A Fundação Calouste Gulbenkian mergulha nas profundezas do mar, numa exposição assinada por Hugo Canoilas. Convidado pelo Centro de Arte Moderna, Canoilas apresenta “Moldada na Escuridão”, um projeto para a Galeria de Exposições Temporárias do museu.

A nova instalação, disponível até 30 de maio, propõe uma experiência sensorial e imersiva, focada na vida no fundo do oceano. Eis o resultado de uma investigação iniciada pelo artista em 2020, com o intuito de desmistificar um território tão omnipresente quanto desconhecido.

Em “Moldada na Escuridão”, o corpo entra em pleno no espaço da exposição, à medida que o escuro da galeria replica os fundos do mar. O assombro e o medo do desconhecido invadem o público, obrigado a apurar os sentidos além-visão. Diferentes ecossistemas convergem com diferentes formas de fazer arte, gerando um mundo entre mundos.

Encontrar a arte no acaso

Objeto, coisa ou criatura? Natural ou trabalhado pelo Homem? São questões que assaltam o espetador enquanto este se aventura no mar infinito. Em cada escultura e pintura, as falhas são aceites como parte da arte, mimicando os próprios processos de criação da natureza. Vários elementos são deixados ao acaso, fator que possibilita o encontro da arte no inesperado.

O título da exposição remete para o texto “The Grey Beginnings”, integrado na obra “The Sea Around Us” (1950) de Rachel Carson. Carson transforma o mar em poética, elevando-o ao estatuto de pai da vida na Terra. Estas palavras estimularam o fascínio pelo oceano em Hugo Canoilas, anteriormente responsável por uma mostra de peças alusivas a medusas na Fundação Serralves.

“Moldada na Escuridão” pode ser vista todos os dias da semana no Museu Calouste Gulbenkian, encerrando às terças. A entrada é gratuita, mediante o levantamento do bilhete.