As plantas ornamentais, à semelhança de outros seres vivos, estão em constante interação com os demais agentes nocivos que os rodeiam, sejam eles ambientais, como o clima e o solo ou de natureza biótica, como as pragas e as doenças. Neste artigo, uma vez que a flora ornamental é vastíssima, são apenas apresentadas de forma simplificada, algumas das principais pragas e doenças de alguns dos arbustos lenhosos e sublenhosos.
Precisamente os mais comuns nos jardins nacionais. Para além de ser apresentada a designação do agente nocivo que a causa, que pode ser uma praga ou uma doença, apresentamos ainda os critérios para a sua identificação, os danos a que o distúrbio dá origem e, por último, quais os procedimentos de controlo do problema, para que, como lhe convém, possa agir preventivamente e atempadamente.
1. Ferrugem
É uma das doenças do buxo. Verificam-se folhas na sua globalidade alaranjadas em ataques severos do fungo Puccinia buxi. As folhas possuem na página superior manchas circulares alaranjadas a que correspondem na página inferior pústulas castanhas-escuras das quais se soltam os esporos que propagam o fungo.
A forma de combater esta doença é morosa, mas relativamente simples, devendo-se recorrer a aplicações repetidas de enxofre micronizado. Durante o processo, é importante recolher e queimar as folhas infetadas e caídas.
2. Cochonilha-algodão
Afeta muito as camélias. Em localizações amenas e húmidas, ocorre com frequência a cochonilha Pulvinaria floccifera, cujo saco portador de ovos pode ser três vezes maior que o seu corpo.
Estes insetos alongados e de cor branca cerosa observam-se na página inferior das folhas, sendo estas desprovidas dos seus plasmas, afetando as condições de vegetação e consequente produção floral. Na fase de eclosão das larvas, a pulverização recorrendo a emulsões de óleo de verão é uma boa solução.
3. Manchas prateadas
As folhas evidenciam manchas arredondadas de bordos irregulares que lhes conferem um aspeto prateado na página superior, onde se distinguem pontuações negras, os picnídios do fungo Pestalozzia guepini.
A parte infetada contrasta com os tecidos saudáveis. Poderá ocorrer a queda das folhas. Sugere-se promover o arejamento da vegetação e retirar e queimar as folhas muito atacadas e as caídas.
4. Murchidão das flores
As pétalas das flores evidenciam manchas irregulares acastanhadas e de desenvolvimento progressivo, levando à queda das flores. A infeção é provocada pelo fungo Sclerotinia camelliae. Deve-se cobrir o solo com um plástico em redor da base da planta para evitar que os esporos do fungo libertados do solo cheguem a atingir as flores.
5. Manchas das folhas
As folhas apresentam manchas acinzentadas concêntricas, evidenciando pontuações diferenciadas, correspondendo aos picnídios do fungo Phyllosticta hydrangeae. Nos caules, observam-se manchas acinzentadas semelhantes a queimaduras.
No período de crescimento vegetativo, enquanto se observam os primeiros sintomas, poder-se-á recorrer a pulverizações à base de calda bordalesa. Dever-se-á ainda realizar uma poda de arejamento e evitar rega por aspersão. É também benéfico não exagerar nos fertilizantes azotados.
6. Míldio
Atualmente, é das doenças mais agressivas no buxo. A doença poderá inicialmente passar despercebida, sendo diagnosticada mais tardiamente, aquando de uma desfoliação intensa. As folhas ostentam manchas de cor castanha com margem mais escura. Em condições de humidade elevada, poderão observar-se também na página inferior da folha massas esbranquiçadas.
Massas que contêm os esporos do fungo Cylindrocladium buxicola. Nos raminhos, podem observar-se listras escuras e fendilhadas, ocorrendo a desfoliação intensa e morte de raminhos. As plantas, sobretudo as mais jovens, poderão morrer.
Apesar de ainda não haver produtos fitofármacos homologados, é possível iniciar a prevenção desta doença recolhendo e queimando folhas caídas e as plantas mortas, podando os ramos doentes. Evitar molhar a folhagem aquando das regas adjacentes é fundamental.
7. Oídio
É outra das doenças das hortênsias. Nas folhas, observam-se manchas amareladas ou de cor púrpura-acinzentada na página inferior. Na página superior, observa-se um pó branco acinzentado que corresponde ao micélio do fungo Oidium hortensiae, que pode afetar toda a zona verde da planta e inclusivamente as flores.
