A autorização para a reconversão veio diretamente de Roma. Foi dada pelo papa Paulo III em 1535. Fundado por um casal de nobres que não tinham descendência, D. Pedro da Cunha Coutinho e D. Beatriz de Vilhena, no paço onde residiam no antigo lugar de Monchique, na zona ribeirinha do Porto, o convento da Madre Deus de Monchique foi, entre 1538 e 1834, um espaço de reclusão e de oração feminino pertencente à Ordem dos Frades Menores e à Província de Portugal da Observância.
Com a extinção das ordens religiosas, o edifício teve outras vidas. Foi depósito de arsenal militar, fábrica de moedas, armazém de ferramentas, depósito de reservas de pólvora e repartição das obras da Alfândega do Porto, hoje um dos melhores centros de congressos europeus, localizado a uma centena de metros. Em 2012, parte do convento e das construções anexas foram adquiridas pelo grupo hoteleiro NEYA, ganhando uma nova vida com a abertura do novo NEYA Porto Hotel, a 3 de agosto de 2020.
Localizado nos números 35 a 41 da rua de Monchique, representa um investimento de 18 milhões de euros e foi inaugurado apenas em 2022. Para além de 124 habitações, incluindo 65 quartos e suites com vista de rio, 22 com vista para o antigo claustro do convento e 34 com vista para o espaço ajardinado que foi recuperado, integra também o restaurante Viva Porto, o sky bar e lounge Último, um spa, um business center, um kids club e três salas de eventos, como pode ver na galeria de imagens que se segue.
O spa, que ocupa três andares, funciona num antigo espaço do convento onde Teresa de Albuquerque, a heroína feminina do romance "Amor de perdição", publicado pelo escritor Camilo Castelo Branco em 1862, se despediu do seu amado, Simão Botelho, obrigado a embarcar num navio a caminho do degredo. Um arco que se crê ser manuelino decora uma das portas do antigo edifício religioso, que tem prevista a construção de uma piscina interior num dos espaços ainda disponíveis nos próximos anos.
Pormenores que fazem (toda) a diferença
A preocupação com a sustentabilidade ambiental, uma das bandeiras do grupo hoteleiro NEYA, está presente em todos os detalhes, ainda que muitos deles sejam impercetíveis para a maioria dos hóspedes. Para além de painéis solares para aquecimento de água, há redutores de caudal em todas as torneiras e janelas que reduzem as emissões de carbono. Os cartões de abertura das portas, inicialmente de plástico, foram substituídos entretanto por chaves eletrónicas (mais) ecológicas, fabricadas em madeira.
A estratégia ambiental que tem sido adotada tem sido reconhecida, nacionalmente e internacionalmente. O NEYA Porto Hotel foi a primeira unidade hoteleira do país a conquistar a certificação LEED Gold, uma das categorias da iniciativa Leadership in Energy and Environmental Design, atribuída apenas a edifícios que privilegiam métodos de construção/recuperação e gestão de energia mais sustentáveis e ecoeficientes. A carta que o atesta, exposta na receção do hotel, chegou de Washington, nos Estados Unidos da América, na primeira semana de março de 2022. Está, no entanto, longe de ser o único documento emoldurado à vista de toda a gente.
Também há o certificado que atesta o NEYA Porto Hotel monitorizou e compensou as emissões de gases com efeito de estufa resultantes da sua atividade com a participação em projetos florestais nacionais, o selo de sustentabilidade ambiental atribuído pela Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) logo no ano de abertura e a placa do Green Key 2021, o galardão internacional com que a Foundation for Environmental Education (FEE) presenteia entidades com práticas ecológicas.
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