A Alemanha e França tornaram esta semana obrigatório o uso de máscara cirúrgica ou respirador em áreas de comércio e transportes públicos. Algumas empresas também proibiram o uso de máscaras sociais, estando os colaboradores sujeitos ao uso de máscara cirúrgica ou respirador.

A Áustria foi mais longe e tornou obrigatório o uso de respiradores FFP2 em transportes públicos, lojas e empresas, farmácias, bem como em hospitais ou consultórios médicos.

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Em Portugal, o Ministério da Saúde questionou a Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a necessidade de revisão das medidas de prevenção contra a COVID-19 face à proliferação de novas variantes do vírus SARS-CoV-2 em Portugal.

"Dirigimos uma questão à Direção-Geral da Saúde sobre essas medidas de saúde pública e em que medida podem elas precisar de ser adaptadas. Não há ainda recomendações adicionais concretamente sobre a questão das máscaras ao nível do Centro Europeu de Controlo de Doenças e temos sempre alinhado as nossas posições com as recomendações internacionais. Estamos muito atentos e logo que haja alguma informação que coloque alguma necessidade de adaptação, fá-lo-emos", afirmou a ministra Marta Temido.

Quais os tipos de máscaras?

1. Respiradores ou máscaras autofiltrantes (Filtering Face Piece, FFP), um equipamento de proteção individual destinado aos profissionais de saúde, de acordo com a Norma 007/2020 da DGS;

2. Máscaras cirúrgicas, um dispositivo utilizado em ambiente hospitalar que previne a transmissão de agentes infeciosos das pessoas que utilizam a máscara para as restantes;

3. Máscaras não-cirúrgicas, comunitárias ou de uso social, dispositivos de diferentes materiais têxteis, destinados à população geral, não certificados.

Para que devem ser utilizadas?

Para a DGS, que segue as recomendações do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), a máscara cirúrgica deve ser usada na prestação de cuidados médicos a doentes, desde que não sejam efetuados procedimentos geradores de aerossóis.

Segundo a orientação 019/202019 da DGS, as pessoas mais vulneráveis, nomeadamente idosos (mais de 65 anos de idade), com doenças crónicas e estados de imunossupressão devem usar máscaras cirúrgicas sempre que saiam de casa.

A mesma Orientação alargou a recomendação da utilização de máscara cirúrgica, e outros equipamentos de proteção individual, a elementos de alguns grupos profissionais, durante o exercício de determinadas funções, quando não é possível manter uma distância de segurança entre pessoas. Estão nesta situação profissionais das forças de segurança e militares, bombeiros, distribuidores de bens essenciais ao domicílio, trabalhadores nas instituições de solidariedade social, lares e rede de cuidados continuados integrados, agentes funerários e profissionais que façam atendimento ao público, onde não esteja garantido o distanciamento social.

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O respirador FFP1 é uma alternativa à máscara cirúrgica na prestação de cuidados diretos com doente a distância inferior a um metro. Deve ser utilizada na prestação de cuidados fora do ambiente COVID-19, desde que não sejam efetuados procedimentos geradores de aerossóis.

O respirador FFP2 ou N95 (nomenclatura europeia e não europeia) deve ser usado sempre que se efetuem procedimentos geradores de aerossóis. Está recomendado, também, no interior de quarto de isolamento COVID-19, para prestar cuidados diretos.

Já o respirador FFP3 pode ser usado em procedimentos geradores de aerossóis de risco elevado.

Qual o nível de segurança segundo dados do Infarmed?

O respirador FFP1 filtra pelo menos 80% das partículas em suspensão no ar.

Fuga de ar para o exterior: < a 22%

Eficácia: Baixa

Penetração no material filtrante: 20%

O respirador FFP2 filtra pelo menos 94% das partículas em suspensão no ar.

Fuga de ar para o exterior: < a 8%

Eficácia: Média

Penetração no material filtrante: 6%

O respirador FFP3 filtra pelo menos 99% das partículas em suspensão no ar.

Fuga de ar para o exterior: < a 2%

Eficácia: Alta

Penetração no material filtrante: 1%

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As máscaras comunitárias são menos seguras?

As máscaras comunitárias ou sociais não conferem, tendencialmente, um nível de proteção alto. Para tê-lo precisam de ter pelo menos três camadas de filtro segundo dados da Organização Mundial da SAúde (OMS). Apenas para efeitos de comparação, as máscaras cirúrgicas são compostas por três camadas de materiais de material "tecido não tecido" (TNT), um material semelhante ao tecido mas obtido através de uma liga de fibras e um polímero geralmente polipropileno (PP) dispostas aleatoriamente e coladas por calor ou pressão.

Segundo o ECDC, ainda não existe evidência científica direta que permita emitir uma recomendação a favor ou contra a utilização de máscaras não cirúrgicas ou comunitárias pela população.

O uso de máscaras na comunidade constitui uma medida adicional de proteção, pelo que não dispensa a adesão às regras de distanciamento social, de etiqueta respiratória, de higiene das mãos e a utilização de barreiras físicas, tendo que ser garantida a sua utilização adequada.

Veja o vídeo: Como usar corretamente a máscara? As recomendações da Direção-Geral da Saúde