Desde os tempos de adolescência que sempre tive uma relação de ódio com a corrida. Sempre que tinha de fazer o aquecimento nas aulas de Educação Física, que consistia em dar várias voltas a correr ao campo de futebol, terminava com a mesma sensação: coração no máximo, sem fôlego e com um grande desconforto no peito. O facto de nunca ter aprendido a controlar a respiração corretamente desenvolveu esta aversão à corrida que se prolongou durante a minha vida adulta.

Quando, em 2022, comecei a praticar musculação e a incorporar uma sessão de cardio no fim de cada treino, sempre que me propunham incorporar uma corrida de 20 minutos em vez da elíptica, bicicleta ou passadeira, só havia duas respostas possíveis: ‘Não gosto de correr’ ou ‘Não consigo correr’. Apesar da antipatia por esta modalidade, no fundo, sempre invejei quem conseguiu fazer disso um estilo de vida.

O gosto que adquiri pela atividade física fez-me pensar se, algum dia, seria possível aprender a gostar de algo que sempre odiei. A primeira vez que tentei correr foi no verão de 2023 onde, durante uma viagem de trabalho e por não ter acesso a um ginásio, acabei por me juntar a um pequeno grupo de runners. Apesar de não ter confiança nenhuma de que iria conseguir terminar o percurso, enchi-me de coragem e fui. Veredicto: consegui, pela primeira vez em 35 anos, correr 40 minutos sem parar. Ainda que num ritmo bastante lento, nesse trajeto tentei focar-me nos dois conselhos que me deram: não parar e concentrar-me na respiração. Ainda que com algum desconforto cardíaco, consegui fazer algo que nunca pensei possível. Essa foi uma vitória pessoal tão que grande que, no dia seguinte e sem companhia, voltei a repetir o mesmo trilho. Apesar de ainda me estar a habituar a controlar a respiração, a segunda ronda tornou-se menos sofredora.

Desde então que, ocasionalmente, fui fazendo algumas corridas ao ar livre. Nos últimos meses, com cada vez mais pessoas à minha volta a apaixonarem-se pelo mundo do running e a transformarem as suas vidas, decidi dar uma nova oportunidade a esta modalidade e começar a dedicar-me mais a sério a este universo. Apesar de não dominar o vocabulário dos runners nem saber, ao certo, qual o meu tipo de marcha, pronação e nível de ajuste e amortecimento mais adequados para mim, o SAPO Lifestyle resolveu pôr os novos adidas Adizero EVO SL à prova através de uma caminhada e de uma corrida.

Características

Materiais: Topo em têxtil e material sintético e forro em têxtil

Amortecimento: Lightstrike Pro

Aplique no antepé: Borracha Continental (Conti Winter) no modelo feminino

Aplique na sola: Borracha CL (Borracha Transparente) no modelo masculino

Declive da entressola: 6 mm (calcanhar 36 mm / biqueira 30 mm) no modelo feminino e 6 mm (calcanhar: 39 mm / Biqueira: 33 mm) no modelo masculino

Peso médio: 188 g +/- 9 g (tamanho 38 2/3) no modelo feminino e  224 +/- 9 g (tamanho 42 2/3) no modelo masculino

Tamanhos: Do 36 ao 45 e meio para mulher e do 39 e meio ao 53 e meio para homem

Cores: Disponível em sete cores para mulher (Cloud White / Core Black / Cloud White; Core Black / Iron Metallic / Core Black; Carbon / Lucid Red / Solar Slime; Crystal Jade / Zero Metalic / Linen Green; Wonder White / Cyber Metallic / Warm Vanilla; Glow Blue / Silver Metallic / Cloud White e Cloud White / Blue Fusion / Off White) e nove cores para homem (Cloud White / Core Black / Cloud White; Core Black / Cloud White / Core Black; Carbon / Lucid Red / Solar Slime; Lucid Lemon / Core Black / Matte Silver; Lucid Blue / Silver Metallic / Lucid Lemon; Silver Metallic / Iron Metallic / Halo Silver; Cloud White / Pure Teal / Grey Four; Lucid Red / Core Black / Lucid Red e Cloud White / Royal Blue / Pure Ruby)

PVP: 150€

adidas adizero Evo SL
adidas adizero Evo SL créditos: adidas divulgação

Vantagens

Para quem nunca tinha experimentado nenhum calçado de running, quando tive oportunidade de experimentar os adizero Evo SL o que me chamou mais à atenção foi a sua leveza. Tendo em que conta que, até ao momento, tinha usado ténis de treino ou de lifestyle para este efeito, a diferença é abismal.

