Tenho observado ao longo dos anos que o Carnaval é aquele festival que ou se adora ou se detesta.
Sem querer julgar ninguém ou sequer o festival e a sua simbologia em si, desde sempre que me encaixo na última categoria.
A palavra Carnaval, após uma breve pesquisa na internet, é polémica e não só tem várias interpretações linguísticas como tem conotações tanto com os Romanos através um festival atribuído ao Deus Baco, como à Grécia Antiga, como aos bailes venezianos durante o Renascimento onde o povo se escondia nas festas da realeza atrás das máscaras.
Segundo o Latim, a palavra Carnaval tem origem em duas palavras “carne” + “levare” cujo significado é “carne tirada ou sem carne”. Ou seja, o festival do Carnaval, é celebrado na Terça-feira de Cinzas ou também chamada de Terça-feira Gorda, Mardi Gras, precisamente porque é o último dia do calendário cristão em que seria permitido comer carne antes da Quaresma.
Se aprofundarmos um pouco mais a simbologia e procurarmos sentir o significado esotérico de um festival que honra o retirar a carne, podemos associar a imagem à simples retirada do que em nós é carne, ou seja o ego / personalidade com que nos identificamos, deixando exposta assim a nossa essência de Luz. Tal como a Alquimia procurava transformar em ouro, a mais bruta das pedras através do processo Alquímico e que não era mais do que uma metáfora para simbolizar o processo de transformação do nosso ego (pedra) para que surgisse a Luz da Alma (ouro).
Não deixa de ser curioso como é afinal, um dos festivais mais interessantes e simbólicos se o relacionássemos à simbologia da nossa evolução espiritual.
A partir do momento em que entramos na matéria e adotamos um corpo físico, começa o desenvolvimento do nosso ego. É um processo ou reação que surge numa auto defesa inconsciente, de proteção da fragilidade da nossa essência, perante a “dureza” da experiência terrena.
Aos poucos vamos ajustando essa máscara de defesa, tal como o camaleão altera as suas cores, a cada ambiente, interação e respetiva energia chegando ao ponto da total identificação com o mesmo.
Dependendo do grau de consciência, se estamos em plena formação do ego ou já em “des”formação do mesmo, esse ego pode estar consciente ou totalmente inconsciente em nós. Podemos mesmo passar vidas seguidas de total inconsciência do fenómeno vivendo por isso apenas auto-construindo-o sem qualquer noção da sua existência, do seu papel e das experiências que estão para além da sua existência.
Enquanto se dá este processo de formação, não aceitamos a divindade em nós, não admitimos um poder superior, somos céticos, fechados vivendo apenas para a construção e manutenção desse ego.
O ego esconde-se por trás de variadíssimas máscaras.
O agressivo, o tímido, o inseguro, o arrogante, o popular, a vítima e muitas mais. Ou seja, todo o comportamento humano que não seja transparente, puro, verdadeiro, sincero com as suas emoções consigo mesmo e com os outros e que não aja com amor no verdadeiro sentido livre e incondicional da palavra, é um comportamento egoístico, é uma máscara que não vibra ainda ao nível da Alma.
Enquanto tivermos um ego inconsciente que nos usa para satisfazer as suas vontades, vamos usando e trocando as nossas máscaras de acordo com o ambiente em que nos encontramos.
Sendo o seu principal objetivo o “Eu” e o “ganhar, ter razão, atenção, chegar primeiro, ser o maior, ser o melhor, o mais… etc” as máscaras irão apenas servir a conquista desses fins.
É curioso observar como nos mascaramos sempre de alguém ou que representa uma qualquer sombra em nós, como por exemplo a prostituta, o diabo, a bruxa ou vamos buscar postos elevados nem sempre estão ao nosso alcance como a realeza, o padre, o rei, o policia, o artista.
