Se olha para o seu jardim, para a sua varanda ou para o seu terraço por estes dias invernosos e os acha mais tristes, deite mãos à obra e plante algumas das flores que lhe sugerimos de seguida, que vão imprimir um toque de primavera antecipada à sua casa. Não vai arrepender-se, pois todas elas são garantia de cor durante os meses mais frios do ano. Basta escolher as que gosta mais e também aquelas que melhor se adequam melhor às condições de que dispõe.
Para plantá-las, deve abrir covas com, pelo menos, o dobro da largura do torrão e com um pouco mais de altura. Para além disso, deve colocar um pouco de composto ou húmus de minhoca na cova de plantação para garantir que a planta se desenvolverá em melhores condições nas semanas seguintes. No caso de a plantar em vaso, deve facilitar a drenagem, fundamental para o crescimento, colocando uma camada de argila expandida no fundo.
Não se esqueça que, ao fazê-lo, o substrato deve ser sempre adequado ao tipo de planta. Descubra, de seguida, as oito plantas que lhe recomendamos para um inverno florido enquanto aguardamos pelas flores da primavera, incluindo duas variedades botânicas que exigem pouca manutenção, seguindo-se outras que garantem mais cor, uma beleza exótica ou ainda espécies que são perfeitas para terrenos e solos com um nível de drenagem acima da média.
1. Azálea
A azálea, Azalea japonica na sua designação científica mais comum, que floresce no inverno e na primavera, é uma presença imprescindível nas zonas de sombra do jardim. Dá-se muito bem em vasos e floreiras, adaptando-se facilmente, desde que não tenha muitas horas de sol intenso. A sua floração pode ser branca, cor de rosa, amarela, roxa, encarnada e por aí fora... São muitas as tonalidades disponíveis. Esta planta pode chegar facilmente aos 80 centímetros de altura.
A distância mínima de plantação recomendada pelos jardineiros é de 60 centímetros. Deve ser cultivada em zonas de meia-sombra ou de sombra total em solos ácidos, soltos, ricos em matéria orgânica. Podem adicionar-se borras de café ao terreno para o acidificar mas, quando planta crescida, deve usar-se substrato para plantas acidófilas. Esta planta tolera as geadas mas, no verão e nos períodos de calor, deve ser regada com regularidade e podada a seguir à floração.
2. Crisântemo
É outra daquelas plantas que garantem uma cor que não acaba. O crisântemo, Chrysanthemum sp. na linguagem utilizada pelos científicos, é resistente e muito colorido, chegando a formar maciços e bordaduras floridas. De ciclo perene, a sua floração dá-se, por norma, nos meses de outono e nos de inverno. Chegando a alcançar os 50 centímetros de altura, a distância mínima de plantação deverá ser de 40 centímetros. Gosta de sol direto, de calor e de humidade.
O pH ideal do terreno para o seu desenvolvimento deverá rondar entre os 5.5 e os 6.5, nunca mais. Cerca de 30 dias após a plantação, em média, deve fazer-se adubação de cobertura e investir mais nas regas, que devem ser regulares. À medida que o crisântemo vai crescendo e se vai desenvolvendo, as flores velhas devem ser, progressivamente, removidas de forma a prolongar a floração, como aconselham os jardineiros e os produtores industriais desta planta.
3. Camélia
Beleza exótica a meia-sombra é o que lhe garante a camélia. Também conhecida como Camellia japonica na designação científica, é uma planta única, quer pela beleza da sua floração invernal quer pela folhagem verde brilhante persistente. As flores apresentam cor branca, cor de rosa, amarela ou encarnada, entre outras tonalidades de corpo. A planta pode ir de um metro a três metros de altura. A distância mínima de plantação deverá ser de cerca de um metro.
Ao fazê-lo, deve privilegiar, sobretudo, zonas de meia-sombra. A camélia prefere solos ácidos, ricos em matéria orgânica, idealmente soltos e leves. Aquando da plantação, à semelhança do que sucede com as azáleas, deve usar-se substrato para plantas acidófilas. A rega deve, segundo os especialistas em jardinagem e em botânica, ser regular. Para assegurar um melhor desenvolvimento, esta planta deve ser regularmente podada após o período de floração.
4. Ciclâmen
Os ciclâmenes, Cyclamen persicum como os cientistas os batizaram em tempos idos, são donos de uma floração exuberante, muito colorida e muito atraente. A folhagem também é decorativa. Plantas perenes, os ciclâmenes florescem no outono, no inverno e também na primavera, a uma altura máxima de 30 centímetros. A distância mínima de plantação deverá, também ela, rondar os 30 centímetros em solos bem drenados e, idealmente, ricos em matéria orgânica.
