Os 33 diretores e coordenadores de unidades do Serviço Regional de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM) demitiram-se dos cargos na quinta-feira por não concordarem com a nomeação do médico ortopedista e ex-deputado do CDS Mário Pereira para o cargo de diretor clínico da instituição, alegando que cargos técnicos têm de ser dirigidos por técnicos.

A Ordem dos Médicos diz, em comunicado, que encara com “muita preocupação” esta situação e alerta para os seus impactos na região.

“Estas demissões – que correspondem a 66% do quadro dirigente –, a serem concretizadas, podem conduzir a uma degradação do sistema de saúde da Madeira com consequências graves para a região e para os doentes”, alerta em comunicado.

Defende ainda que as nomeações para estes cargos não deviam partir do poder político, considerando “inaceitável a existência de partidarização da saúde”.

“A OM tem respeitado as nomeações de diretores clínicos, seja no continente ou na Madeira. Mas insiste que esta situação vem, uma vez mais, demonstrar que as nomeações para estes cargos não deviam partir do poder político, mas sim decorrer de uma escolha interpares”, sublinha.

A Ordem refere que um diretor clínico tem “uma enorme responsabilidade” perante o SESARAM, mas também perante a Ordem dos Médicos, lembrando que é o “principal responsável pela qualidade da medicina e pelo cumprimento das regras éticas e deontológicas, para além das enormes responsabilidades que partilha com o Conselho de Administração do hospital”.

“Um diretor clínico que não seja reconhecido interpares e não consiga estabelecer empatia com as equipas de saúde e, nomeadamente, com os médicos, está condenado ao insucesso a muito curto prazo”, sustenta.

Para a OM, a perda de massa crítica essencial em termos de liderança coloca o hospital Dr. Nélio Mendonça numa situação muito delicada, e sem as condições adequadas para continuar a assegurar a formação dos médicos internos.

Perante esta situação, a Ordem dos Médicos anuncia que vai fazer uma reunião urgente com os médicos do hospital, para avaliar o impacto que esta decisão poderá ter nos cuidados de saúde prestados aos doentes e na formação médica especializada.

Deixa ainda "como nota final, o desejo de que prevaleça o bom senso” e que sejam ouvidos aqueles que todos os dias fazem o Serviço Regional de Saúde da Madeira.

O secretário regional da Saúde da Madeira já disse hoje que a tutela não aceita a demissão dos 33 diretores e coordenadores de serviço do Serviço Regional de Saúde, contando com os profissionais para os novos desafios no setor.