Não é só através da escolha de bons ingredientes que se conseguem criar cozinhados saborosos e saudáveis. Existem outras opções que também os condicionam. A maioria das pessoas nem sequer imagina que o material de que são fabricados os tachos, as panelas, as frigideiras e outros utensílios domésticos que usamos no dia a dia têm um papel importante a este nível. Veja, de seguida, com atenção a lista dos materiais que deve preferir na hora de cozinhar.

- Alumínio

Há alguns anos que este material envolve alguma polémica, uma vez que a presença deste elemento foi associada a determinadas doenças. "Apesar de nada estar comprovado, sabe-se que os átomos de alumínio das panelas podem desencadear diferentes processos metabólicos associados a doenças do foro osteoarticular, neurológico e hematológico", explica Carla Vasconcelos, nutricionista.

Também se sabe que à medida que o material envelhece vai-se tornando mais prejudicial. Na cozinha, na prática, também não é a melhor opção, uma vez que queima os alimentos com facilidade e é um fraco condutor de calor.

- Cobre

Prefira recipientes revestidos no interior por politetrafluoretileno, titânio ou aço inoxidável, pois de outra forma o cobre passa para os alimentos. Como explica a nutricionista, "pequenas quantidades deste metal podem provocar náuseas, vómitos e diarreia". E está provado que, com o tempo, a acumulação deste material no organismo pode levar a alterações patológicas renais, osteoarticulares e lesões cerebrais.

Não deixe arrefecer os alimentos dentro destes recipientes, pois os sais e os ácidos dos alimentos reagem e levam à libertação de substâncias tóxicas. Segundo o chef Hugo Campos, "espalha bem o calor na superfície baixa e lateral", sendo adequado, por exemplo, para fazer caldas de açúcar.

- Ferro fundido

Também é aconselhado. "A sua utilização pode ser benéfica no tratamento da anemia por carência de ferro, uma vez que este material se transmite aos alimentos. É, pela mesma razão, aconselhável na confecção de alimentos por parte de indivíduos vegetarianos", esclarece Carla Vasconcelos.

Contudo, evite esfregar a panela com esponja de aço pois, através desse processo, poderá ser transmitido aos alimentos um tipo de ferrugem nocivo para o organismo. De grande duração, têm um preço acessível mas, para Hugo Campos, possuem algumas desvantagens. São pesadas, enferrujam e os alimentos aderem com facilidade.

- Ferro fundido esmaltado

Graças ao esmalte, a sua superfície lisa evita a proliferação de bactérias. Mas para que os objetos feitos deste material não apresentem nenhum risco para a saúde, deverá mantê-los devidamente tratados, evitando que o esmalte se solte. Na cozinha, é extremamente útil na confeção de estufados e guisados.

- Aço inoxidável

Também conhecido por inox, não implica qualquer prejuízo para a saúde, pois a liga que o forma (composta por ferro, crómio e níquel) é bastante segura. No polimento destes utensílios forma-se uma camada protectora de óxido que ajuda a impedir a migração dos metais para os alimentos. É um pouco mais caro, mas não tem desvantagens, principalmente se optar por panelas e tachos deste material com um fundo dissipador de calor.

- Teflon

O revestimento constituído por politetrafluoretileno, antiaderente, quando danificado, passa para os alimentos sendo nocivo para a saúde. Em termos ambientais, também tem desvantagens. "Quando uma panela fica esquecida ao lume, o teflon evapora originando gases CFC que destroem a camada de ozono", refere a nutricionista. Implica o uso de menos gordura na confeção dos alimentos e exige "utensílios de madeira ou silicone para trabalhar o cozinhado", alerta o chef.

O que deve usar no micro-ondas

Para que a utilização do micro-ondas seja a mais benéfica possível, preste atenção ao material dos utensílios que usa para aquecer, descongelar ou cozinhar alimentos. Alguns aquecem demasiado, outros refletem o calor (metais) e outros ainda não resistem a altas temperaturas (alguns plásticos) libertando compostos nocivos. Assim, opte por recipientes que possuam o símbolo que autoriza o seu uso no micro-ondas. Dos que já tem em casa, prefira o pírex.

Texto: Alexandra Pereira com Carla Vasconcelos (nutricionista) e Hugo Campos (chef)