Os melhores terrenos para os ciclâmenes são aqueles que estão localizados em zonas de meia-sombra. As regas, tal como sucede com exemplares de outras variedades botânicas, querem-se frequentes mas não em exagero, como por vezes sucede. No final da floração, devem arrancar-se as hastes florais, como sugerem os jardineiros profissionais. Em várias regiões, de norte a sul do país, são muitos os jardins, os terraços e os canteiros que exibem exemplares desta flor.
5. Aloé-do-natal
É uma das plantas de pouca manutenção a que pode recorrer. O aloé-do-natal, Aloe arborescens na linguagem científica, é uma excelente opção para zonas onde não quer ter grandes trabalhos de manutenção de taludes, canteiros e vasos. Com um ciclo de vida perene, a sua floração dá-se no inverno e apresenta uma cor laranja. Esta variedade botânica alcança até 1,5 metros de altura. A distância mínima de plantação deverá ser, idealmente, de um metro. Nunca mais.
A justificação para isso é simples. Por se prever que alcance essa altura, há que garantir uma distância de segurança, idealmente em áreas de sol ou de meia-sombra. Esta flor, muito resistente, tolera todos os tipos de solo desde que bem drenados e condições de secura e calor, vento e ar do mar. Requer, ainda, pouca manutenção. Esta planta precisa de ser regada apenas nos períodos de maior calor. As folhas e as flores secas devem ser limpas uma vez por ano.
6. Rosa-do-natal
A rosa-do-natal, batizada Helleborus niger pelos cientistas há várias décadas, é uma planta de uma beleza única. A sua floração, habitualmente branca ou cor de rosa, dá-se em pleno inverno, período das festas natalícias. Quando esta acaba, na primavera, a sua folhagem funciona como cobertura. Trata-se de uma espécie perene que, por norma, atinge cerca de 50 a 60 centímetros de altura pelo que a distância mínima de plantação deverá ser de 60 a 80 centímetros.
Esta planta deve ser plantada em zonas de meia-sombra, como recomendam os entendidos. Os solos que a acolhem querem-se bem drenados, ricos em matéria orgânica e calcários. A rosa-do-natal aguenta o frio e suporta relativamente bem a neve, sendo por isso perfeita para espaços exteriores. Na primavera, uma das estações com mais tarefas a empreender no jardim, a folhagem do ano anterior deve ser podada, pelo que não se pode esquecer de o fazer.
7. Clívia
Para solos bem drenados, é uma das variedades botânicas em que mais deve investir. A clívia, Clivia miniata na sua designação científica, é uma hipótese interessante para canteiros sombrios pela beleza, quer da floração quer da folhagem. Esta planta é uma herbácea perene cuja floração de cor laranja se dá, maioritariamente, no inverno e na primavera. A plantação deve ser feita, segundo os jardineiros profissionais, com uma distância mínima de 40 centímetros.
Esta flor deve ser cultivada, idealmente, em zonas de sombra ou de meia-sombra com solos ricos em matéria orgânica bem drenados. Estas plantas, que podem chegar aos 40 centímetros de altura em muitos casos, não aguentam temperaturas abaixo dos cinco graus negativos, pelo que não se adaptam a todas as regiões. Para além disso, as clívias, muito comuns em jardins caseiros, necessitam de regas e fertilizações regulares, uma tarefa que não pode descurar.
8. Urze
A urze, Calluna sp. na sua designação científica, tem uma das florações mais bonitas da estação, quer em bordadura quer em vaso quer em floreira, como sublinham muitos especialistas em jardinagem e botânica. Esta planta perene, também ela muito comum, floresce no outono e no inverno, com cores que vão do branco, ao rosa, roxo, numa paleta de tonalidades que surpreende pelo colorido e pela versatilidade. Pede, idealmente, zonas com sol e solos ácidos.
Os terrenos com uma boa drenagem, ricos em matéria orgânica, são os mais recomendados. A urze, que a fadista Amália Rodrigues chegou a cantar, não gosta de solos secos e expostos ao vento. Esta planta pode atingir 40 centímetros de altura. A distância mínima de plantação deverá ser de, pelo menos, 30 centímetros. Quando envasada, deve ser-lhe adicionado substrato ácido, uma vez por ano. As flores, as folhas e os ramos secos devem ser sempre limpos.
Texto: Teresa Chambel (arquiteta paisagista) com Eva Falcão (edição digital)
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