Todos os tecidos infetados ficarão arroxeados, sendo que o desenvolvimento vegetal cessa e as folhas acabam por cair. Recomenda-se proceder a uma ligeira poda de arejamento e evitar rega por aspersão. É também benéfico não exagerar nos fertilizantes ricos em azoto.
8. Afídio verde
Atinge flores como as roseiras. O pulgão Macrosiphum rosae possui um ciclo biológico com diversas gerações em clima ameno. Estes insetos picadores sugadores, minúsculos, alongados e de tom verde esmeralda, afetam tanto as folhas como os rebentos e mesmos os botões florais. A seiva sugada faz com que as plantas fiquem progressivamente mais debilitadas, as folhas enrolam, secam e caem prematuramente, assim como as flores.
Estes insetos produzem meladas que atraem formigas que os disseminam e sobre as meladas forma-se um outro fungo negro designado fumagina. Deve diminuir-se a aplicação de fertilizantes ricos em azoto e, simultaneamente, devem fazer-se pulverizações precoces e repetidas à base de soluções de sabão e água sobre os órgãos atacados.
9. Oídio das roseiras
É das doenças mais comuns e graves nas roseiras. Na página superior das folhas, observam-se manchas brancas de aspeto feltroso, compostas por esporos do fungo Sphaerotheca pannosa. Contudo tem capacidade para infetar também os rebentos jovens e os botões florais. Os tecidos vegetais infetados ficam deformados, amarelados, secam e caem precocemente, cessando assim o crescimento dos novos lançamentos.
É importante atender à rega do espaço envolvente, não permitindo que haja humidade sobre as plantas. Simultaneamente é aconselhável efetuar pulverizações atempadas com fitofarmacêuticos com substâncias ativas tais como enxofre, trifloxistrobina, ciflufenamida, miclobutanil, entre outras.
10. Mancha negra das folhas
Em locais frescos e com humidade permanente, nas diversas variedades de roseiras, o fungo Marssonina rosae expressa-se com vigor na primavera e no outono. As folhas apresentam, na página superior e por vezes também na inferior, manchas geralmente arredondadas, negras violáceas, podendo em casos severos ocupar todo o limbo.
As folhas infetadas secam e caem prematuramente, prejudicando assim a condição sanitária das plantas, pois, por vezes, surge uma segunda rebentação o que debilita a planta e, por consequência, a floração. Em plantas com ataques severos, recomenda-se uma poda mais intensa, com a consequente recolha e queima das partes vegetais infetadas.
11. Ferrugem das roseiras
Doença com alguma gravidade, especialmente em climas húmidos, ao contrário de situações mais estivais em que o seu desenvolvimento cessa. O fungo Phragmidium produz manchas amareladas na página superior das folhas, sendo que na página inferior lhes correspondem manchas mais claras e com pústulas. Destas solta-se um pó amarelo a alaranjado.
No verão e/ou no outono, surgem pústulas amarelas-avermelhadas, assim como outras acinzentadas, também libertando esporos. Nos lançamentos e na base das flores, também se observam pústulas semelhantes. É fundamental, na primavera, proceder ao corte e queima de tecidos vegetais afetados.
Caso não seja possível ou suficiente, poder-se-à recorrer a tratamentos com fitofármacos à base de mancozebe, de miclobutanil ou de enxofre molhável. Estes devem ser iniciados ainda com o botão floral fechado.
12. Ataques de lagartas, pulgões, formigas e cochonilhas
O aumento da temperaturas gera um desequilíbrio que afeta diretamente a saúde das variedades botânicas que enchem os jardins de verde e de cor. Com a subida dos termómetros, os insetos reproduzem-se mais rapidamente. Devido ao calor, as plantas ficam (ainda) mais vulneráveis, exigindo maiores cuidados. Para evitar a contaminação dos solos, muitos especialistas sugerem métodos naturais.
O café em pó, o cravo-da-índia, o alho fresco e a pimenta-do-reino são uma boa alternativa aos metidos químicos. Misture 50 gramas de um deles a 450 mililitros de água. Deixe macerar durante 24 horas. Use um filtro de papel ou uma peneira fina para coar e aplique este extrato caseiro sobre as zonas afetadas para combater os pulgões.
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