos agressores) de mobbing o psicólogo utiliza um conjunto de técnicas e procedimentos que visam avaliar o funcionamento e o estado psíquico dessas pessoas.

As ações de intervenção, realizadas por meio das consultas psicológicas junto das vítimas têm, como objetivo principal, ajudá-las a recuperar o seu bem-estar e a sua funcionalidade. O psicólogo utiliza um conjunto de estratégias que facilitam a reabilitação cognitiva, emocional e comportamental de quem sofre de violência psicológica. Neste sentido, e dado que as vítimas são progressiva e continuadamente estigmatizadas, desestabilizadas, desacreditadas, fragilizadas, desamparadas e hostilizadas, a consulta de psicologia pode ser a melhor opção para as ajudar a recuperar a autoestima, a confiança e a segurança em si próprias. Nestes casos, a validação e a legitimação do sofrimento das vítimas são aspetos centrais de intervenção do psicólogo, assim como de as ajudar a consciencializarem-se de que podem ter um importante papel ativo na denúncia e na cessação de atos de violência psicológica.

Os contributos da psicologia forense

A psicologia forense constitui-se como uma área da psicologia que facilita as respostas às questões científicas e práticas que o sistema judicial solicita aos psicólogos. Nos casos dos processos judiciais por mobbing, o psicólogo forense reúne a informação necessária aos quesitos do Tribunal, por meio da realização de pareceres técnicos, testemunhos periciais e avaliação psicológica forense às vítimas, agressores e testemunhas, da qual resulta a emissão de relatórios. Estes têm por base os resultados do processo de avaliação psicológica, que envolve várias etapas, e visam facilitar o entendimento do nexo de causalidade e dos efeitos do mobbing/violência psicológica/assédio moral.

Dada a gravidade das consequências do mobbing na saúde psicológica e física e na vertente financeira e social, é absolutamente necessário encará-lo com a seriedade que nos merece a todos.

A adoção de atitudes ativas que visem combater este flagelo em detrimento de atitudes passivas cabe a qualquer um de nós, a qualquer empresa e sociedade.

Um artigo da psicóloga clínica Lina Raimundo, da MIND | Psicologia Clínica e Forense.