Durante o teste, a entressola Lightstrike Pro revelou um amortecimento extraleve e uma sensação de conforto percetível a cada passada, quase como se estivéssemos a andar nas nuvens. Este modelo mostrou-se suficientemente leve para ser facilmente transportado, sem representar um incómodo fora do contexto de corrida

Por ter o peito do pé alto e tendência para a formação de joanetes, estava na dúvida de como é que este modelo iria assentar e funcionar em termos de ajuste. Na primeira utilização, os adizero Evo SL adaptaram-se com bastante facilidade ao formato do meu pé e, graças ao sistema de atacadores, foi possível regular a pressão e sensação de aperto de forma personalizada.

A leveza, suavidade, conforto e maleabilidade do material utilizado na confeção deste modelo fez com que conseguisse concluir ambos os treinos sem qualquer tipo de desconforto ou dor nos pés. Ainda que seja habitual a criação de pequenas feridas ou bolhas nas primeiras utilizações de calçado a estrear, isso não se verificou com este modelo de running.

O seu design de plataforma, que ia do calcanhar à ponta do pé, era uma das minhas principais preocupações fazendo-me duvidar da sua estabilidade especialmente em contexto de corrida. ‘Será que vou cair?’ foi dos primeiros pensamentos que me veio à cabeça. Na corrida que fiz ao ar livre fiz questão de passar por diferentes tipo de superfícies. Seja em pavimento alcatroado, gravilha ou caminhos pedonais de madeira, a verdade é que, apesar de a sola exterior ser mais alta do que os ténis que estava habituada a usar, em nenhum momento senti fraca sustentação, sensação de desemparo ou insegurança.

Ainda que sejam uns ténis de running, esta evolução da família Adizero tem a vantagem de também poder ser usada num contexto mais descontraído do dia-a-dia, sem nunca abdicar do conforto.  O seu design apelativo e grande variedade de cores também é outro ponto a favor deste modelo, conseguindo adaptar-se a diferentes estilos e gostos.

Desvantagens

Apesar de ser confortável e flexível, é importante notar que a leveza e amortecimento deste modelo podem causar uma ligeira sensação de estranheza inicial durante a primeira utilização, especialmente em runners que não estão familiarizados com este tipo de calcado.

Não tendo qualquer tipo de comparação com outros ténis deste segmento e não ter um conhecimento aprofundado sobre o tema, como o meu tipo de pronação e estilo de corrida, não consigo dizer se existem outras opções de calçado mais adequadas às minhas necessidades específicas.

O facto de não ter realizado um período de teste mais prolongado no tempo, faz que com que não seja possível dizer como é que este modelo se vai comportar em termos de desgaste, noutros tipo de terrenos ou superfícies (como ginásio ou trail) ou sob condições meteorológicas adversas (como piso molhado ou à chuva).

Um dos erros que a minha inexperiência me levou a cometer, foi escolher o número de calçado habitual. Como acabei por perceber durante a primeira utilização, o tamanho importa e muito. Assim que calcei o número 36 dos Adizero EVO SL e comecei a caminhada senti um ligeiro desconforto junto à ponta dos dedos, algo que, curiosamente, não se verificou durante o teste de corrida.

O ideal é escolher sempre meio tamanho acima do habitual para que os dedos dos pés possam ter algum espaço do ponta do sapato e conseguir movimentar-se livremente durante a prática desportiva. Isso vai evitar que não exista qualquer incómodo durante o treino, especialmente nos dedos, unhas e calcanhares que são áreas bastante sensíveis.

Considerações finais

De uma forma geral, os adidas Adizero Evo SL revelam ser uma boa opção para quem está à procura dos seus primeiros ténis de corrida. Ao conseguirem aliar conforto, leveza e design, fazem deles um modelo apelativo para iniciantes, sendo que, para além disso, são uma solução versátil para quem está a começar no mundo das corridas e precisa de investir num tipo de calçado de qualidade. Ainda que não esteja entre os modelos mais baratos dentro deste segmento, os Adizero Evo SL destacam-se por transitarem facilmente para outros ambientes do dia a dia, sendo ideais para quem gosta de maximizar ao máximo as suas compras.

"Em teste" é uma rubrica ocasional do SAPO Lifestyle, em que testamos equipamentos e produtos. A opinião demonstrada no artigo é da responsabilidade do autor, não tendo qualquer influência da marca.