As Doenças Respiratórias Crónicas (DRC) são uma das principais causas de mortalidade e morbilidade a nível mundial. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é já a terceira causa de morte, afeta mais de 384 milhões de pessoas em todo o mundo e é responsável por um impacto económico e social substancial e crescente.

A Reabilitação Respiratória (RR) é uma intervenção custo-efetiva fundamental na gestão da DRC e deve ser considerada para todas as pessoas com sintomas persistentes, diminuição da atividade funcional e que são incapazes de gerir a doença, mesmo que tenham a sua terapêutica farmacológica otimizada.

No entanto, a RR está acessível apenas a uma parcela muito pequena de pessoas com DRC. Estimativas internacionais e nacionais referem que somente 1 a 2% das pessoas, que poderiam beneficiar, têm acesso a esta intervenção essencial, contrastando com outras terapias como broncodilatadores e oxigenoterapia, em particular, que estão amplamente disponíveis.

Existe forte evidência científica relativa aos benefícios da RR em pessoas com DRC (DPOC, fibrose quística, bronquiectasias, asma, transplante do pulmão), na melhoria dos sintomas, tolerância ao exercício, e qualidade de vida, sendo esta magnitude do benefício duas a três vezes maior do que qualquer outra terapia. Assim, aumentar o acesso a esta intervenção é uma prioridade nacional e internacional, e a RR comunitária parece ser uma resposta importante a ser desenvolvida. No entanto, desconhece-se como priorizar o acesso a esta intervenção.

Adicionalmente, os benefícios da RR tendem a declinar ao longo do tempo se as pessoas com DRC não se mantiverem fisicamente ativas. Assim, a mudança de comportamento e a adoção de um estilo de vida saudável é fundamental para a otimização e manutenção dos resultados obtidos na RR. Sabe-se que uma das barreiras para a atividade física regular é a falta de motivação.

Ao desenvolver-se estratégias comunitárias cria-se a oportunidade para estas pessoas se exercitarem num ambiente descontraído em torno de uma população saudável, facilitando a sua inclusão na comunidade, mas também a sua autoeficácia e confiança para se exercitarem de forma independente. No entanto, é necessário ampliar o conhecimento acerca das estratégias comunitárias que devem ser criadas e como é que estas devem ser implementadas.

Uma das barreiras referidas pelas pessoas com DRC para a falta de adesão a estratégias para manutenção de resultados é a distância e a falta de transportes para participarem nos programas de RR. Portanto, programas de manutenção na comunidade são essenciais para facilitar o acesso a pessoas de áreas mais remotas, potenciando a adesão e a manutenção dos resultados.

É fundamental um sistema de saúde coordenado e comunicação entre instituições que incluam a gestão do processo terapêutico da pessoa com DRC, apoio e suporte a estas pessoas, de forma a garantir-se a implementação e continuidade destas estratégias.

Um artigo de Cláudia Dias, Fisioterapeuta da Linde Saúde.