Numa primeira fase, foi tolerando algumas das decisões tomadas pelos últimos diretores da estação, mas, ao fim de algum tempo, cansou-se. "A minha saída resulta de um somatório de desvalorizações e de desconsiderações", assume Fátima Lopes, que surpreendeu o país ao anunciar, há quatro meses, no início de janeiro, o abandono da TVI, após 11 anos de colaboração com o canal. "O programa da tarde que fazia funcionava como uma espécie de pastilha elástica", desabafa a apresentadora de televisão.

"Esticava e encolhia conforme dava jeito", critica. "Isto mata um formato, a confiança do público e, consequentemente, a da apresentadora. Por mais que me manifestasse contra este tipo de alterações, elas aconteceram. Acabei por ser penalizada e manifestei-me mas nunca fui ouvida. E isso entristeceu-me", confidencia a também oradora motivacional e escritora, que lançou, na passada terça-feira, um novo livro, o romance "Encontrei o amor onde menos esperava". O corte de 30% no ordenado foi outro golpe.

Lourenço Ortigão abandona TVI. "Não é aposta da Cristina Ferreira"
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"Senti-me desapontada, naturalmente", admite em entrevista à edição desta semana da revista TV Guia, hoje nas bancas. A contratação de Cláudio Ramos, de Maria Botelho Moniz e de Mafalda de Castro e o regresso ao canal de Ruben Rua e de Cristina Ferreira também teve um impacto direto na sua continuidade na TVI. "Não vou falar em nomes. Foram múltiplas contratações. E, se nunca me chamaram [para nenhum dos novos projetos], é porque acharam que eu já não era importante. Leio muito bem os comportamentos das pessoas", garante a ex-apresentadora de "A tarde é sua" em declarações à publicação.

"Não fico onde não sou bem tratada", desabafa. "Disse-lhes tudo. Não levo desaforos para casa", confidencia ainda Fátima Lopes. "Fiquei desiludida", revela. O regresso ao canal onde iniciou a carreira televisiva tem sido dado como certo mas a também consultora de comunicação é cautelosa. "Não faço a mínima ideia se algum dia assinarei pela SIC ou por outra estação", refere. "Gostava de regressar à televisão quando fizer sentido. Tem de fazer sentido. O convite, as pessoas, o projeto... Tudo", refere, contudo.