“Toda a literatura é uma Utopia”. É assim que a The Book Company – entidade responsável pela organização do Utopia – dá o mote para o desenvolvimento do evento. À semelhança da primeira edição, o Festival propõe uma programação diversificada, composta por workshops, gravação de podcasts, masterclasses, entrevistas a autores, instalações artísticas, concertos, passeios literários e lançamentos de livros, entre outos momentos que serão “desvendados” em breve.
A programação do Festival, distribuída por dez dias, de 15 a 24 de novembro, vai chegar a diferentes locais da cidade de Braga. Além de regressar a locais conhecidos dos visitantes do Utopia, como o Espaço Vita, o Theatro Circo, a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva ou a Galeria do Paço, esta edição do Festival estende-se, com o objetivo de fazer chegar o evento a mais públicos, a espaços como a Fnac de Braga ou a Associação Empresarial de Braga, entre outras novidades.
J.M.G. Le Clézio pela primeira vez em Portugal
É o primeiro autor laureado com o Prémio Nobel da Literatura a marcar presença no Utopia, sendo que será também a primeira vez que J.M.G. Le Clézio pisa território nacional, a 17 de novembro. Nascido em Nice, em 1940, o escritor e ensaísta tem um percurso de vida que o levou das Ilhas Maurícias à Nigéria, passando ainda pela Tailândia. Estas vivências multiculturais muito influenciaram o sentimento “nómada” característico da sua obra, que conta com cerca de quatro dezenas de títulos, dos quais se destacam, por exemplo, “A Febre” (1966), “Deserto” (1980) ou “Estrela Errante” (1992).
O seu romance de estreia “Le Procès-Verbal” (em português, “O Processo de Adão Pollo”), publicado quando tinha 23 anos, depois de se ter licenciado em Letras (Aix-en-Provence), valeu-lhe o prémio Renaudot, um dos muitos que recebeu ao longo de uma carreira de quatro décadas que viria a culminar na atribuição do Nobel da Literatura, em 2008.
“A Música da Fome”, publicado pela Gallimard, foi o último título lançado pelo autor, em outubro de 2008, poucos dias antes da atribuição do Prémio Nobel. O escritor inspira-se na sua mãe para a personagem principal – Ethel Brun – de uma narrativa que se desenrola em torno “das origens perdidas, durante uma época que culminou com um apocalipse anunciado”. Filha de pais exilados, Ethel acaba por ver os sonhos de uma infância destroçados, quando o nome de Hitler precipitou “a ruína, a guerra e a fome” na família Brun.
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