Mais do que abusarmos da vertente exageradamente política do Carnaval português, seria sim curioso observar o que levaria cada um a escolher a sua máscara num dia em que a poderia usar abertamente!
Voltando à máscara do ego, algures durante a nossa caminhada, numa qualquer vida e num muito mágico momento, algo “desperta-nos” para o fenómeno e conseguimos pela primeira vez ver o ego de fora. A partir do momento em que ele é identificado, em que tomamos consciência de que as nossas maiores dores vêm da nossa identificação com esse ego e o que mais ansiamos na vida tem precisamente o ego como preço.
Começa então o processo de “des”formação do ego, de resgate da Alma, de equilíbrio interior. Este processo, tal como o primeiro, levará também uma série de vidas a estar completo.
Dada esta resumidíssima explicação do fenómeno do ego, das máscaras que afinal já todos usamos, podemos começar então a entender melhor porque afinal o Carnaval atrai tanta aversão como entusiasmo.
Mascararmo-nos é afinal um processo que fazemos desde o princípio dos tempos, que começa na nossa própria personalidade e com o qual brincamos a toda a hora com todos com quem nos cruzamos. Consciente ou inconscientemente.
Podíamos aprender a ver a vida como um jogo em que o objetivo é precisamente identificarmos o ego para depois começar verdadeiramente o caminho do amor.
Acredito assim que o Carnaval possa ser apenas um tempo e um espaço feliz e divertido onde o fenómeno seja descarado, onde afinal reconhecemos que as máscaras fazem parte da experiência humana, onde nos podemos rir um pouco da loucura que é esconder o que temos de mais belo para representar um papel bastante inferior.
Talvez então, porque desde sempre acredito tanto na Alma que temos dentro e na maravilhosa Luz que somos, eu resista a desfrutar e a acreditar num festival que promove e exalta a máscara ou que celebra o que nos afasta do que temos de mais maravilhoso.
Gostava um dia de ver este festival ser celebrado com uma vertente de verdade. Um dia em que ou assumiríamos a pior máscara que temos e brincaríamos com ela ou vestiríamos a mais bela máscara que todos gostaríamos de vestir; A mais alta versão de nós próprios...
Deixo assim uma sugestão; vamos brincar por um dia, fingir por umas horas que somos totalmente felizes, fazer de conta que acreditamos que tudo vai sempre correr bem e que o mundo está cheio de pessoas maravilhosas. Vamos experimentar a sensação de que já és a pessoa que sempre sonhaste ser, que não tens medos absolutamente nenhuns, que te amas acima de tudo e sem condições algumas. Que tens a coragem toda do mundo de fazer o que mais gostas e te dá prazer, que tens a liberdade, o amor e a coragem de dizer a cada um na tua vida tudo o que gostavas de dizer… nesse dia, mima-te muito, veste uma cor nova, dá uma gargalhada alta, dança uma bela música, come o teu bolo preferido… quem sabe no dia seguinte a magia continua e a máscara se mantenha...?
Dia Feliz!
Vera Luz, Autora e Terapeuta de Regressão e Orientação Espiritual:
Dou consultas de Regressão à Vida Passada, Criança Interior e Eu Superior.
Sou facilitadora do Workshop “Do Drama para o Dharma”, baseado no meu primeiro livro, onde nos propomos, através de vários exercícios e meditações, a um maior autoconhecimento e consciência de quem somos, donde viemos e o que andamos cá a fazer.
Há mais de 10 anos que o meu trabalho e compromisso é relembrar a cada um o propósito por trás dos eventos da nossa vida, trazer a Verdade ao de cima, ajudar cada um a sentir o lado sagrado da vida.
E mais importante ainda é lembrar sempre que:
"A mudança que tanto desejamos, tem que começar dentro de nós..."
Sou autora dos livros;
- “Regressão a vidas passadas”
- "Do Drama para o Dharma”
- "A cabeça pergunta a Alma responde”
Para marcações, consultas e inscrições:
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