A pandemia levou muitos turistas a rever a forma como viaja. Numa altura em que as preocupações ambientais assumem maior relevo um pouco por todo o mundo, é também maior o número de pessoas que começa a olhar para o mapa com outra abordagem, privilegiando locais menos massificados, que se distinguem pelas (boas) práticas que têm vindo a implementar. O popular motor de busca de voos, hotéis e aluguer de automóveis escocês Skyscanner elegeu cinco destinos sustentáveis a ter debaixo de olho nos próximos anos. E há um representante português na lista.

1. Palau

Situado no oceano Pacífico, na Micronésia, o arquipélago de Palau é constituído por 340 ilhas, muitas delas conhecidas pelas suas praias paradisíacas rodeadas por um verde luxuriante que ostentam. Razões mais do que suficientes para que as autoridades locais as queiram preservar a todo o custo. Por este motivo, em 2015, tornou-se o primeiro país do mundo a pedir aos turistas que assinassem um compromisso ecológico à chegada. Mas as medidas ambientais não se ficaram por aí.

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O plástico descartável é proibido, tal como acontece com a esferovite e os protetores solares tóxicos para os corais. Além disso, 80% do seu território aquático é considerado santuário marinho, pelo que não pode ser usado para a pesca comercial ou exploração petrolífera. A meta é tornar-se o primeiro Destino Turístico Neutro de Carbono do mundo e, nos últimos anos, as autoridades da região têm vindo a trabalhar com a Sustainable Travel International, uma organização dedicada a proteger destinos e preservar os ambientes naturais. A parceria com a Slow Food, um movimento que defende as tradições e culturas alimentares locais, é outra das ações.

Os passos dados nessa direção passam por neutralizar a pegada de carbono do turismo, melhorar os meios de subsistência dos produtores locais, aumentar a segurança alimentar local, incentivar a participação das mulheres no turismo, conservar os ecossistemas costeiros que neutralizam o carbono, reduzir o desperdício de alimentos e construir uma economia circular. Os visitantes podem ainda fazer uma contribuição para compensar a pegada de carbono deixada pela viagem.

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Esses fundos são, depois, usados na conservação marinha, restauração de habitats e produção local de alimentos. Palau é o destino ideal para quem gosta de praia, natureza e atividades de aventura. O mergulho é uma delas e um dos melhores locais para o fazer é o Blue Corner. Imperdível também é o passeio de caiaque pelas ilhas Rock, que abrigam uma das maiores concentrações de coral e vida marinha do mundo. A cascata Ngardmau e as formações rochosas de Capo d'Orso são outras atrações.

2. Ruanda

Apesar do passado conturbado, este verdejante país africano tem como motor económico o turismo sustentável de forma a preservar o seu magnífico ambiente natural. Sabia que no Ruanda os sacos de plástico foram proibidos em 2008 e que os ex-caçadores furtivos são agora guias turísticos e defendem a conservação das espécies que antes matavam? Estes são apenas dois bons exemplos das políticas ambientais ruandesas, que também estão ligadas a iniciativas de base comunitária.

Nos últimos anos, as autoridades têm investido na população local através de programas de formação em áreas como a jardinagem, agricultura, artesanato e turismo. O Parque Nacional dos Vulcões é a casa dos gorilas. Estes animais são uma das imagens de marca do país, sobretudo, devido ao trabalho de Dian Fossey, a primatologista e conservadorista norte-americana, assassinada em 1985, que esteve na origem do filme "Gorilas na bruma", com Sigourney Weaver, lançado em 1988.

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Este parque, uma das principais atrações do país, limita a entrada de turistas. Os visitantes têm de respeitar uma série de medidas para não provocarem stresse aos animais. Cerca de 10% da receita do turismo é investida anualmente em projetos de desenvolvimento comunitário sustentável junto de áreas protegidas de vida selvagem, incentivando as comunidades a participarem na conservação dos animais e do habitat. Além disso, os alojamentos turísticos devem todos ter uma base ecológica.

O trekking para ver as 12 famílias de gorilas no Parque Nacional dos Vulcões, localizado nas imediações do monte Virunga, é uma das atividades obrigatórias. Vale a pena visitar (e navegar) o enigmático Kivu, lago que faz fronteira com a República Democrática do Congo. O Parque Nacional Akagera, onde é possível ver leões e rinocerontes, entre outros animais, ao vivo, é outra das passagens obrigatórias, tal como o Parque Gishwati Mukura, habitat de espécies endémicas de macacos, pássaros e árvores.

3. Costa Rica

A conservação da natureza e as práticas sustentáveis são recorrentes na Costa Rica há já várias décadas. Afinal, não é por acaso que este país da América Central abriga cerca de 6,5% da biodiversidade do mundo. Mais de 30% do seu território é composto por parques naturais e áreas protegidas. Foi em 1997 que o Instituto Costarriquenho do Turismo começou a certificar as empresas que se destacavam pelas práticas ambientais naquele que foi o primeiro programa do género no planeta.

