Já alguma vez reparou que nascem cogumelos no seu jardim? Talvez nunca tenha pensado, no entanto, que pode aproveitá-los para criar o seu próprio canteiro micológico com cogumelos que têm aproveitamento quer do ponto de vista estético quer gastronómico! Tenha, no entanto, em atenção que nem todos os cogumelos servem para consumo e que o mais provável é que as espécies que surgem no seu relvado ou num canto mais húmido do seu jardim sejam tóxicas.
Não serão todavia estas que nos interessam para fazer canteiros mas, sim, espécies que já existem disponíveis no mercado e são fáceis de reconhecer. Há cogumelos para todos os gostos, mas é importante uma boa decisão na escolha das espécies, uma vez que podem exigir parâmetros diferentes de cultivo e, por isso, diferentes aplicações no seu jardim. Para o cultivo no exterior, podemos separar em três grandes grupos os fungos que produzem cogumelos.
O grupo 1 integra os que se alimentam de materiais compostados, como é o caso do estrume. O grupo 2 integra as espécies que se alimentam de materiais lenho-celulósicos não compostados como, por exemplo, a madeira, a palha e a serradura. O grupo 3 integra as espécies simbiontes, que vivem em harmonia com as raízes das plantas, numa relação de mútuo benefício. Por isso, se possui um compostor, deve escolher espécies que se enquadram no grupo 1, como é o caso dos Coprinus comatus, vulgarmente chamados de gota-de-tinta ou de cogumelo-cabeludo ou, ainda, de algumas espécies de Agaricus, como o cogumelo-portobello, que é, por norma, bastante fácil de reconhecer.
Por outro lado, se tem desperdícios de ramos das podas das suas árvores e/ou se tem fácil acesso a palhas ou serraduras, pode optar por espécies do género pleurotus. Estas espécies vão bem em toros de madeira de folhosas. Não utilize, contudo, resinosas, como os pinheiros. Também pode recorrer a palhas de cereais e com elas podemos explorar a nossa imaginação. Porque não fazer uma sebe de onde vão brotar cogumelos, num dos seus canteiros de flores?
Para isso, basta arranjar os troncos de madeira que ainda não tenha sido tratada e inocular com cavilhas de cogumelo-pleuroto-ostra (Pleurotus ostreatus) ou de cogumelo-shiitake (Lentinula edodes), enterrando os troncos até onde for necessário, para os manter na vertical. O ideal será um local ensombrado, o que pode ser garantido pela sombra das plantas do seu canteiro. Estas espécies são boas candidatas para o fazer e o outono e a primavera boas alturas para avançar.
Também pode optar por espécies tropicais, como o cogumelo-pleuroto-rosado (Pleurotus djamor) ou mesmo o cogumelo-pleuroto-amarelo (Pleurotus citrinopileatus), variedades que se adaptam bem às nossas condições climatéricas de verão, desde que lhes seja, contudo, mantida elevada humidade. Espécies como estas, facilmente se fazem passar por bonitos arranjos florais no seu canteiro ou até mesmo em vasos, pelas suas cores garridas e pelo seu aspeto invulgar.
Para as utilizar em vasos, compre inóculo, um produto comercialmente vendido com o nome de spawn. Enterre-o juntamente com palhas de cereais ou serradura. Misture bem o spawn com as palhas ou serraduras e, depois, cubra o vaso com terra e rege. Verá que pode impressionar os seus amigos com um arranjo destes. Mesmo num vaso, colocado na sua varanda, pode utilizar esta técnica. Para isso, apenas tem de seguir as indicações e garantir uma humidade constante.
Texto: Marta Ferreira
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