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Foi também aqui que foi fundada a primeira companhia aérea neutra em carbono, a NatureAir, em 2004, que compensa totalmente as emissões de carbono das viagens, apoiando projetos que impedem a deflorestação na Costa Rica. Atualmente, 90% da eletricidade do país vem de energias renováveis e as autoridades locais estão a trabalhar para não ter emissões de dióxido de carbono até 2050. Um dos exemplos do turismo sustentável é a preservação das espécies de tartarugas que nidificam na costa da aldeia de Parismina, na costa leste, que envolve a população local. Já o Lapa Rios Ecolodge foi o primeiro alojamento do país a ganhar a cobiçada classificação 5 Leaf para Turismo Sustentável.

Esta unidade hoteleira fica numa reserva natural privada de 930 hectares localizada no extremo sul da península de Osa, naquela que é a última floresta tropical densa de planície da América Central. Detentora de uma natureza exuberante com uma biodiversidade é ímpar, a Costa Rica é o local ideal para fazer caminhadas e observar aves nos seus vários parques nacionais. O de Manuel Antonio, o de Barbilla e o de Santa Rosa são alguns dos que mais encantam os que já os visitaram.

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Relaxar nas praias tropicais é outra das atividades que mais agradam aos turistas e, também aqui, a escolha é grande. A de Conchal, a de Espadilla, a da Punta Uva, a Hermosa e a de Cocolito são algumas das mais surpreendentes. Visitar vulcões é outra das possibilidades. Para além do de Poás, o de Arenal e o de Irazú cativam os que se atrevem. Fazer rafting ou caiaque em rios como o Pacuare e observar baleias em Puntarenas e Punta Uva também devem estar na lista.

4. Açores

Em 2020, os Açores foram considerados o melhor destino de natureza pela Green Destinations e, em 2019, já se tinham tornado o primeiro arquipélago a receber a certificação Earthcheck Silver, uma distinção que a tornou a primeira região portuguesa a ser certificada como destino turístico sustentável. As incríveis paisagens naturais de origem vulcânica esculpidas pela natureza foram apontadas como património paisagístico a preservar pela sua imparidade, tal como as aldeias pitorescas.

Mas, nos Açores, destacam-se ainda políticas ambientais inovadoras, como é o caso da captação de água da chuva e do uso de energias renováveis, como a geotérmica, a solar, a eólica e a hidroelétrica. O objetivo é que, já em 2030, as energias renováveis representem 80% do total usado. A limitação do número de visitantes em alguns dos pontos mais visitados das ilhas, como as termas da Caldeira Velha, em São Miguel, é outra das práticas que têm sido levadas a cabo para preservar as ilhas.

5 destinos sustentáveis a considerar numa próxima viagem. Um deles é português

Os Açores estão nas bocas do mundo, mas o turismo de massas não poderá ser o seu futuro, defendem as autoridades locais. Viajar para qualquer uma das nove ilhas açorianas é mergulhar na natureza e encontrar em cada uma delas paisagens magníficas. Em São Jorge, todos os caminhos vão dar às fajãs, pequenas planícies à beira-mar originadas pelo desabamento de terras ou de lava. Nas Flores, não faltam quedas de água. No Pico, é possível subir ao ponto mais alto de Portugal.

5. Helsínquia

A capital finlandesa, habitualmente de fora das primeiras opções dos turistas portugueses, tem como ambição tornar-se neutra em emissões carbono até 2035 e reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 60% até 2030. Assim, não é de estranhar que os pontos de recarga para automóveis elétricos estejam a crescer, que se aposte nos transportes públicos e se facilite a mobilidade de peões e ciclistas. Já são, ao todo, quase 1.200 quilómetros de ciclovias na cidade escandinava.

Há ainda um forte debate para a diminuição do consumo, o que faz com que marcas de moda sustentáveis e de lojas em segunda mão estejam a ganhar expressão, bem como a economia de partilha. O número de hotéis com políticas sustentáveis e de restaurantes veganos e vegetarianos também tem vindo a crescer. A cidade está também a apostar em experiências turísticas que tenham uma pegada de carbono reduzida e o programa Think Sustainably ajuda os visitantes a identificá-las.

5 destinos sustentáveis a considerar numa próxima viagem. Um deles é português

Alugue uma bicicleta e conheça Helsínquia a pedalar. Aproveite para passear no parque urbano do centro da cidade, visitar o Old Market Hall e ficar a conhecer melhor a alimentação local. A uma curta distância de barco, existem algumas ilhas que também são um exemplo da conservação do ambiente, como é o caso da Suomenlinna. Se gostar de um bom brunch, vá ao Tanner. Se quiser provar vinhos orgânicos, dirija-se ao Vin-Vin. Um bom exemplo de uma loja com roupa em segunda mão é a Recci.